Casares oficializa candidatura no São Paulo, tenta se afastar de Leco e diz que deseja Muricy na gestão

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GloboEsporte

Conselheiro lança programa de campanha; oposição ainda define chapa.

O conselheiro Julio Casares formalizou nesta quinta-feira sua candidatura à presidência do São Paulo. A eleição está prevista para dezembro.

Em evento realizado de forma virtual por causa da pandemia de Covid-19, Casares se esforçou para se distanciar do atual presidente tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Ele afirmou que não encabeça uma chapa de situação, mas de “coalizão. E disse que pretende convidar o ex-técnico Muricy Ramalho para uma função de gestão no clube.

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– Nunca falei com o Muricy sobre voltar, mas é um grande profissional. Sonhamos com a presença (dele), sim. Em caso de vitória, nosso primeiro movimento será falar com o Muricy.

Julio Casares e Olten Ayres lançam candidatura — Foto: Reprodução

Julio Casares e Olten Ayres lançam candidatura — Foto: Reprodução

Casares disse que tomará decisões técnicas para preencher os cargos. E falou também sobre a presença de Raí e Lugano na atual diretoria.

– Ídolo será sempre idolatrado. Não desviaremos do planejamento, que é técnico e profissional. O São Paulo não é lugar de experiências. Acredito que Raí e Lugano ainda podem dar um título ao clube, mas o São Paulo tem que entender que o ídolo tem lugar – disse.

Casares diz que quer Muricy Ramalho em cargo de gestão do São Paulo — Foto: Reprodução

Casares diz que quer Muricy Ramalho em cargo de gestão do São Paulo — Foto: Reprodução

Austeridade, mas com investimentos

Diante da grande crise financeira vivida pelo clube, o conselheiro prometeu austeridade, mas sem abrir mão de investimentos no futebol.

Na apresentação do plano de governo, Casares, que tem Olten Ayres de Abreu como candidato à presidência do Conselho Deliberativo, prometeu ampliar a profissionalização do clube e a transparência da gestão. E afirmou ainda que pretende reformular o projeto de sócios-torcedores do São Paulo.

– A profissionalização merece prioridade absoluta das ações de uma gestão séria que precisa transformar o São Paulo. (Nas áreas) financeira, futebol e marketing teremos profissionais com grande experiência – disse o candidato, que afirma que seus executivos terão salários fixo e variável, o último relacionado ao cumprimento de metas e resultados.

Casares afirmou que a falta de títulos relevantes – o último foi a Copa Sul-Americana, em 2012 – não o pressionará a abandonar um controle financeiro. O São Paulo fechou 2019 com um endividamento recorde e foi fortemente afetado pela crise do novo coronavírus.

– Não podemos pensar que um título valha a qualquer custo. Vamos buscar títulos e conquistas, mas com equilíbrio. Temos que ser responsáveis.

Ele nega, porém, que isso representará investimentos menores no time de futebol:

– Austeridade é você ter prioridade em contratação, equilíbrio, propiciar grandes valores, com base sólida, com jogadores cascudos, estrelas. Não pode fazer contratações que comprometem o todo. Temos exemplos como Biro Biro, Everton Felipe, Maicosuel, essas contrações não devem acontecer – afirmou, citando atletas com passagens recentes e sem brilho pelo clube.

– Poderão ter erros, mas vamos diminuir o risco. Vamos cortar na pele (os custos), mas priorizando o futebol. Temos que priorizar a base, (buscar) jogadores comprometidos e estrelas.

Sócio-torcedor e Morumbi

Casares disse que pretende reformular o programa de sócio-torcedor do São Paulo para que ele se torne mais amplo e atraia também o são-paulino que não vai regulamente aos jogos ou o que vive longe da cidade.

– Temos que pensar como um sócio-torcedor que é patrocinador. Que vai ser partícipe da recuperação do futebol, e garantir que 90% do dinheiro dele vai para o futebol.

O candidato afirmou que não pretende fazer grandes reformas no Morumbi – uma possibilidade que ele só abraçaria caso um parceiro se comprometesse a bancar os custos. E prometeu uma carga de oito mil ingressos por partida a preços populares. Os bilhetes, de acordo com o plano, custariam 50% do valor integral do ingresso mais barato de cada partida.

Distanciamento de Leco

Casares fez questão de afirmar que não compõe uma chapa de situação à presidência do São Paulo, mas sim uma coalização com membros que apoiam o presidente Leco e também com opositores à atual administração do clube.

– Não somos candidatos da situação. Temos a composição de pensamentos da oposição, somos de coalizão, união, de setores que pensam diferente a favor do São Paulo. Não tenho vinculação política com o Leco, mas se qualquer pessoa quiser votar na chapa, será bem-vinda.

Casares apoiou Leco nas últimas eleições. Ambos fazem parte de um mesmo partido político, o “Participação”, que está inserido num grupo maior, com oito partidos, para a eleição deste ano.

Leco tem se mantido afastado do processo eleitoral no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Leco tem se mantido afastado do processo eleitoral no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Leco, alvo constante de críticas de torcedores e conselheiros, tem ficado distante do processo eleitoral do São Paulo. Ele endossa a candidatura de Casares, mas não articula apoio ao candidato, que não era o seu preferido.

No evento, Casares citou reportagem do GloboEsporte.com desta quinta-feira que mostra que antigos gestores nomeados por Leco durante sua administração hoje estão ligados à chapa de oposição, que ainda não tem um nome de consenso.

Marco Aurélio Cunha, um dos pré-candidatos, foi diretor de futebol em 2016, enquanto Roberto Natel, outro postulante, é vice-presidente de Leco – ambos se tornaram desafetos após a eleição de três anos atrás. O outro pré-candidato é Sylvio de Barros, e uma definição sobre o adversário de Casares só deve ser tomada em julho.

A eleição no São Paulo

A eleição no São Paulo é indireta: sócios escolhem os conselheiros, em pleito previsto para novembro, e os conselheiros elegem o presidente da diretoria, em dezembro. Neste ano, serão eleitos 100 conselheiros.

Hoje, o Conselho Deliberativo do São Paulo tem 224 cadeiras preenchidas do total de 240. Os 16 lugares vazios são de conselheiros vitalícios que morreram ou abriram mão das vagas para seguir com cargos remunerados na gestão.

O cenário atual, portanto, é o seguinte:

  • 240 cadeiras no total;
  • 224 cadeiras preenchidas;
  • 144 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
  • 80 conselheiros eleitos.

Está aberta uma eleição para preencher dez vagas de conselheiros vitalícios. O estatuto do clube determina escolha de novos vitalícios quando há dez lugares vazios, por morte ou renúncia ao cargo. O processo está interrompido por causa da pandemia de Covid-19.

Por uma mudança no estatuto, as atuais 240 cadeiras passarão a 260 no total. O quadro renovado deverá ser o seguinte:

  • 260 cadeiras no total;
  • 254 cadeiras preenchidas (as seis vagas abertas serão completadas caso outros quatro conselheiros vitalícios morram ou renunciem, totalizando mais dez lugares vazios para que seja feita uma nova eleição de vitalícios);
  • 154 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
  • 100 conselheiros eleitos (aumento de 20 integrantes).

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