Casares exalta Crespo, avalia 100 dias e admite vendas no São Paulo: “Ideal é que não precisasse”

38

GloboEsporte

 José Edgar de Matos 

Presidente concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira, no Morumbi, para falar da gestão.

A gestão Julio Casares fez nesta sexta-feira o balanço dos 100 primeiros dias no comando do São Paulo. Segundo documento, as 50 metas traçadas foram solucionadas e se encontram, a maioria, em implementação dentro do clube do Morumbi. Ao mesmo tempo, o presidente comentou sobre questões importantes deste início de trajetória como o trabalho de Hernán Crespo e a situação financeira delicada.

Publicidade

Diante de uma dívida R$ 606 milhões, Casares admitiu que pode vender jogadores no meio do ano para ajudar na saúde financeira do São Paulo. O corte de gastos de 15% até o fim do ano do departamento de futebol é um dos objetivos da gestão para 2021.

– As vendas dos jogadores estão previstas no orçamento, e estão previstas no orçamento deste ano. O ideal é que a gente não precisasse da venda de jogador, mas acontece ou pode acontecer. Se você pegar um co-irmão, ele vem há um ou dois anos vendendo um jogador importante por ano – declarou o presidente.

Julio Casares deu entrevista nesta sexta-feira para falar dos 100 dias de gestão — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Julio Casares deu entrevista nesta sexta-feira para falar dos 100 dias de gestão — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

– O São Paulo não vai fugir: alargamos o elenco, temos até um grupo de dois times e meio com muitos jogadores da base. Estão lá o Talles Costa, o Gabriel Sara, o Igor Gomes, o Diego Costa, o Luan, o Vitinho, o Liziero e outros que estão chegando. Com elenco largo, você pode ajustar quando a proposta é boa, como fizemos com Brenner – exemplifica Julio Casares.

Ao mesmo tempo em que manifesta preocupação com o lado financeiro, o presidente reforça o lado competitivo. O São Paulo não vence uma competição desde a Copa Sul-Americana de 2012, em jejum que incomoda torcedores, jogadores e dirigentes.

– Tem que ser visto como gestão sem o lado emocional. Queremos conquistas, mas precisamos ser inteligentes. Ao vender o atleta, precisa-se cumprir o papel esportivo e também futuramente o financeiro – disse o presidente durante a entrevista desta sexta-feira.

Durante a entrevista, Casares anunciou que em maio vai apresentar a reformulação do programa de sócio-torcedor e reforçou que vem tendo reuniões em busca de patrocinadores. O São Paulo recentemente anunciou um novo acordo com um site de apostas.

Sobre as 50 metas estabelecidas para os 100 primeiros dias de gestão, Casares e o grupo da situação afirmam que chegaram no objetivo de encontrar as soluções para os pontos elencados, divididos em três pontos de estágio – ainda não implementado, implementado e concluído. Confira a tabela logo abaixo.

Confira outros temas tratados durante a entrevista de Casares:

Satisfação com Hernán Crespo
–Crespo e sua comissão estão felizes, e nós também pelo comprometimento, pela seriedade, por respeitar o São Paulo demais desde os primeiros momentos. Estamos felizes pela filosofia de jogo. Vamos escrever uma história por longo tempo, espero. É normal o mercado no futebol vir interesse, mas temos a convicção que Crespo vai corresponder e traçar uma linha importante na história do São Paulo. Não há 11 titulares, e ele está provando isso, faz com que todos estejam motivados.

– Temos uma vida longa, ele nos respeitando e a gente respeitando. Ele tem perfil de respeito e equilíbrio. É uma mentalidade de jogo muito bem definida, entra time alternativo com mesmo perfil. É sinal de trabalho, é comissão que trabalha no dia do jogo, que conversa com atleta individualmente, mas que tem comprometimento com o grupo. Esperamos que esse casamento siga por muito tempo.

Frase de Crespo agora está estampada no vestiário do São Paulo no Morumbi — Foto: Felipe Espindola / saopaulofc

Frase de Crespo agora está estampada no vestiário do São Paulo no Morumbi — Foto: Felipe Espindola / saopaulofc

Relação com o treinador
–Crespo tem diálogo aberto com atleta. Ele é uma pessoa que trabalha em grupo. Você não vê o Crespo exaltar individualidades, e sim o grupo. Esse coletivo nos dá a sensação de que a mudança de perfil mostra que é um perfil diferente. Ganhar ou perder, questão do jogo. Temos que ter humildade e pés no chão, pois é um trabalho que está se iniciando. É compor a cada dia um tijolinho na construção de um São Paulo sério e competitivo. Houve integração do pessoal do Crespo com o nosso, com o pessoal da base. Ele tem trabalhado bem com a nossa mão de obra, que é muito boa.

