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Marcelo Hazan
Veja o que estará em jogo nos próximos meses antes da escolha do novo presidente.
A eleição para a presidência do São Paulo em dezembro movimenta o bastidor político do clube, mas antes disso os conselheiros têm três assuntos no horizonte.
- Discussão e aprovação ou não das contas de 2019, com déficit de R$ 156 milhões;
- Eleição de dez novos conselheiros vitalícios;
- Mudanças no estatuto.
Julio Casares (candidato de uma coalizão entre situação e centrão) vai disputar a presidência. Roberto Natel e Marco Aurélio Cunha são nomes cotados para enfrentá-lo pela oposição.
Abaixo o GloboEsporte.com explica como estão esses três pontos da política do São Paulo que antecedem a disputa eleitoral de dezembro.
Conselho Deliberativo do São Paulo no Morumbi — Foto: Marcos Ribolli
Contas de 2019
Inicialmente marcada para o fim de março, a reunião para discutir e aprovar ou não as contas de 2019 foi adiada por causa da pandemia do Covid-19. O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), prolongou o decreto de quarentena até o dia 31 de maio, o que impede a reunião presencial do Conselho Deliberativo nesse prazo.
O presidente do Conselho Marcelo Abranches Pupo Barboza consultou o Internacional para estudar a possibilidade de uma reunião virtual, mas não houve avanço.
No fim de 2019, conselheiros do São Paulo entraram com um pedido de impeachment do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Um dos pontos que embasava o documento era o estouro de mais de 5% do orçamento.
O São Paulo registrou déficit de R$ 156 milhões no ano passado. Investimentos em contratações, eliminações precoces, dívidas trabalhistas antigas com ex-jogadores e empresas e o não cumprimento da meta de vendas são algumas das razões para esse resultado financeiro.
O Conselho de Administração recomendou a aprovação das contas em um parecer contestado pelo vice-presidente Roberto Natel. Rachado com Leco e potencial candidato à presidência pela oposição, ele foi voto contrário.
Neste ano, o conselheiro da oposição Denis Ormrod, que também articulou o pedido de impeachment de 2019, tentou na Justiça o afastamento de Leco e do presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Pupo Barboza, mas não teve sucesso.
Presidente Leco tem mandato até dezembro no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
Eleição de vitalícios
O São Paulo abriu dez novas vagas de conselheiros vitalícios em abril, mas o processo está suspenso também por causa da pandemia de Covid-19.
Os lugares estão vagos porque conselheiros morreram e outros cinco abriram mão das suas cadeiras para permanecer na gestão como profissionais remunerados. Dez vagas de vitalícios serão preenchidas, seguindo o artigo 55 do estatuto.
Hoje, o Conselho Deliberativo do São Paulo tem 240 cadeiras, sendo 160 de vitalícios e 80 de eleitos. Seguindo o novo estatuto, as atuais 240 cadeiras passarão a 260, sendo 100 de conselheiros eleitos (aumentam 20 cadeiras) e 160 de conselheiros vitalícios. A eleição deste novo Conselho ocorrerá por meio de votos dos associados do clube, na segunda quinzena de novembro.
Conselheiros vitalícios e eleitos têm as mesmas atribuições e funções, mas os vitalícios têm mais poder político pois não dependem de articulações para se manterem nos cargos.
O poder do vitalício aumenta em ano eleitoral, porque são necessárias assinaturas de 55 conselheiros vitalícios para inscrição de uma chapa na eleição. A chapa é a maneira pela qual um associado se candidata a uma vaga de conselheiro eleito. Os sócios votam em uma assembleia geral e elegem os novos conselheiros.
Conselho do São Paulo vai eleger dez novos conselheiros vitalícios; processo está suspenso por causa da pandemia — Foto: Marcos Ribolli
Por isso, virar conselheiro vitalício é desejo dos eleitos. Os grupos políticos formam alianças e se organizam para eleger seus respectivos membros. O resultado da eleição de vitalícios pode ser uma sinalização de forças para a disputa presidencial.
A coalizão (união entre situação e centrão) que tem Julio Casares como candidato e aglutina oito partidos políticos vai medir forças com a oposição, cujo candidato não foi anunciado até o momento. O objetivo dos dois lados será emplacar o maior número de vitalícios entre os dez escolhidos. Exemplo: 6 a 4, 7 a 3, 8 a 2, 9 a 1.
Segundo Newton do Chapéu, da oposição, uma convenção será feita para escolher um candidato. Inicialmente isso ocorreria em junho, mas por causa da pandemia não há uma data definida.
Mudanças estatutárias
Desde o ano passado, grupos políticos de diferentes correntes discutem mudanças no estatuto do São Paulo, mas ainda não há um consenso geral das pautas. A pandemia também atrasou o debate dessas ideias.
Alguns dos principais pontos em discussão para mudar no estatuto:
- Vice-presidente virar um cargo de indicação e não mais eleito numa chapa junto com o presidente. A ideia seria evitar uma nova situação como a da gestão atual, na qual Leco e Natel estão rachados há anos;
- Modificar a quantidade de votos que cada sócio tem na eleição de conselheiros. Hoje cada sócio vota em 20 conselheiros nominalmente. Existe uma ideia de aumentar para 40 ou 50 votos;
- Não permitir que o presidente da diretoria seja também o presidente do Conselho de Administração, órgão com nove integrantes que toma decisões globais a respeito do futuro do clube. Hoje, Leco preside a diretoria executiva e o Conselho de Administração, do qual Natel faz parte;
- Tirar a cadeira do vice-presidente do Conselho de Administração, pois viraria um cargo de indicação e não mais eleito numa chapa com o presidente.
Mudanças no estatuto precisam ser aprovadas por uma assembleia geral de sócios para entrar em vigor. Há uma ideia de que, se aprovadas, essas modificações possam ter efeito prático na eleição deste ano.
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