GloboEsporte
Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan
Atrasos, corte salarial e falta de pagamentos irritaram alguns jogadores do Tricolor.
Em meio à insatisfação dos jogadores com atrasos e redução de salários acima do esperado, Raí (executivo) e Alexandre Pássaro (gerente) se reuniram com comissão técnica e jogadores do São Paulo nesta segunda-feira, no CT da Barra Funda, para explicar a crise financeira do clube e o corte salarial.
A conversa serviu para os dirigentes passarem aos jogadores qual é a situação do São Paulo, agravada pela pandemia de Covid-19 e com impacto direto nos salários dos atletas.
A reclamação de alguns jogadores é de que o pagamento feito em junho corresponde a apenas 20% dos salários na carteira. Outros apontam não ter recebido nada neste mês. A possibilidade de estender o corte salarial de 50% até o fim do ano é rechaçada pelos atletas.
Essa foi uma das possibilidades levantadas em uma reunião entre o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, a diretoria financeira e o Conselho de Administração. O departamento de futebol não participou do encontro. Empréstimo em banco também é uma alternativa. Neste momento, tanto o prazo quanto a porcentagem desse possível novo corte estão indefinidos.
Em crise, o São Paulo pretende pagar os atrasos e resolver parte dos problemas de caixa com o dinheiro da venda de Antony ao Ajax.
A previsão é de que a maior parte (9,750 milhões de euros, cerca de R$ 60 milhões) seja paga entre 10 e 15 de julho. Por isso, existe a possibilidade de os salários que seriam pagos no começo de julho também atrasarem. Pelo acordo com o Ajax, o Tricolor receberá os outros 6 milhões de euros no fim do ano.
Raí, Lugano e Fernando Diniz durante conversa no CT, alguns dias atrás — Foto: Reprodução / twitter
Nessa conversa, os dirigentes do São Paulo tiraram dúvidas dos jogadores sobre os problemas financeiros e também falaram a respeito do planejamento técnico para essa nova pré-temporada.
Os treinamentos serão iniciados a partir desta quarta-feira (1º de julho), quando está prevista a reapresentação de Daniel Alves e outros atletas de nomes não revelados. Cada caso tem razões diferentes não confirmadas. Também não há informação do número de jogadores nessa situação.
Existe a ideia de treinar por um período de tempo no CT da base, em Cotia, onde a estrutura é maior e é possível concentrar os jogadores com mais segurança.
Embora haja quem entenda a grave crise financeira aumentada pela pandemia de Covid-19, também há incômodo pela volta aos trabalhos sem o recebimento dos valores esperados.
Antes de tomar uma decisão sobre novo corte, o São Paulo pretende buscar entendimento com os atletas. O assunto é considerado muito delicado no clube. A ideia é primeiro quitar os atrasos para depois propor um novo acordo salarial.
Hernanes faz teste do novo coronavírus no CT do São Paulo, na semana passada — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Na primeira proposta de corte, o São Paulo havia programado uma nova negociação salarial no fim de junho, quando o panorama seria reavaliado diante do cenário da pandemia. Até o momento, a única previsão de volta de jogos sinalizada é do Brasileirão para os dias 8 e 9 de agosto.
O Conselho de Administração entende que são necessárias medidas drásticas para conter a crise e deverá debater o assunto nas próximas reuniões, embora não tenha poder de determinar ações práticas no futebol.
De qualquer maneira, uma das discussões consideradas inevitáveis é o corte salarial dos jogadores, por se tratar da maior despesa no departamento de futebol.
Nesta semana, o presidente Leco disse que vender jogadores será questão de sobrevivência depois da pandemia. Além das vendas, algumas possibilidades para conter a crise são renegociar contratos com altos valores – com a opção de aumentar o tempo de vínculo – e negociar rescisão com alguns atletas. Uma ideia seria alongar dívidas para 2021, diante do impacto do coronavírus nas finanças.
Análise do balanço financeiro de 2019 do clube, feita pelo jornalista Rodrigo Capelo em seu blog no GloboEsporte.com, apontou que o São Paulo encara as piores dívidas em ao menos duas décadas.
O endividamento alcançou R$ 538 milhões no ano passado, contra uma receita de R$ 374 milhões.
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