Rascunho do São Paulo de Crespo ganha novos traços em semana maluca e 100%

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Pablo comemora com Crespo o gol da vitória do São Paulo contra o Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Paulistão - Divulgação / São Paulo FC
Pablo comemora com Crespo o gol da vitória do São Paulo contra o Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Paulistão Imagem: Divulgação / São Paulo FC
André Rocha – Colunista do UOL Esporte

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O São Paulo goleou o São Caetano por 5 a 1 no sábado, dia 10, pela 11ª rodada da primeira fase do Paulista. Na segunda, 12, venceu o Bragantino por 1 a 0, pela sétima rodada. Dois dias depois, novo triunfo: 3 a 2 sobre o Guarani, pela nona rodada. Fechando a maratona surreal na sexta com o “Choque-Rei” no Allianz Parque. 1 a 0, pela quinta rodada.

Quatro jogos em seis dias, por conta da paralisação do estadual pelo agravamento da pandemia em São Paulo. Jogos encavalados porque a CBF não abre mão do início do Brasileiro no dia 30 de maio. Os clubes que se virem.

Hernán Crespo tem se saído bem nessa insanidade. Os resultados valem muito para dar confiança e respaldo, mas o que importa é o rascunho de equipe ganhando novos traços. Sim, rascunho. Porque não existe “arte final” em menos de dois meses. Algo óbvio, mas que no futebol brasileiro precisa ser explicado.

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O sistema com três zagueiros tem sido a base, mas rodando o elenco e afirmando a ideia de utilizar o jovem Rodrigo Nestor no meio-campo, ratificada com gol sobre o São Caetano e bom desempenho no trabalho de área a área. E Daniel Alves sendo deslocado para a ala direita, como mais um articulador. Mas capaz de colocar intensidade na pressão pós-perda e servir Pablo no gol da vitória no clássico contra um Palmeiras desfalcado e juntando os cacos dos títulos perdidos em outra semana doida (e doída).

Mas o conceito de controlar o jogo pela posse de bola minimizando os riscos com forte perde-pressiona e organização defensiva vem sendo assimilado aos poucos. Crespo agradeceu em coletiva a boa base do trabalho de Fernando Diniz e vai resgatando peças como Luan e Igor Gomes entre os titulares.

Também afirmando o contestado Pablo, que marcou três dos 20 gols tricolores em oito partidas na competição. O treinador argentino já entendeu que o camisa nove não é artilheiro de média próxima a um gol por jogo, mas vai trabalhando em dupla com Luciano para preencher a área adversária e aumentar o poder de fogo do ataque.

Setor que ganhou Eder, opção interessante para dar profundidade. Principalmente quando cai pela direita, compensando um Daniel Alves que não chega tantas vezes ao fundo. Vitor Bueno vem sendo testado mais adiantado, abrindo espaço para o argentino Benítez começar a ganhar minutos no meio-campo. Ainda tem Miranda, em fase de preparação para entregar experiência e “grife” no centro do trio de zagueiros. Por enquanto, Arboleda, Bruno Alves e Léo vão dando conta na retaguarda.

É um elenco homogêneo se formando para as principais competições do ano. Como obstáculo, o contexto são-paulino de seca de títulos que torna o Paulista importante, sem deixar margem para priorizar a fase de grupos da Libertadores. Por isso as vitórias são fundamentais, para que Crespo faça testes e experiências sem as críticas resultadistas de sempre nos grandes clubes. Sem contar a boa vontade com o argentino que se esforça para falar o idioma da maioria de seus comandados.

O São Paulo alcança os 100% de aproveitamento em uma semana maluca, que lembrou a época da equipe de Telê Santana nos anos 1990 – só faltou disputar dois jogos no mesmo dia, como aconteceu em novembro de 1994, com partidas pelo Brasileiro e Copa Conmebol. Os tempos são outros, mas já é possível vislumbrar um time mais sólido no Morumbi.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL