Julio Casares completa um mês como presidente do São Paulo sem ver a equipe vencer

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GloboEsporte

Com time em crise, cartola descumpre discurso e demite o técnico Fernando Diniz.

Janeiro acabou, e Julio Casares completou seu primeiro mês no cargo do São Paulo sem ver o time conquistar uma única vitória. Nunca um presidente tricolor passou tantos jogos após a posse sem ver o time vencer: foram seis jogos, quatro derrotas e dois empates.

Casares foi eleito em dezembro para suceder a Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Na troca de gestão, em 1º de janeiro, o São Paulo só tinha o Campeonato Brasileiro ainda em disputa – dois dias antes, foi eliminado da Copa do Brasil pelo Grêmio, na semifinal.

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A situação da equipe no Brasileiro, porém, era bastante confortável. Antes de encarar o Bragantino no primeiro jogo de 2021, era o líder do campeonato com sete pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

Julio Casares cumprimenta Fernando Diniz em treino do São Paulo — Foto: Rubens Chiri/São Paulo

Julio Casares cumprimenta Fernando Diniz em treino do São Paulo — Foto: Rubens Chiri/São Paulo

De lá para cá, essa vantagem derreteu e se transformar em crise. Com dois pontos conquistados em 18 possíveis, o São Paulo desabou para a quarta posição e agora está a sete pontos do Internacional, que lidera.

A derrocada levou à demissão de Fernando Diniz, que era festejado até a virada do ano, e a uma reviravolta no discurso do presidente, que em sua primeira entrevista após a posse, em janeiro, afirmou que o técnico permaneceria no comando do time sob qualquer hipótese:

– Ele continuará, independentemente de resultados – garantiu Casares, no dia 4 de janeiro.

– Hoje é ciência, procedimento, filosofia. Vamos estabelecer uma filosofia de padrão de jogo e identidade, e esse é o nosso “garantidor” de que o técnico terá permanência. O “resultadismo” atrapalha muito e faz com que a emoção supere a razão – disse ele.

Reveja a primeira entrevista de Casares no comando do São Paulo

Reveja a primeira entrevista de Casares no comando do São Paulo

– Claro que, quando você perde uma classificação, um mata-mata, todo mundo fica chateado. Mas no dia seguinte você tem que ter um pouco mais de serenidade, conversar com mais parceiros e trabalhar na filosofia. É assim que vamos fazer com que homens como Fernando Diniz tenham uma longevidade maior, é bom para o clube – completou.

Na última segunda-feira, Julio Casares foi questionado sobre a frase dita naquela ocasião, e ele respondeu:

– Foi uma decisão voltada mais para a visão do resultado e da perspectiva de falta de reação nesse momento para o prosseguimento do campeonato. Realmente tinha dito que continuaríamos, era a intenção, mas assumimos um momento atípico com calendário diferente por causa da pandemia, sem pré-temporada. Portanto, precisamos planejar a próxima temporada. Decisão foi por resultado.

No curto período como presidente, Casares havia feito, até então, poucas mudanças no departamento de futebol.

Pela condição do time com boas chances de conquistar um título, o presidente não só manteve Diniz ao assumir como chegou a um acordo com o diretor executivo Raí para que ele permanecesse até fevereiro, quando terminasse o Brasileiro. Só o gerente Alexandre Pássaro deixou o Morumbi. A intenção era causar o menor impacto possível.

Quem você quer que seja o novo técnico do São Paulo?

Casares anunciou Carlos Belmonte como diretor e Muricy Ramalho como coordenador. Muricy chegou a fazer uma reunião motivacional com o elenco quando os tropeços começaram, mas não funcionou.

A crise atual derrubou não só Diniz como também Raí, que já tinha um sucessor definido: o executivo Rui Costa, que agora assumirá a função e o planejamento para a próxima temporada.

Antes de Casares, outros quatro presidentes ficaram quatro jogos sem vitórias após tomarem posse do cargo, segundo o pesquisador Alexandre Giesbrecht: Paulo Machado de Carvalho, Carlos Miguel Aidar, Marcelo Portugal Gouvêa e Leco.

O atual dirigente terá que esperar mais nove dias até a próxima oportunidade. Como o clássico contra o Palmeiras, antes marcado para sexta-feira, foi adiado para o dia 19 por causa da participação do rival no Mundial de Clubes, o São Paulo só joga no dia 10 de fevereiro, quando recebe o Ceará, no Morumbi.

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