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No segundo dia de trabalho como técnico interino do São Paulo, Vagner Mancini foi escalado para conceder entrevista coletiva no CT da Barra Funda. Foi uma chance de tentar esclarecer as promessas que fez no início do ano, de não treinar o Tricolor “em nenhuma hipótese” durante seu período como coordenador técnico.
“Na verdade, não houve mudança de ideia. Eu realmente afirmei que em hipótese alguma assumiria o São Paulo. E o fato de ter tido uma reunião e a razão de não poder dizer não para minha diretoria, junto com a viabilidade de trazer o Cuca. Estou fechado para o mercado, que isso fique bem claro. Assumo aqui para viabilizar a vinda do novo treinador, com quem já falei e me sinto muito à vontade”, disse.
O comando de Mancini como interino deve durar dois meses, ou enquanto o São Paulo disputar o Campeonato Paulista. A presença dele no posto foi um pedido de Cuca, anunciado ontem como novo técnico do Tricolor. Essa situação específica, além de longas reuniões com a diretoria, fizeram Mancini aceitar a tarefa.
“Estamos mantendo contato. Ontem à noite tive uma conversa longa com ele. Estando à frente do time vou ter a chance de mexer, escalar e dar sequência por minha cabeça, mas óbvio que quero manter contato e escutar. Até para ele já fazer parte do processo. Ele já faz parte do dia a dia e as conversas serão frequentes”, explicou.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Mancini:
Afastamento de André Jardine e perfil de Cuca
Jardine não chegou à toa no comando do clube. Tem uma história vitoriosa aqui e por isso ele foi mantido para seguir revelando e dando títulos na base. O Cuca tem uma identidade já com o clube, com uma passagem vitoriosa. E neste momento o São Paulo precisa de um técnico ofensivo e corajoso. Isso faz do Cuca o cara que a gente enxerga dentro desse perfil.
Conhece de perto jogadores do elenco
Nenê é um caso diferente, porque joguei com Nenê no Paulista. Eu com idade avançada e ele muito jovem. Tenho uma amizade de longa data com ele. Reinaldo foi meu atleta na Chapecoense e no Sport, Everton no Athletico, Willian no Vitória. O que isso me ajuda? Eles já sabem minha metodologia de treinamento e o que penso sobre futebol. E quando você assume o time, ter esses interlocutores no elenco torna mais fácil. Isso pode facilitar a adaptação, assim como eu já estar aqui. Mas o mais importante é todo mundo comprar a ideia. Temos que melhorar e fazer mais. Cada integrante do São Paulo tem que chegar mais motivado, superando obstáculos para render o esperado.
Conversas e amizade com Cuca
Temos coisas em comum, enxergamos o futebol de maneira semelhante. Ninguém copia ninguém. A essência de cada um tem que ser a parte principal de cada pessoa. A partir do momento que o Cuca tiver aqui ele com certeza vai alterar alguma coisa. Isso não quer dizer que nós não vamos nos escutar. Dirigir de longe é uma coisa difícil. Eu gostaria muito que ele estivesse aqui, mas acredito que isso não seja possível. O momento nos aproximou mais. Joguei muito contra o Cuca na época de atleta. Depois que viramos técnicos nós nos enfrentamos várias vezes. A amizade perdura ao longo dos anos. Ultimamente temos nos falado mais, e agora mais ainda. Fiquei muito feliz pelo pedido do Cuca. Ele mostrou muita confiança no meu trabalho. É um início de muita esperança, para que a gente possa reverter o quadro. Sabemos que não é bom.
Controlar elenco de veteranos sendo interino
Autoridade, comando e liderança vem da pessoa. Posso ser coordenador e ter esse comando. O fato de Nenê ser meu amigo, Reinaldo ter sido meu atleta, não credencia eles para serem titulares. O que vale é o que está jogando no momento. Eu sou justo no que faço, falo a verdade para o jogador. Se eu tiver que falar, vou falar. O atleta sabe disso. O mais correto é ser sincero com o cara. Se o cara não está bem, não tem que jogar. Futebol tem que ser dessa forma. Tem que jogar a equipe que puder render mais para o São Paulo.