São Paulo tem 33% de aproveitamento e sofre para achar “identidade” em 2019

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UOL

Bruno Grossi

O São Paulo pede tempo à torcida. Tempo para assimilar novas ideias e colocá-las em prática. Para trocar de “identidade”, como diz o técnico André Jardine. Mas nem o próprio Tricolor tem muitos dias para se encontrar antes de ver a temporada colocada em jogo na Copa Libertadores da América.

Até aqui, o São Paulo disputou seis partidas em 2019. Foram duas derrotas na Florida Cup, para Eintracht Frankfurt e Ajax, duas derrotas e duas vitórias no Campeonato Paulista. O aproveitamento geral é de apenas 33,3%. Um número que poderia ser amenizado pela performance. O problema é que o desempenho, tão perseguido por Jardine, também é discreto.

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As atuações contra Mirassol e Novorizontino, com o ataque eficiente e a defesa se impondo, deixaram torcedores esperançosos. Já os tropeços contra Santos e Guarani fizeram os tricolores minguar. No clássico, uma velha apatia deu as caras e a promessa de um jogo de igual para igual, bonito, não se cumpriu. O Peixe foi muito superior na bola, impondo uma proposta que o São Paulo julgava compartilhar.

Diante do Guarani, alguns elementos mostrados nas vitórias foram resgatados, como as viradas para abrir a defesa adversária e a entrada dos laterais pelo meio para atrair a marcação e tentar deixar os pontas no mano a mano. Só que esses elementos que compõem a nova identidade do São Paulo não foram bem praticados. Houve afobação, nervosismo e, consequentemente, erros demais.

O revés por 1 a 0 no Pacaembu marcou a volta de Hernanes, que passou por reequilíbrio muscular para aguentar o apertado calendário de 2019. A torcida se encheu de esperança com sua entrada no segundo tempo, lamentou grande defesa de Klever em chute do Profeta, mas se mostrou confusa ao vê-lo tentar explicar o momento do Tricolor.

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“Nós evoluímos hoje (quinta) no plano de jogo, conseguimos ter boa posse de bola, criar algumas coisas interessantes. Apesar de termos vencido os dois primeiros jogos, fazendo bastante gol, no plano de jogo deixamos um pouco a desejar. Vamos evoluindo, é normal, estamos em início de temporada. Em uma semana já foram quatro jogos, é muito rápido, não tem tempo de lamentar. Temos que ser bem conscientes, realistas. Ganhamos dois jogos, até sem apresentar algumas coisas que o Jardine nos pediu. O futebol é dinâmico e tenho certeza que podemos fazer um bom jogo na Argentina”, argumentou Hernanes.

Jardine é técnico do São Paulo desde novembro de 2018. No ano passado, era quase impossível implantar qualquer inovação com um elenco em frangalhos física e mentalmente após ser líder e terminar o Campeonato Brasileiro na quinta colocação. Comparada à briga contra o rebaixamento de 2017, um avanço. Mas ao olhar para 2019 já nascia a primeira preocupação.

Não entrar direto na fase de grupos da Libertadores exigiria um planejamento mais acelerado, dentro e fora de campo. Fora, a diretoria conseguiu contratar sete reforços antes da virada de ano. Teoricamente, deixou o elenco fechado. Ainda que tenha se frustrado com as negativas por Victor Ferraz e Willian Arão – e considerado que essas lacunas existentes não precisariam ser preenchidas.

Dentro de campo, embora dois dias de treino tenham sido perdidos pela viagem aos Estados Unidos, a avaliação era positiva. O período em Orlando ajudou a ambientar os reforços e deixou os jogadores interessados nas ideias de Jardine. Os momentos de equilíbrio contra adversários europeus serviram para melhorar os ânimos e as previsões internas.

Só que o São Paulo vive em um limbo infinito, que divide a necessidade de se preparar melhor com a de ganhar. Vide o drama que viveu Dorival Júnior por escalar um time C na estreia do Paulistão-18 e, na rodada seguinte, antecipar a volta de titulares para se garantir. Um cenário que existe graças aos créditos quase inexistentes pelo período de dez anos com apenas um título conquistado – e abundância de taças nos rivais.

Agora, Jardine tentou dar ritmo de jogo e entrosamento a uma base que pode ser titular. O técnico fala em “15 ou 16” atletas prontos para jogar. Mas para isso forçou com algumas peças em quatro jogos no intervalo de dez dias. Everton, de histórico de lesões, esteve em campo em todos os minutos disputados.

A tendência é que só seja dado um descanso às principais peças neste domingo, às 17h, quando o São Paulo enfrenta o São Bento. Uma partida que vale pouco, contra um adversário que tem se mostrado frágil e ainda não venceu no Paulistão. Se perder, aumenta a pressão. Se ganhar com uma equipe alternativa, quase nada será acrescentado a um modelo de jogo que dá breves saltos, mas ainda está escondido.

O foco estará na Libertadores, às 21h30 de quarta-feira, em Córdoba, contra o Talleres. Na Argentina, os créditos escassos serão mais uma vez desafiados. E Jardine e seus comandados estarão novamente encobertos pelo dilema entre encontrar uma nova identidade ou vencer a qualquer custo. 

2 COMENTÁRIOS

  1. É inevitável a comparação com o Santos, eles foram completamente desmantelados, o técnico chegou “ontem à noite” e já demonstrou um entrosamento que nós nem esboçamos. Fica a impressão de que estamos sem rumo, pior, insistindo nos mesmos erros, o lado direito de nosso time não existe, é completamente inoperante. Somando-se a isso, uma inércia inexplicável da diretoria. Fica cada vez mais difícil acreditar em um final feliz.