UOL
José Eduardo Martins
Quando Vagner Mancini foi anunciado em janeiro como coordenador de futebol do São Paulo, muita gente ficou desconfiada. Afinal, o ex-jogador nunca havia exercido um cargo diretivo e não tinha identificação com o clube. Por isso, parte da torcida o encarava como uma sombra para André Jardine e tinha outras ressalvas. Todas as dúvidas deram lugar aos elogios no Morumbi após ele assumir o time de maneira interina, enquanto Cuca aguardava liberação médica por causa de tratamento cardiológico.
No total, foram nove partidas à frente do Tricolor, com três vitórias, quatro empates e duas derrotas. Apesar de não ter obtido resultados tão expressivos, ele foi peça importante na retomada da equipe depois da eliminação precoce da Copa Libertadores e na classificação para a final do Campeonato Paulista.
Coincidentemente, Mancini se tornou técnico em um clássico com o Corinthians, adversário do São Paulo a partir deste domingo na final do estadual. Na ocasião, depois de perder por 2 a 1, ele detectou a autoestima baixa do elenco. Tal situação explica as conversas e o trabalho para recuperar o emocional dos atletas. Durante a sua gestão, assim como já havia feito em outros clubes, como no Santos de Neymar, Mancini apostou em jovens oriundos das categorias de base. Desta maneira, Luan, Antony e Igor Gomes ganharam mais oportunidades.
Vale destacar também que desde a primeira conversa com Cuca, ficou claro que os dois tinham o mesmo pensamento em relação ao que deveria ser mudado no perfil do time e de como jovens poderiam ser importantes para deixar o São Paulo mais veloz e aguerrido. Cuca, por sua vez, até mesmo para não tirar o respaldo do colega, evitava conversar todos os dias sobre o time com Mancini e não dava opiniões após as partidas de como a equipe deveria ser montada.
Outro ponto que chamou a atenção de maneira positiva na avaliação do Tricolor foi o bom relacionamento com jogadores, empresários e dirigentes, tanto do São Paulo quanto de equipes adversárias. Mancini provou que tem bom trânsito no mercado da bola e pode contribuir no futuro fora de campo. A forma como conduziu a passagem de bastão para Cuca também rendeu elogios. Em nenhum momento ele questionou o fato de ter assumido o time em crise e o entregue durante a semifinal do estadual.
Após o fim do Paulistão, ele terá mais liberdade para exercer exclusivamente a sua função. Como publicou o UOL Esporte, Mancini deverá deixar o banco de reservas nas partidas e dar lugar a Cuquinha a partir do Brasileirão. No dia a dia, também não precisará mais estar presente no campo em todos os treinamentos.