A pessoa Crespo
–Ele é uma pessoa que tem uma simplicidade, abre caminho para diálogo, mostra do exemplo dele como profissional, o grande exemplo do trabalho como profissional. Ele consegue trazer todo mundo para uma proposta. Ele se esforça para reforçar a instituição, está falando português bem apropriado, fazendo curso, respeitando brasileiro, mídia.

Caça ao fim do jejum
–Torcedor quer conquista. Nós temos que cumprir jogo a jogo. No futebol, você tem que ser competitivo. Quando se chega várias vezes em semifinal, final, aumenta a chance de ganhar. Se chegar sempre entre os quatro primeiros no Brasileirão, você está perto da conquista. Tem que ser competitivo. Queremos que o time evolua para poder ter esse título esperado em disputa durante o exercício da gestão. Mas temos que ser competitivos. Quando o time era líder, estávamos estudando para reforçar. Chegaram seis, mais a base e os jogadores da campanha passada; eles fazem o São Paulo com muita energia.

Novidades
–Quero anunciar que teremos o Centro Avançado de Performance e Saúde do futebol que vai ter a coordenação do Moisés Cohen. Vamos ter as escolinhas de futebol não só para ser produto de licenciamento, mas ter conteúdo técnico alinhado com a filosofia de Cotia. As futuras terão slogan “Rumo a Cotia”, para a criança poderá aspirar em uma escolinha a chegar em Cotia. Teremos olheiros, captadores, integrando as escolinhas.

Julio Casares, presidente do São Paulo, e Hernán Crespo, treinador, no Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

Julio Casares, presidente do São Paulo, e Hernán Crespo, treinador, no Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

Campo financeiro
–Assumimos de dívida está aí no balanço, e não faço crítica à gestão anterior. Mas é uma realidade, com algumas dívidas na Fifa. Tivemos que se ordenar, olhando o campo e trabalhando de forma técnica. Realinhamento da dívida conversando com os credores. É reconhecer a dívida e olhar olho no olho do credor. Escalonamos, algumas até quitamos, e trabalhamos com crédito importante das instituições financeiras. No primeiro trimestre diminuímos 10% de custo das nossas despesas. Nossa área social caminha para autonomia plena. Isso desafoga o produto fim que é o futebol. Vamos aguardar patrocínio para valorizar a marca. No paralelo, temos que ter a engenharia para tornar o time competitivo. Os contratados são feitos de desempenho, atuação do Muricy e do técnico. Requer financeira ao lado de ousadia no marketing e futebol.

Como está a investigação do episódio do ataque ao ônibus do clube?
–É um caso do Ministério Público e está sendo investigado com confidencialidade. O São Paulo foi vítima. Nos colocamos de forma dura nesse sentido, pois machucou a instituição. O torcedor tem que ter essa consciência de não dar um tiro no pé. Como vítimas, aguardamos o posicionamento oficial.

Naming rights no Morumbi?
–Gostaríamos de tentar ter sucesso nessa operação, mas quando olha que acontece no mundo e no Brasil, ele se torna um pouco mais difícil. Discutimos isso: quando marketing senta para falar da área social ou do basquete, envolve o estádio. Tudo uma apresentação, não tenho uma perspectiva disso neste primeiro ano. A questão do patrocínio na camisa é visão para valorizar a nossa marca. Quem sabe na ativação do estádio, consigamos peças novas para o jogo. Todos os programas, reformas, ficam para uma segunda fase para um grande investimento.

– O ídolo é patrimônio, quando apresenta jogador mais o Alex, mais o Zetti, eles vêm aqui no Morumbi, porque aqui que tem que entrar as glórias do São Paulo, as fotos que estão na parente. Vi jogadores chorando quando viram aqui campeões sendo paraninfos. É uma mentalidade nova a valorização do Morumbi para, quem sabe, em 2022 ou 2023 comemorar um naming rights positivo.

