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Thiago Fernandes
Hernán Crespo precisou de pouco menos de três meses para transformar o São Paulo que assumiu em 26 de fevereiro. Não foi só a forma de jogar, saindo do 4-4-2 do antecessor Fernando Diniz para o 3-5-2, mas também a mentalidade do elenco. Logo que chegou ao Morumbi, deixou clara a sua intenção com o grupo: queria transformar o time em protagonista. O título do Paulistão obtido sobre o Palmeiras, na tarde de ontem (23), no Morumbi, foi a prova de que o elenco sob o seu comando atua de forma diferente do que era feito na temporada passada.
Sob o comando de Fernando Diniz, o São Paulo chegou a liderar o Brasileirão com sete pontos de vantagem para o segundo colocado. Entretanto, a oito rodadas do fim, viu a distância despencar e perdeu a primeira colocação, terminando em quarto na competição.
O primeiro trabalho de Crespo era mudar o estado anímico do grupo em sua chegada ao Morumbi. Depois da temporada com uma queda de rendimento, que culminou na perda do título nacional, o treinador teve que trabalhar o lado psicológico e resgatar a confiança de seus comandados. Sem tempo para pré-temporada por causa da mudança de calendário devido à pandemia do novo coronavírus, foi obrigado a mudar a mentalidade dos atletas em meio aos jogos e aos raros treinos.
O trabalho feito no dia a dia no CT da Barra Funda foi testado no Campeonato Paulista e colocado à prova na decisão diante do Palmeiras, atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. A vitória por 2 a 0 mostrou que o perfil do treinador já pode ser identificado dentro das quatro linhas. O argentino, contudo, atribui a transformação ao elenco.
“A atitude dos atletas, quero parabenizar os atletas, eu penso que seguramente não estamos sozinhos, somos um time muito grande, somos uma equipe de 20 milhões de pessoas. Não é só a comissão técnica e os dirigentes, não só os atletas, é tudo maior”, afirmou em entrevista coletiva na noite de ontem (23).
A mudança também aconteceu dentro das quatro linhas. Crespo resgatou o esquema tático que se tornou o xodó do são-paulino na década de 2000, quando o clube venceu Libertadores, Mundial de Clubes e três edições do Brasileirão. O argentino abandonou o 4-4-2 de Fernando Diniz e passou a colocar em campo o 3-5-2.
Com três zagueiros e um esquema que privilegia a velocidade de alas e atacantes, conseguiu colocar o São Paulo no rumo das vitórias. Não à toa, fecha o Paulistão com 11 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota, o que lhe confere 77,08% de aproveitamento. O time marcou 38 vezes e sofreu 11 gols apenas.
No novo esquema, resgatou atletas que não vinham rendendo com a antiga comissão técnica. Dani Alves e Pablo são as ilustrações de atletas que não se destacavam anteriormente e se tornaram pilares do São Paulo de Hernán Crespo. O dono da camisa 10 deixou o meio de campo e voltou à lateral direita, posição em que se tornou um dos melhores do mundo por Barcelona, Juventus e Paris Saint-Germain. Tratado como reserva na temporada passada, sobretudo após a ascensão de Brenner, Pablo termina o Paulistão como artilheiro do São Paulo. Ele fez cinco gols no torneio.
Crespo, agora, tenta dar sequência ao trabalho que culminou no título Paulista para os jogos de Libertadores e Brasileirão. O próximo jogo da equipe será amanhã (25), às 21h30 (de Brasília), diante do Sporting Cristal (PER), no Morumbi, pela última rodada da fase de grupos.