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Marcus Alves
Nada de foto, vídeo ou qualquer outro registro. Essa foi a orientação que o Benfica passou antes de jogo-treino contra o Estoril Praia, da segunda divisão portuguesa, no começo de setembro. O sigilo total tinha como objetivo manter em segredo o que vinha sendo testado durante o período de data Fifa. Porém, logo começou o burburinho sobre um zagueiro alto, esguio e com postura firme que chamou a atenção. Seu nome? Morato. A vitória de 3 a 2 sobre o Estoril foi a estreia do ex-prata da casa do São Paulo entre os titulares do Benfica. Em pouco mais de um mês na nova casa, o jovem jogador de 18 anos já virou figurinha carimbada no profissional e é tratado como “pechincha” pelo clube encarnado.
A exemplo do que aconteceu em setembro, Morato está de volta ao time principal do Benfica nesse período de jogos de seleções. Até aqui, ele tem sido utilizado mais na equipe B. O salto em definitivo para cima, porém, deve ser questão de tempo. “Pagamos seis milhões de euros [R$ 26 milhões] pelo Morato e, se fosse daqui a dois ou três meses, teríamos pagado muito mais. É um jogador que vai render muito mais. Acho que fizemos um excelente negócio”, afirmou o presidente Luís Filipe Vieira, não escondendo o entusiasmo em entrevista recente. “Pelo menos o treinador está muito contente com ele. Os dois treinadores: o da equipe A e o da equipe B”, completou.
No radar do Benfica desde sempre, Morato foi contratado como uma oportunidade do mercado, com os portugueses tirando proveito da situação financeira do São Paulo e da influência do empresário Giuliano Bertolucci para bater o martelo em sua compra. Entre outros negócios com o tricolor paulista, o empresário foi responsável por intermediar o acordo recente com o técnico Fernando Diniz. Na semana passada, Morato viajou com os juniores do Benfica a São Petersburgo, na Rússia, para enfrentar o Zenit pela Uefa Youth League, versão de aspirantes da Liga dos Campeões. O resultado fora de casa foi uma contundente vitória por 7 a 1.
Em seu dia a dia, ele tem a companhia de outros dois brasileiros: Vinícius Jaú, ex-Athletico Paranaense, e Pedro Henrique, ex-Anápolis. Aos poucos, tem sido utilizado na segunda divisão portuguesa para se ambientar ao novo país e cumprir a expectativa interna: seu futebol é comparado ao de outra revelação que passou pelo Estádio da Luz, o sueco Victor Lindelof, que hoje defende o Manchester United. “A médio prazo, [ele] é um jogador que tem de crescer e que terá o seu espaço. Acho que é fundamental compreendermos aquilo que é o caminho do nosso trabalho. Em termos de formação, é tentar dar todas as condições para que todos os jogadores cheguem à equipe B. E nesse patamar, dando oportunidade de competir na segunda divisão, um campeonato competitivo”, afirmou o técnico Bruno Lage. “Depende deles, do trabalho deles, de seus rendimentos e das chances que vão surgindo em cima. Em uma perspectiva de mercado, é sempre para a equipe B que vamos olhar primeiro, e depois para fora”, completou.
Atualmente o Benfica tem como zagueiros no time profissional os titulares Rúben Dias, de 22 anos, e Francisco Ferro, que possui a mesma idade. Badalados em Portugal, os dois dificilmente seguirão por muito tempo no país. É justamente nessa linha de sucessão que Morato deve dar em breve um passo adiante para substitui-los e garantir o seu espaço. Com contrato até 2024, o defensor tem como sonho repetir o sucesso de compatriotas como Luisão, David Luiz e Mozer, que brilharam na zaga dos portugueses.