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Casagrande
O São Paulo viu no Daniel Alves coisas que todos nós achávamos que ele tinha. Mas nos enganamos feio.
Enquanto o Daniel Alves jogava em grandes clubes da Europa, ganhando muitos títulos, pouco se sabia sobre sua personalidade.
Ele nunca foi o protagonista dos times em que jogou. As informações que tínhamos do Barcelona eram sobre Messi, não sobre Daniel Alves. Depois, na Juventus, ninguém falava do Daniel, mas do Cristiano Ronaldo, que ainda jogava no Real.
A gente começou a entender um pouco como ele se comportava quando foi para o PSG completar uma panela liderada pelo Neymar.
Teve aquela cena ridícula, desrespeitosa, em que ele arrancou a bola do Cavani, que já estava lá há um bom tempo, e deu para o Neymar bater a falta. Aquilo demonstrou como ele era dentro de um grupo.
Quando chegou ao São Paulo, com o discurso de que era um sonho jogar no time pelo qual torcia, pegou a número 10, quebrando a história de uma camisa importante, que já tinha sido vestida por grandes ídolos, como Gerson, Pedro Rocha e Raí.
Ele foi jogar no meio para tentar mostrar qualidade em uma posição na qual é preciso ser um craque para fazer a diferença, e não um ótimo lateral-direito.
Os jogos foram passando, e as coisas aparentemente indo bem, até chegar a hora em que a equipe precisou de uma liderança. Todos pensavam que seria o Daniel. Mas ele não demonstrou liderança alguma.
Quando começou a se falar na demissão do Fernando Diniz, ele saiu em forte defesa do treinador, que mantinha sua condição de jogar muito mal e não ser substituído nunca. Vimos o treinador ofender um jogador, o Tchê Tchê, ao vivo. Mas com ele, nem uma bronquinha tinha.
O Daniel Alves evitou jogar a sétima partida no campeonato. Ele já estava querendo sair do São Paulo. Sua tentativa de ser um “Messi” falhou porque ele está longe de ter a qualidade e o poder de decisão do craque argentino.
O Daniel viu o Tricolor fazer seu melhor jogo na temporada lá em Buenos Aires, contra o Racing, sem ele. Ele esteve como titular, falhando, no massacre contra o Palmeiras, sendo eliminado da Libertadores. Depois disso, não jogou mais.
Deixou o time na mão e foi para a Olimpíada ganhar mais um título. Voltou, foi convocado pelo Tite para as eliminatórias e não se apresentou mais ao São Paulo.
Cobrou o que o Tricolor lhe devia, com toda razão, mas não aceitou nenhuma tentativa de acordo que a diretoria fez. Resolveram rescindir o contrato, e saiu falando de falta de respeito.
Aí ele pareceu se achar mais importante do que o próprio clube. Parecia ter certeza de que brigariam por ele, pois ainda poderia jogar o Brasileiro por qualquer time. Recebeu proposta do Fluminense e sondagens de outras equipes. Acabou não fechando com ninguém.
Esta semana, ele deu uma entrevista. Criticou a diretoria e disse que ficar no São Paulo atrapalharia o sonho de ir para a Copa. E disse que o clube não tinha condições de tê-lo. Para mim, isso é se fazer de vítima. Não se faça de vítima, Daniel.
Daniel Alves pelo São Paulo — Foto: Staff Images / CONMEBOL
A culpa da dívida que o São Paulo tem com ele é exclusivamente do próprio Tricolor, que viu no Daniel coisas que todos nós achávamos que ele tinha, tipo liderança, talento para jogar no meio, ser um cara de grupo. Nos enganamos feio.
Ele disse que não vai jogar até o final do ano. Alegou que não é por dinheiro, mas por hombridade. Se fosse assim, poderia ter aceitado a proposta do Fluminense, que era ótima para qualquer jogador.
Termino esse texto lembrando que a seleção brasileira precisa de jogadores com amor pela camisa de verdade, não da boca para fora. Todo tipo de amor aparece com atitudes, e não com palavras.
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