UOL
José Eduardo Martins
Daniel Alves quebrou o silêncio. Pela primeira vez no ano e cinco dias depois da vexatória derrota para o Mirassol, o camisa 10 do São Paulo concedeu uma entrevista coletiva. Hoje, em Cotia, onde o time se prepara para abertura do Campeonato Brasileiro, o jogador falou sobre o momento da equipe e diversos assuntos. Apesar de se mostrar decepcionado com a eliminação precoce no Campeonato Paulista, ele descartou deixar o clube para defender outro time no Brasil.
“Queria dar boas-vindas ao Dome (Domenec Torrent, novo técnico do Flamengo), vivemos momentos incríveis e históricos. Fazemos parte um da vida do outro. Como embaixador brasileiro, dou boas-vindas e espero êxito no Flamengo, exceto contra o São Paulo. Uma coisa que quero deixar claro para nunca mais ter esse debate. O único clube que eu jogo no Brasil é o São Paulo. Se sair qualquer coisa de outro clube pode falar que é mentira. Falei brincando que encerraria no Bahia, mas a torcida me rechaçou porque falaram que seriam apenas dois meses. Que fique claro: único clube é o São Paulo. É meu sonho de criança. Não faço minha profissão por dinheiro”, disse Daniel Alves, que chegou a ter seu nome especulado no clube carioca, nas últimas semanas.
Não escreve que vou para outro time, porque se não será mais um mentiroso. Não jogo em outro clube que não for o São Paulo no Brasil. Aqui no Brasil estou por um sonho, não por parte financeira, dinheiro. Vivo por sentimentos, porque precisava realizar o meu sonho de criança. As crianças merecem realizar o seu sonho, sem demagogia nenhuma, Se eu vestir a camisa de outro time, você pode me chamar de mentiroso”, completou o camisa 10.
Daniel Alves completou uma temporada no São Paulo no último sábado. O jogador tem vínculo com o clube até 31 de dezembro de 2022. No clube, ele pretende ajudar a mudar a mentalidade de algumas pessoas dentro do Morumbi, sendo que o time não conquista uma taça desde a Copa Sul-Americana de 2012.
“É muita coisinha errada no São Paulo que estoura na gente. O trabalho é um dos melhores que acompanhei, mas precisa do resultado. Não adianta trabalho perfeito sem resultado. Desde minha chegada estou querendo implementar isso. Dar a vida no dia a dia e suar é legal, mas a gente precisa do resultado. Porque nosso clube, nossa torcida precisa disso pra voltar a sorrir e sentir orgulho de ser são-paulino. É um processo árduo. Quem não está disposto não vai mudar a história.” Confira a entrevista com Daniel Alves:
Primeiro ano de São Paulo Desde que cheguei aqui está completando um ano. Mas de São Paulo mesmo são praticamente sete meses. No Brasil e no São Paulo se vive de maneira muito intensa tudo. Muitas vezes isso te leva para lado emergencial, de tentar fazer as coisas com pressa, e você acaba mudando a rota realmente que te conduz para mudar a história do São Paulo, lograr teus objetivos. Costumo ser uma pessoa que foca no que está no meu alcance para chegar ao objetivo, de criar ambiente de conscientização e de que só tem um caminho para mudar história de sofrimentos, digamos, com experiências desagradáveis.
Tento criar esse pensamento, essa direção, porque para mim é a única maneira de mudar a história recente do São Paulo. Não pode deixar o imediatismo afetar aqui dentro. Para não ficar como um carro de bate-bate. Meu objetivo de vir foi sabendo todos os prós e contras, sabia de todos os problemas que existem no clube, mas ainda assim, tomei a decisão de vir para cá, mas o que vivi poderia tentar melhorar essa história. Se conseguir, não será nada novo. Tudo que o São Paulo já fez, exceto a Copa do Brasil.
