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Bruno Grossi
Se para ter uma vida saudável Cuca precisa aprender a controlar o estresse, no jogo de ontem ele passou com louvor por um grande teste. O técnico reestreou pelo São Paulo em uma semifinal de Campeonato Paulista, fora de casa, contra o Palmeiras, clube onde se tornou querido pela torcida, e com decisão de pênaltis pelo caminho. Tudo isso com muita concentração, serenidade e até um pouco de bom humor. Viralizou entre os torcedores são-paulinos uma imagem da comissão técnica durante as cobranças de penalidades. Tiago Volpi se preparava para bater quando Cuca clamava pelo gol do goleiro e soltava uma risada discreta. O problema é que Volpi parou em Fernando Prass e o treinador preciso retomar a seriedade, até explodir com a defesa do goleiro em chute de Zé Rafael.
Durante o tempo normal, Cuca não deixou de ser participativo, como sempre foi ao longo de sua carreira. A diferença é que soube ser elétrico e, de certa forma, pilhado sem transformar isso em estresse, em irritação. Eram gritos de incentivo, como durante a espera para saber se o gol de Deyverson seria mesmo anulado, mas também pedidos de calma e paciência, quase sempre para Antony e Liziero. O volante, aliás, protagonizou uma cena curiosa ao lado de Cuca, conhecido sempre pela alta competitividade, principalmente em clássicos. Em lance de bola ao chão, quando o São Paulo entendeu que não deveria devolver a bola e irritou os palmeirenses, o técnico logo chamou Liziero, que cobraria uma falta próximo ao banco de reservas tricolor e passou uma orientação.
Liziero, então, pergunta se é mesmo para devolver a bola e Cuca assente. O volante avisa Bruno Henrique que colocará o fair play em prática e manda a bola para a defesa do rival. Alguns jogadores do São Paulo não entenderam a atitude naquele momento, mas a devolução controlou os ânimos palmeirenses em campo e na torcida. Ficar com a bola era criar o risco de ver uma atmosfera mais hostil no fim do primeiro tempo.
Atenção com o visual do professor Durante o jogo, Cuca provou que conseguiu mudar hábitos, ser mais calmo. Mas o personagem marcante continua com suas peculiaridades. Quem não se lembra da camisa de Nossa Senhora, usada no título do Atlético-MG na Copa Libertadores da América de 2013. Ou da calça vinho, quando conquistou o Campeonato Brasileiro de 2016 pelo Palmeiras.
Assim, o visual do técnico passou a ser sempre uma atração. Em seu primeiro jogo à frente do São Paulo, não foi diferente. Afinal, enquanto toda comissão técnica trajava a nova linha azul da Adidas, lançada no mês passado, Cuca optou por vestir uma camisa pólo preta de viagem da linha de 2018. A calça e a bota escolhidas também eram pretas. Cuca não explicou para ninguém a razão para ter usado um uniforme antigo do Tricolor. Mas isso também não é novidade para ele. No próprio Palmeiras era comum vê-lo vestindo modelos anteriores de uniformes em dias de jogos. Seja por mania ou superstição, a estratégia foi repetida e o visual “pretinho básico” trouxe sorte ao São Paulo.