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Eduardo Rodrigues
Zagueiro de 21 anos assumiu a vaga de titular e surpreende pela personalidade em campo.
A personalidade do zagueiro Diego Costa, do São Paulo, ao fazer uma marcação praticamente perfeita sobre Jô, do Corinthians, no último domingo, chamou a atenção. O garoto de 21 anos parou o experiente atacante de 33.
Essa forma de jogar sem sentir a pressão, porém, não é novidade para quem acompanha Diego desde sua formação como jogador de futebol. Nas categorias de base do São Paulo, o zagueiro tinha a liderança como principal característica. Não à toa foi capitão no sub-17 e no sub-20.
Em algumas ocasiões, a liderança se confundia com excesso de vontade, e a comissão técnica tinha que segurar a “pilha” do jovem para que ele não entrasse mais ligado nos jogos do que o necessário.
– Na realidade a gente trabalhou isso (a personalidade) não incentivando tanto, diminuindo, segurando ele um pouquinho, porque se a gente coloca pilha, como se diz na gíria, se apertar muito, ele passa um pouco do limite. E ele encontrou esse equilíbrio muito bem, pelo que estou vendo no profissional, e está se ajustando. Sempre foi valente e o capitão da equipe – disse Orlando Ribeiro, treinador do sub-20 do São Paulo e que trabalhou com Diego Costa no sub-17 e no sub-20.
Diego Costa em jogo pelo São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Pessoas próximas ao jogador relatam que uma das principais coisas que ele trabalhou na base do São Paulo foi justamente o temperamento. O próprio jovem admitia que muitas vezes passava do ponto e isso o prejudicava. Hoje, admite que soube transformar o excesso de vontade em liderança.
E esse lado líder de Diego pôde ser visto não só dentro de campo contra o Corinthians, no último domingo, mas também fora dele. Na roda de conversa dos jogadores no vestiário, antes de subir para o gramado do Morumbi, o zagueiro tomou a palavra e recebeu os elogios do veterano Hernanes após o discurso:
– Rapaziada, vamos ter concentração o jogo todo. Todo mundo se ajudando, ajudar o companheiro, dando moral o tempo todo e não deixar os caras jogarem. No nosso campo os caras não jogam. Todo mundo junto, é o que a gente precisa hoje, estar junto – disse Diego Costa em vídeo publicado pelo São Paulo.
Bastidores do São Paulo mostra Diego Costa em preleção
Mudança de posição
Quando chegou ao São Paulo, aos 15 anos, vindo do Grêmio Prudente, Diego Costa era zagueiro. No sub-17 do Tricolor se destacou na função, mas ao subir para o sub-20, o técnico Orlando Ribeiro passou a testá-lo como volante.
Para que ele obtivesse sucesso na nova função era preciso aperfeiçoar alguns fundamentos, como passe, domínio e noção de posicionamento. No entanto, nem sempre era muito fácil colocar isso na cabeça do garoto…
– Quando era passado para ele, ele não aceitava muito, mas a gente insistia que ele precisava melhorar o passe, melhorar o domínio… E ele foi melhorando, se ajustando e passou a jogar de volante no sub-20. Então eu acredito que jogar de volante na base ajudou bastante, e agora ele está colhendo os frutos e vai crescer mais ainda. Acredito que o que o Fernando Diniz precisar dele, ele vai corresponder – contou Orlando Ribeiro.
Diego subiu aos profissionais em 2019, com Cuca, e treinava tanto de volante quanto de zagueiro. Com Fernando Diniz, passou a ser utilizado definitivamente na zaga, ainda mais depois da lesão do companheiro Walce, no começo deste ano. Na pré-temporada, em Cotia, ele foi elogiado por Lugano, ex-zagueiro e um dos ídolos do São Paulo.
Com uma saída de bola mais qualificada pela experiência adquirida como volante no sub-20 – foi campeão da Copinha de 2019 – Diniz entendeu que o jogador seria fundamental na nova forma de jogar que ele pensou para a sequência do Brasileirão após um início irregular.
Com três jogos no time titular, Diego Costa vai se consolidando ao lado de Léo na defesa. O garoto de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, melhorou a saída de bola e vai caindo nas graças do torcedor são-paulino, acostumado com as revelações vindas da zaga.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Na próxima quinta-feira, diante do Atlético-MG, às 20h (de Brasília), no Mineirão, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, o jogador de 21 anos tem um novo desafio para mostrar que a adaptação no time principal não é momentânea.
Veja os títulos do Diego na base do São Paulo
- Campeonato Paulista Sub-17 (2016)
- Taça BH Sub-17 (2016)
- Aspire Tri-Series Sub-20 (2017)
- Copa Ouro da APF Sub-20 (2017)
- Copa RS Sub-20 (2017)
- Future Cup Sub-20 (2017)
- Campeonato Brasileiro de Aspirantes (2018)
- Copa do Brasil Sub-20 (2018)
- Supercopa do Brasil Sub-20 (2018)
- Copa São Paulo de Juniores (2019)
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