Morumbi com naming rights? Projeto agrada a Julio Casares — Foto: Staff Images / CONMEBOL

Morumbi com naming rights? Projeto agrada a Julio Casares — Foto: Staff Images / CONMEBOL

Confira o balanço apresentado pela gestão são-paulina nesta sexta-feira:

  • 0% – Solução em construção (0)
  • 25% – Solução concluída, mas não iniciada a implementação (17)
  • 75% – Solução concluída e implementação em desenvolvimento (25)
  • 100% – Solução implementada (8)

As metas:

  • 1 – Implantar nova estrutura organizacional (75%)
  • 2 – Contratar executivos de notório conhecimento para áreas-chave (100%)
  • 3 – Descrever as funções de cada diretoria executiva, incluindo objetivos estratégicos (75%)
  • 4 – Definir e documentar nova política de remuneração, bem como indicação de plano de carreira (50%)
  • 5 – Revisar plano de contas (100%)
  • 6 – Estabelecer câmaras setoriais para áreas da estrutura organizacional e ações estratégicas (100%)
  • 7 – Criar grupo de aconselhamento com ex-presidentes (100%)
  • 8 – Estabelecer estrutura de controle interno para acompanhar o cumprimento restrito do orçamento aprovado (75%)
  • 9 – Estruturar a área e definir atuação das relações institucionais (75%)
  • 10 – Elaboração do painel de bordo para acompanhamento e divulgação dos objetivos e indicadores (KPI) (75%)
  • 11 – Definir estratégia para real implementação do SAP (50%)
  • 12 – Criar grupo de trabalho para desenhar processos e procedimentos nas áreas-chave (75%)
  • 13 – Criar o Comitê de Negociação e definir regras de atuação (100%)
  • 14 – Estabelecer programa para redução de despesas em diferentes níveis (75%)
  • 15 – Desenvolver programa de relacionamento com credores (75%)
  • 16 – Modernizar o portal da transferência da gestão incluindo informações da administração (75%)
  • 17 – Estruturar o departamento de compliane com áreas de análise e investigação (75%)
  • 18 – Revisar o código de conduta abordando todos os envolvidos nas operações (75%)
  • 19 – Implementar um sistema de gestão de compliance (50%)
  • 20 – Criar programa de engajamento para o sistema de gestão de compliance (50%)
  • 21 – Redesenhar a estrutura do departamento de futebol, incluindo Cotia (75%)
  • 22 – Integrar metodologicamente os centros de treinamentos (50%)
  • 23 – Estabelecer equipe própria e contratar para as áreas-chave no departamento de futebol (75%)
  • 24 – Modernizar o Reffis e a área médica (50%)
  • 25 – Criar critérios mensuráveis para negociação de atletas (75%)
  • 26 – Estabelecer bases para o programa de intercâmbio internacional (50%)
  • 27 – Implementar o CAF – Comitê Avançado do Futebol (75%)
  • 28 – Ter política para jovens de Cotia que ultrapassem a idade (100%)
  • 29 – Estabelecer política para conscientização da força de trabalho (50%)
  • 30 – Criar o setor popular no Morumbi (50%)
  • 31 – Implantar o camarote dos ídolos (75%)
  • 32 – Rever condições para compra de ingressos on-line (50%)
  • 33 – Criar o programa Torcedor do Futuro (75%)
  • 34 – Estruturar acesso e uso de cadeiras cativas (50%)
  • 35 – Ressignificar e reestruturar o programa sócio-torcedor (75%)
  • 36 – Criar embaixadas no Brasil e no exterior, incluindo benefícios (75%)
  • 37 – Concluir a nova estrutura da área social (75%)
  • 38 – Estabelecer critérios e controle das despesas da área social (100%)
  • 39 – Priorizar os projetos na área social com participação dos sócios (50%)
  • 40 – Estabelecer controle e informação sobre o orçamento social (75%)
  • 41 – Criar o CISP (Centro de Inovação do São Paulo) e sua estratégia de integração com futebol, marketing, programa sócio-torcedor e medicina (50%)
  • 42 – Desenvolver os e-sports (75%)
  • 43 – Monetizar a torcida como a quarta fonte de receita através de big data (50%)
  • 44 – Redesenhar a área de marketing incluindo diretoria comercial (75%)
  • 45 – Criar núcleo de integração comercial (75%)
  • 46 – Desenvolver cenários para o road show (50%)
  • 47 – Incrementar a monetização do Morumbi incluindo o concept hall (50%)
  • 48 – Criar programa de responsabilidade social e cultural (75%)
  • 49 – Contratar empresa especializada em comunicação institucional (100%)
  • 50 – Criar plano de comunicação interna e externa (50%)