O WO tem que estar na pauta do protocolo da Covid-19 para o Brasileirão

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UOL

Marcel Rizzo

É polêmico, mas o WO precisa estar na pauta do protocolo da Covid-19 nos torneios nacionais. A CBF tem a maior parte da responsabilidade no calendário caótico que se projeta e por ter feito um guia médico que ignorou o que fazer em caso de surto de contaminações em times como ocorreu no fim de semana com o Goiás na Série A, com o CSA na B e com o Imperatriz na C, mas os clubes também terão que ser responsabilizados. E adiamentos não serão a única solução, até porque inviabilizariam o fim da competição.

A Rússia fez isso e há uma similaridade entre o campeonato de lá com o daqui, muito mais do que com a elite europeia como Espanha, Portugal, Inglaterra ou Alemanha, países menores que conseguem controlar melhor o ambiente contra a doença do que nações de tamanhos continentais, como Rússia e Brasil. O estágio da pandemia é diferente em estados brasileiros, portanto é mais difícil criar protocolos que sirvam para todos com eficiência.

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Os russos começaram adiando jogo, mas perceberam que problemas seriam a regra e passaram a utilizar outras alternativas, como dar a opção de os clubes isolarem todos os atletas profissionais e usarem a base (o que resultou num vexaminoso 10 a 1 do Sochi sobre o Rostov) ou o WO — para quem não sabe o WO é a atribuição de uma vitória a uma equipe ou competidor quando o adversário está impossibilitado de competir.

O WO é justo? Não. Mas adiar jogo também não se um dos times, por exemplo, tem um protocolo mais bem executado do que outro. O Goiás teve nove atletas infectados e a própria direção, apesar de críticas justas à CBF e ao laboratório do Hospital Albert Einstein, que tem apresentado problemas na condução dos exames, admitiu que o seu protocolo falhou. O São Paulo, que fez tudo certinho, viajou a Goiânia e se preparou para jogar, acabou também prejudicado. É justo?

O ideal seria não ter campeonato em meio à pandemia, mas o Brasil desistiu de combater a doença em todos os níveis, no futebol não seria diferente. Se vai ter campeonato e ele vai conviver com a doença, medidas drásticas terão que ser tomadas. O protocolo da CBF precisa ser aprimorado e deixar claro o que acontecerá se um time tiver infectados — e, veja, não importa se é um ou dez porque o contato desse um com o restante do elenco já coloca todo mundo em risco, inclusive adversários, arbitragem e funcionários presentes no estádio.

Vai se adiar todos os jogos? Se isso for feito, o campeonato não termina em 24 de fevereiro. Você pode dizer, “bom, paciência”, mas sabemos que no final das contas tem patrocinadores e detentores de direitos interessados que 2021 seja mais normal do que 2020 e para isso o Brasileiro tem que acabar em fevereiro.

O WO acaba sendo uma alternativa. Mas é preciso cuidado. Por exemplo: acabar com dúvidas quanto a exames porque seria trágico dar como derrotado um time com contaminados em falso positivo. Há um outro risco, mas esse é criminoso: times escondendo resultados positivos. Nunca se duvide de nada no Brasil, mas haverá médicos, laboratórios e a própria CBF envolvidos e responsabilizados, portanto acho bem difícil que isso ocorra.

A CBF tem que apresentar um protocolo decente antes de qualquer decisão e os clubes cumprirem. Com isso, temos sim que pensar em alternativas dolorosas para ver o campeonato (que nem deveria acontecer) acabar.

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