Palmeiras em outra final, São Paulo no meio da crise: o que aconteceu desde a final do Paulistão nos rivais

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Times viveram caminhos diferentes desde o título tricolor; nesta noite, duelo é pelo Brasileirão.

O Campeonato Paulista de 2021 fez o São Paulo encerrar um jejum de títulos e impediu o Palmeiras de garantir uma taça na atual temporada.

Mas o clássico desta quarta-feira, às 20h30 (de Brasília), seis meses depois, mostra que os caminhos dos rivais foram bem diferentes desde aquela decisão estadual.

Do dia 23 de maio, quando venceu o Palmeiras na final, até o confronto válido pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro, o São Paulo construiu uma campanha com apenas 36,4% de aproveitamento, com 10 vitórias, 17 empates e 16 derrotas, o que mantém os tricolores na luta contra o rebaixamento na reta final da competição nacional e eliminado das copas.

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Os números dos palmeirenses, que estão na terceira posição e vão decidir a Libertadores na semana que vem, contra o Flamengo, são bem superiores: 61,78% de aproveitamento em 41 partidas, com 23 vitórias, sete empates e 11 derrotas no período.

Palmeiras x São Paulo, pelas quartas de final da Libertadores — Foto: Staff Images / Conmebol

Palmeiras x São Paulo, pelas quartas de final da Libertadores — Foto: Staff Images / Conmebol

O que aconteceu com o Palmeiras

Abel Ferreira se emocionou com homenagem na Academia do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Abel Ferreira se emocionou com homenagem na Academia do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Logo após perder a final para o São Paulo e acumular o terceiro vice na temporada (antes vieram da Supercopa e Recopa Sul-Americana), o Palmeiras viveu um dos pontos mais baixos em 2021 ao ser eliminado pelo CRB, dentro do Allianz Parque, na terceira fase da Copa do Brasil.

Abel Ferreira, que já havia recebido críticas de parte da torcida antes das decisões, voltou a ser cobrado naquele momento, e no início da recuperação no Brasileirão chegou a ter divergências com a diretoria por conta da falta de reforços.

Depois de alinhar o discurso, o Verdão arrancou até a liderança no campeonato nacional e emplacou nove vitórias seguidas, contando também a Copa Libertadores. Se a movimentação no mercado não era a desejada pelo português, o clube contou com a volta do ídolo Dudu do Catar.

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Apagado no primeiro mês no clube, o camisa 43 teve seu primeiro grande momento neste retorno justamente no Choque-Rei, pelas quartas de final da Libertadores. O atacante foi um dos destaques no empate por 1 a 1 no Morumbi e deixou o seu na vitória por 3 a 0 no Allianz, que classificou o Verdão.

A vaga diante do rival precedeu a queda de rendimento no Brasileirão, que tirou o Palmeiras da briga com o Atlético-MG. Apesar de ter chegado a uma série de sete partidas sem vencer, o Verdão eliminou o Galo com dois empates na Libertadores e avançou à final contra o Flamengo, marcada para o próximo dia 27, em Montevidéu, no Uruguai.

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Abel Ferreira, com seis finais e dois títulos conquistados, comemorou no início do mês um ano completo à frente do Verdão, com direito a homenagens dos funcionários. Ele já é um dos comandantes mais longevos neste século no clube.

Até o domingo, quando perdeu de virada para o Fluminense, o Verdão vinha em uma sequência de seis vitórias seguidas, com desempenho em evolução a partir da volta de Gustavo Scarpa com Raphael Veiga e Dudu entre os titulares.

Além da decisão na Libertadores, o Palmeiras está às vésperas da eleição presidencial. A conselheira e patrocinadora Leila Pereira concorre no próximo sábado como candidata única. Caso eleita, ela terá de tomar as decisões para começar a montagem do elenco e diretoria para 2022.

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O que aconteceu com o São Paulo

Rogério Ceni em São Paulo x Flamengo — Foto: Marcos Ribolli

Rogério Ceni em São Paulo x Flamengo — Foto: Marcos Ribolli

Logo após vencer o Paulista, o São Paulo fez 3 a 0 sobre o Sporting Cristal, na Libertadores. Na sequência, o time entrou em parafusos. Nos 11 jogos seguintes, só venceu um, o 4 de Julho, na Copa do Brasil – havia perdido o jogo de ida, e depois, na volta, goleou por 9 a 1.

Nas outras nove partidas, todas pelo Brasileiro, nenhuma vitória. O primeiro triunfo no torneio só aconteceu na 10ª rodada, sobre o Internacional, em Porto Alegre.

Àquela altura, o São Paulo já figurava na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Desde então, mesmo nos melhores momentos, nunca se colocou na metade de cima da tabela.

Os argumentos para explicar as dificuldades tricolores variaram. O título Paulista foi um, dada a atenção que o clube entregou para conquistar uma taça após mais de oito anos; as muitas lesões que se seguiram à disputa do estadual, que o time iniciou sem férias ou pré-temporada, também.

A conquista do torneio em São Paulo já é uma memória distante para quem tenta se salvar da degola, e as lesões já se tornaram mais raras do que antes. O time, porém, não conseguiu repetir as boas atuações – com poucas exceções – do primeiro semestre.

Com 24 gols, São Paulo tem o pior ataque do clube na história do Campeonato Brasileiro

Se no Paulista o ataque tricolor era o trunfo do time – nos 21 primeiros jogos da temporada, fez 44 gols (média de 2,09) –, hoje o setor definha: são 24 gols em 32 jogos no Brasileiro, média de 0,75, no que deve se transformar no pior ataque do São Paulo em Brasileiros, em todos eles.

Nesse período, o São Paulo também sofreu dois reveses importantes: a eliminação nas quartas de final da Copa do Brasil, contra o Fortaleza, e, mais traumática, a derrota para o Palmeiras, também nas quartas, mas da Libertadores – no jogo de volta, no Allianz Parque, a equipe foi atropelada pelo rival desta quarta-feira.

Hernán Crespo deixa o comando do São Paulo

A saída do técnico Hernán Crespo, após empate por 1 a 1 com o Cuiabá, na 25ª rodada, ainda não gerou a reação esperada pela torcida. Agora, com Rogério Ceni, são sete jogos e oito pontos conquistados – 38% de aproveitamento, abaixo dos 39,6% do São Paulo no total do Brasileiro.

O risco de rebaixamento fez com que torcedores da principal organizada tricolor fossem ao CT da Barra Funda, na última terça-feira, para um encontro com jogadores e com o coordenador Muricy Ramalho. Os relatos são de que houve cobrança, sem agressões.

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