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André Hernan e Marcelo Hazan
Pressionado, técnico terá de mobilizar elenco e melhorar futebol para tentar sobrevida. Raí garantiu continuidade, e demissão antes do segundo duelo é descartada nos bastidores .
A eventual eliminação do São Paulo na segunda fase da Copa Libertadores para o Talleres pode derrubar André Jardine do cargo de técnico. A derrota por 2 a 0 na Argentina e o rendimento do time no início de 2019 pressionam o treinador.
Para tentar buscar uma sobrevida no São Paulo, em caso de queda na Libertadores, Jardine terá de fazer o time impor o jogo contra o Talleres, no Morumbi. Ou seja, num cenário hipotético no qual o Tricolor saia do torneio mas apresente um futebol convincente, há menos chance de demissão. Mas ainda assim a saída não estaria descartada.
Neste sábado, Jardine dirige o time contra a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, em Campinas, às 19h (de Brasília), pelo Paulistão. O técnico quer mostrar um rendimento diferente e deverá fazer mudanças. A formação contra a Macaca terá algumas pistas do que o treinador pretende fazer para pegar o Talleres. Ou seja, o jogo servirá para observar alguns atletas.
Nesse sentido, Jardine precisará provar que consegue mobilizar o elenco até a volta com o Talleres. O técnico acredita ter o grupo na mão para mudar a atitude e o desempenho apresentados. O objetivo obviamente será inverter o placar de 2 a 0 e seguir vivo na Libertadores, mas fazer o time jogar um futebol melhor é condição fundamental para a continuidade do treinador no São Paulo.
Na última quarta-feira, o diretor executivo Raí garantiu publicamente a permanência de André Jardine. Nos bastidores, a versão do dirigente de que o técnico não será demitido antes do segundo duelo é reforçada. No departamento de futebol ele recebe respaldo. Na sexta, diretoria e líderes do elenco receberam representantes de torcidas organizadas para uma reunião no CT da Barra Funda.
Pressionado no São Paulo, técnico André Jardine precisa mobilizar time e melhorar desempenho — Foto: Marcos Ribolli
Existe, no entanto, uma avaliação interna de que André Jardine está abrindo mão das próprias convicções. Isso porque ele tem escalado um time com atletas mais experientes, mas que não consegue colocar em prática suas ideias de propor o jogo.
A falta de tempo é obstáculo para implantar esse modelo. O São Paulo foi reativo por oito meses com Diego Aguirre e tenta ser agressivo sob o comando de Jardine, no cargo desde a metade de novembro e com pouco mais de um mês de trabalho desde o início do ano.
A média de idade da equipe diante do Talleres, em Córdoba, foi de 29 anos. Nenhum atleta da base foi usado. Diego Souza na vaga de Nenê, e Willian Farias no lugar de Hernanes após a expulsão de Hudson, para tentar sem sucesso segurar o 1 a 0 no placar, foram as duas substituições na partida.
A estratégia da comissão técnica são-paulina foi escalar uma equipe mais “cascuda” para suportar a pressão rival. Deu certo no primeiro tempo, quando houve chances de gol do São Paulo, mas não na etapa final.
Diante disso, o técnico vai mudar a escalação do São Paulo para o jogo no Morumbi. A dupla Jucilei e Hudson, por exemplo, tem sido criticada, embora Hudson tenha se destacado positivamente diante do Talleres até antes da expulsão. Liziero, por sua vez, está fora com lesão no tornozelo direito, e Luan voltará da seleção sub-20.
André Jardine durante a derrota do São Paulo para o Talleres, na Argentina — Foto: DIEGO LIMA / AFP
Tricampeão da Copa Libertadores, o São Paulo tenta evitar a queda precoce. Na história da competição continental, Corinthians (contra o Tolima, em 2011) e Chapecoense (diante do Nacional do Uruguai, em 2018) foram os únicos times brasileiros eliminados no mata-mata antes da fase de grupos.
Cair neste momento seria um vexame, na visão do lateral Reinaldo. A eliminação do São Paulo representaria o fim do principal objetivo do clube em 2019, maior razão pela qual foram contratados sete jogadores, menos receitas, e uma crise dentro e fora de campo agravada pelo episódio do “AeroLeco” revelado pelo GloboEsporte.com.