São Paulo vive paradoxo entre pior ataque da história e defesa em alta.

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UOL

Bruno Grossi

Rubens Chiri/São Paulo FC

O São Paulo vai completar, na próxima quarta-feira, um mês sem vencer. Essa má fase pode ser explicada pelo baixo rendimento do setor ofensivo, com só um gol nesse jejum de seis partidas. Mas o momento poderia ser pior se a defesa também estivesse em baixa. Apesar dos pesares, o Tricolor consegue ter a segunda melhor marca de gols sofridos do Campeonato Brasileiro, atrás apenas do líder Palmeiras, e mostra uma solidez que ajuda a evitar desastres ainda maiores para a equipe de Cuca.

É o próprio técnico, sedento pela contratação de um camisa 9, quem aponta esse paradoxo na campanha são-paulina. São apenas 27 gols marcados em 2019, o que resulta na pior marca da história do clube após 32 partidas disputadas em uma temporada, conforme levantou o historiador Alexandre Giesbrecht.

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O jogo de ontem contra o Avaí é o melhor retrato para esse dualismo. A partida terminou empatada por 0 a 0 na Ressacada porque o ataque foi pobre de ideias e fraco nas finalizações. E também porque a defesa foi extremamente segura para conter as investidas do lanterna do Brasileirão. Você domina o adversário com posse de bola, mas não consegue criar chances claras. Não temos sucesso na frente, falta confiança para finalizar. Ao mesmo tempo, estamos estabilizados atrás. Somos a segunda melhor defesa do campeonato”.

Alexandre Pato é vítima ou culpado? Nos últimos jogos, a função de centroavante tem sido quase sempre exercida por Alexandre Pato. A estrela do time já avisou algumas vezes que não se sente tão à vontade como referência do ataque, mas é o único do elenco neste momento que tem características minimamente próximas de um goleador. O problema é que isolado entre os zagueiros ele acaba perdendo a possibilidade de tabelar e entrar de frente na área.

O Pato está sendo cobrado como finalizador, porque é quem melhor finaliza no elenco. Mas a gente sabe muito bem que ele vai render mais quando tiver a figura para escorar, fazer a parede para ele. Não podemos culpar quem está tentando ajudar”.

Toró é solução ou apenas um bom reserva? Toró passa por um processo que tem sido comum no São Paulo nos últimos anos. Ao despontar na equipe principal com personalidade, queima etapas e se torna titular para ser solução, quando na verdade deveria preencher um espaço de coadjuvante no elenco. Foi assim com Helinho, outra cria da base, e com Marcinho, pinçado por Rogério Ceni há duas temporadas.

Jogadores que poderiam ser úteis compondo o elenco, mas que deram um passo maior do que o esperado e acabaram atrapalhados pelas expectativas que criaram ao entrar bem. Toró agora tem nove jogos no profissional e segue com apenas um gol, marcado na segunda chance que teve no time principal.

Problemas no ataque persistem Não bastasse o problema de rendimento, o ataque do São Paulo também é o mais afetado por desfalques. Antony está com a seleção brasileira olímpica, Gonzalo Carneiro está suspenso por doping, Joao Rojas se recupera de cirurgia no joelho direito e Pablo, de cirurgia nas costas. A lista de lesionados ganhou mais um integrante ontem, quando Everton sentiu dores no músculo adutor da coxa direita e precisou ser substituído.

Para Juca Kfouri, São Paulo é “o fim da picada” Juca Kfouri, blogueiro do UOL Esporte, fez análise ácida sobre mais uma partida ruim do São Paulo na temporada. Além de críticas sobre o desempenho, Juca também questionou a forma como o clube lida com Everton, um jogador que já convivia com problemas físicos no Flamengo e quem tem repetido essa sina no Morumbi.

Volpi e Bruno Alves simbolizam o paradoxo tricolor Tiago Volpi e Bruno Alves vivem grandes momentos individuais pelo São Paulo. O goleiro e o zagueiro estão entre os tricolores que mais cresceram na temporada e têm o apoio da torcida. Nos estádios e nas redes sociais. O problema é que não há muito espaço para comemorar a boa fase. Os dois mostram grande preocupação pela melhora do time e tentam controlar os ânimos da torcida, mas sabem que a pressão só vai diminuir quando as vitórias voltarem.

É momento de sermos mais unidos e não deixar de trabalhar para darmos a volta por cima logo”.