Mas decidimos viver isso, apostar nesse desafio, tentar criar uma estabilidade aqui dentro para seguir. Evidente que os resultados de tantos anos não é o melhor, mas costumo dizer que quando aposto pelo certo, vou fazer até o último momento. Apesar de o resultado não ter sido satisfatório, até falando da última eliminação, mas nosso direcionamento nos leva aos objetivos. Mas vamos ter de passar por isso e superar, Ninguém vai fazer isso além de nós. A temporada só acaba em fevereiro e o resto é só o processo.
Avaliação de seu desempenho É uma pergunta de dupla mão. Se eu cumpro expectativa do São Paulo. O São Paulo cumpre expectativa, porque baixei muito a minha. Mas tem instalações que poucos clubes no Brasil e fora têm. O São Paulo tem ideia de trabalho e de conceitos que me atendem. Mas não posso vir de fora passando nos clubes que passei achando que seria isso. Óbvio que não, seria estúpido. São Paulo não passa por bons momentos financeiros, assim como outros clubes. Mas são questões internas. O Brasil passa por momento difícil financeiramente.
Para mim me parece uma falta de respeito com sociedade, mais do que comigo, e acho que trabalhei para conquistar. Se isso gera inveja ou desconforto, sinto muito por elas. Jornalistas devem falar de futebol e resultados. Vejo cada vez menos falar disso. O tentar gerar caos afeta o trabalho. Parece que praticamos um esporte sem profissionalismo. Algumas coisas não têm sentido. Há uma semana eu era destaque e o time ia bem.
E um resultado mudou tudo. Mas mudou para fora. Na vida você sofre algumas situações, e o São Paulo sofre há alguns anos. Não é responsabilidade nossa, e sim o momento atual. Mas não conto para trás, conto quando cheguei e objetivos que vamos lograr. Logramos Libertadores, primeira fase do campeonato um clube com argumentos, que poderia competir e tinha essência. Uma parada de longo tempo não soubemos voltar no mesmo segmento que estávamos e gerou o mal resultado. Mas não posso adentrar nesse acidente, do que ficou para trás.
Quanto mais pandemônio mais se debate e gera notícia, e informações fakes. Forma parte do show. Em evidência você tem de estar preparado para o show. Se você vai com a maré gera uma instabilidade. É o que acredito no clube. Esse tempo todo sem lograr objetivos é porque não é um clube estável, vai muito no que dizem. Acredito muito no trabalho que estamos fazendo e a única chance de mudar história é acreditar no que faz. Se não acreditar, não consegue mudar essa história. Fiz um post que disse: tem dois caminhos, da verdade e da mentira, cada um vai no que quiser.
Minha vida é sempre sorrir, me dedico muito e é com isso que conquistei e vou continuar. Seja São Paulo, Juazeiro ou o que for. Essa pergunta deveria passar ao São Paulo para saber se estão satisfeitos.
Protestos da torcida Se pudéssemos protestar, nós também iriamos protestar. Não com vandalismo. Precisamos entender que jogamos no mesmo time, conceitos e cores e queremos a mesma coisa. Torcedor quer isso, a gente quer o dobro, porque aqui é nosso trabalho, dia a dia, onde nos dedicamos para c…, e lograr o que o torcedor quer.
Não estamos de férias, brincando, mas batalhando para entregar e conseguir o que eles querem. Nunca vou defender vandalismo, respeito opiniões e exigências. Que fique claro: lutamos pela mesma coisa. Não podemos deixar de lutar para devolver ao torcedor essa mesma vontade e gana deles. Se não num estaríamos aqui. Perder tempo não é necessário.
LEIA TAMBÉM:
- Entenda o envolvimento da parceira do São Paulo na contratação do “super-reforço” Oscar
- Reforço do São Paulo, Oscar deve vestir a camisa 8 no próximo ano
- Papos, memórias e boas-vindas: o papel de Lucas Moura no acerto entre São Paulo e Oscar
- Corinthians e São Paulo gastam muito mais pagando só juros de dívidas do que investem nos salários de Memphis e Oscar
- Morumbis bate recorde histórico e prova mais uma vez sua força ao São Paulo