Oposição do São Paulo vai definir candidato à presidência com sistema russo que não agrada a ninguém

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GazetaEsportiva

Tiago Salazar

A chapa “Resgate Tricolor”, postulante a assumir a administração do São Paulo como oposição à gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, definirá seu candidato à presidência do clube neste sábado. A partir da meia-noite, os conselheiros vitalícios e eleitos que firmaram compromisso com o grupo votarão no nome que concorrerá nas eleições do final do ano.

Ao todo, 100 conselheiros participarão da votação, que será realizada por meio de uma plataforma on-line e com duração até as 11h. Marco Aurélio CunhaRoberto Natel e Sylvio de Barros são os três concorrentes, com os dois primeiros como favoritos.

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A tendência é que nenhum dos nomes consiga maioria absoluta logo no primeiro turno. Desse modo, uma nova votação deve ocorrer das 13h até as 17h, com previsão para a definição do candidato sair às 17h30.

Votação virtual desagrada a todos

A votação será feita por meio de um sistema russo, que custou cerca de 1 mil dólares (aproximadamente R$ 5.400, na cotação atual). O valor foi integralmente pago pela chapa e será abatido do fundo da campanha eleitoral, e não gerará custo ao clube. Para os que não quiserem realizar o voto on-line, o sufrágio poderá ser feito por meio de uma procuração.

O método adotado não agradou aos candidatos, que acataram por conta da pandemia do novo coronavírus.

“É a regra que foi decidida. Não era o nosso desejo, mas, por causa da pandemia, não tem outro jeito”, declarou Marco Aurélio Cunha à Gazeta Esportiva.

“Eu não confio em sistema eletrônico, mas é o que se pode fazer. Tem que ter tranquilidade. Afinal, vamos fazer o quê?”, disse Roberto Natel. A reportagem tentou o contato com Sylvio de Barros, mas não obteve sucesso.

“Voto secreto para não causar nenhum constrangimento”

A plataforma virtual permite que o voto seja secreto, algo defendido por Natel. O conselheiro eleitor vai acessar ao sistema e o dado será computado, mas o sigilo será mantido.

“Às vezes, um conselheiro não quer falar (sobre o voto) para você e nem para outro candidato. Então, é por isso que preferimos que o voto fosse secreto, para não causar nenhum constrangimento”, explicou.

Clima tenso e acusações entre os candidatos

Segundo apuração da Gazeta Esportiva, os lados envolvidos na votação não veem com bons olhos os adversários, apesar do clima sempre cordial em público. Internamente, os apoiadores de Marco Aurélio Cunha enxergam Natel como “sem estofo”, alguém que já não tem muito mais o que agregar. Por isso, entendem que ele não é o nome ideal para a presidência do São Paulo.

Por outro lado, os apoiadores de Natel dizem que Cunha é um “paraquedista”. O motivo é que, das últimas 19 reuniões do Conselho, MAC apareceu em apenas quatro, sendo que em duas ocasiões o encontro era para votação.

Marco Aurélio Cunha se defendeu, dizendo que possui “justificativa profissional” por seu antigo cargo na CBF. Ele foi Coordenador das Seleções Brasileiras Femininas durante cinco anos e deixou o posto no início do último mês de junho.

“Vários não puderam comparecer, não fui só eu. Faz cinco anos que estou na CBF. As reuniões normalmente eram marcadas às terças-feiras e eu estava viajando ou acompanhando a seleção feminina. Ou seja, tenho uma justificativa profissional. Porque eles não questionam o motivo de eu ter largado toda essa estabilidade na CBF para vir salvar o São Paulo (em 2016)?”, questionou.

Candidato à presidência do Conselho Deliberativo e adversários

Quem vencer a votação deste sábado se juntará a Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa, filho do ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa, que será o candidato à presidência do Conselho Deliberativo pela oposição.

Além disso, o escolhido disputará as eleições de dezembro com Júlio Casares, que vai representar a coalizão de oito grupos que se uniram para formar a chapa “Juntos pelo São Paulo”. Esta coalizão também terá Olten Ayres de Abreu Junior como candidato à presidência do Conselho Deliberativo.

Até o momento, Leco ainda não se manifestou sobre a quem dará seu apoio, e se o fará. O pleito que vai eleger os líderes do São Paulo para o próximo triênio está agendado para dezembro e apenas conselheiros têm poder de voto.

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