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Bruno Grossi
Pelo segundo ano consecutivo, Helinho deve começar como titular do São Paulo. A diferença é que agora há bem menos pressa e responsabilidade sobre o garoto nascido em 2000 e criado em Cotia. E é por isso que o técnico Fernando Diniz e a diretoria do clube confiam que o meia-atacante, enfim, poderá engrenar no profissional.
A primeira razão para essa confiança ficou à mostra nos treinos no CFA Laudo Natel. Helinho voltou das férias bem mais forte do que no ano passado. Uma estimativa fala em 4kg a mais de massa magra para o jovem, que também mudou a forma de encarar as atividades. Está mais ativo, mais intenso e, muito pelo ganho de força, mais preparado para disputas de corpo a corpo.
Helinho também tem chamado a atenção pelo índice de acertos nas finalizações. Esse sempre foi um ponto positivo a seu favor na base, mas no profissional ele tem somente um gol em 25 partidas, aquele golaço no ângulo logo em sua estreia pelo time principal contra o Flamengo, em 2018. O lance, aliás, pode explicar um pouco da irregularidade da promessa.
Ao longo do ano passado, em treinos e jogos, Helinho insistiu demais em tentativas de outros golaços. O que poderia ser reflexo de confiança ou coragem passou a ser uma dificuldade para ler as jogadas e escolher a melhor forma de definir. Nem sempre seria possível ter espaço e equilíbrio para finalizar como aconteceu contra o Flamengo, ainda sob o comando de Diego Aguirre.
A versão de 2020 de Helinho, ainda que sem a temporada começar de fato, apresenta mais objetividade. O garoto está chutando, firme como sempre, mas de forma mais rápida, prática. E isso tem se convertido em gols. Foi assim no jogo-treino contra a Caldense, no último domingo, com um tento de cabeça e outro de pé direito, mesmo sendo canhoto. Ontem, novamente se destacou com gols e variação no tipo de finalizações.
Os jogadores mais velhos estão cada vez mais dando palavras de apoio a Helinho, que tem tudo para seguir como titular até a volta de Antony da seleção brasileira olímpica. E Fernando Diniz sabe que vai precisar de toda ajuda possível para manter a cabeça do jovem mais concentrada e confiante para esta temporada. O técnico tem reconhecido trabalho psicossocial e acredita que essa sua especialidade pode fazer a diferença no processo de recuperação de Helinho. Na base, o camisa 11 chegou a ser mais badalado e confiável do que o próprio Antony, que por sua vez deu passos muito maiores e certeiros no profissional justamente por ter mais atitude e personalidade.
As curvas dos dois se inverteram bruscamente em 2019. Helinho saiu de titular na Copa Libertadores da América a reserva pouco utilizado e pouco eficiente. Antony saiu de “rebaixado” ao sub-20 para ser referência e xodó da torcida no time principal. Diniz já mostrou desejo de recuperar Helinho desde que chegou ao São Paulo. Passou a dar mais chances a ele na reta final do Campeonato Brasileiro e tem o deixado à vontade no time titular na pré-temporada em Cotia. O técnico para e conversa com o pupilo quantas vezes for necessário dentro de um treino e ao longo do dia no CFA e acredita que esse trabalho dará resultado.