André Jardine é a nova “vítima” do ciclo vicioso dos jovens treinadores

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UOL

André Rocha

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Acontece com frequência: jovem treinador impressiona na base, como auxiliar ou vindo de um clube de menor expressão por seu conteúdo atual e capacidade de montar uma equipe dinâmica, móvel, ágil, normalmente dominante pela posse de bola. Conceitos modernos, ideias interessantes.

Mas chega ou é promovido no grande clube e se depara com a dura realidade do futebol brasileiro: necessidade de resultados imediatos, pouco tempo para treinar e aumento exponencial de visibilidade e cobranças. A solução? Contar com a cumplicidade dos atletas, especialmente os mais experientes. Trazer os ”senadores” do vestiário para perto.

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Só que para contar com essa união é preciso escalá-los. E no São Paulo reunir Nenê, Hernanes e Jucilei, além de Diego Souza que entra em quase todas as partidas, significa colocar em campo uma equipe lenta e sem profundidade. Ou seja, os conceitos que levaram André Jardine ao time profissional do tricolor do Morumbi e a valorização dos jovens formados no clube deixam de ser prioridade. A gestão de grupo passa a ser o mais importante.

Mas diferente do que se viu em outros casos, os veteranos – exceto Hernanes, que chegou agora – apenas eventualmente entregaram respostas no campo. Nem o começo empolgante aconteceu.

Em Córdoba, depois da chance desperdiçada no primeiro tempo com Bruno Alves e o chutaço de Hudson que o goleiro Ramírez salvou, o São Paulo afrouxou a marcação à frente da própria área e viu o Talleres abrir o placar com Juan Ramírez.

A insegurança e o peso das cobranças sobre um gigante sem conquistas desde 2012 foram desintegrando uma equipe frágil e sem intensidade. A expulsão de Hudson foi a pá de cal antes da tabela na frente da área que Jucilei não chegou e Pochettino fechou os 2 a 0.

Para a ”remontada”, o São Paulo terá que subverter a trajetória recente. Com fibra, mas também estratégia. É final para clube e treinador. Difícil imaginar a permanência em  caso de eliminação precoce na Libertadores.

Só que parece tarde para colocar ideias em prática e a gestão de vestiário com solidariedade dos veteranos tem sido insuficiente. A missão no Morumbi é possível, mas bastante complexa.

Se falhar, André Jardine será mais uma ”vítima” do ciclo vicioso que vem minando as forças dos jovens técnicos no futebol brasileiro. Um triste cenário que emperra a renovação e empurra a maioria dos grandes clubes para velhas soluções.