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Treinador tenta desenvolver postura diferente nos atletas após goleada sofrida para o Flamengo.
Após a derrota por goleada para o Flamengo, no último domingo, pela 32ª rodada do Brasileirão, o técnico Rogério Ceni fez um diagnóstico sobre a parte psicológica do time do São Paulo: é um elenco muito calado dentro de campo.
O descontrole emocional do Tricolor ficou evidente na última partida, principalmente no primeiro tempo, quando o time sofria uma derrota por 2 a 0 e Jonathan Calleri deu um carrinho com força desproporcional que ocasionou na sua expulsão aos nove minutos de jogo.
Depois desse momento, o São Paulo não conseguiu se organizar em campo, e a derrota por 4 a 0 só não foi maior pelos erros de finalização da equipe do Flamengo no segundo tempo.
Calleri durante São Paulo x Flamengo — Foto: Marcos Ribolli
A parte anímica deste elenco já é algo destacado desde o início da queda de rendimento na temporada. Após o Paulistão, a equipe demonstra dificuldades em campo, principalmente quando sai atrás do placar.
– É um time mais calado. Jovens calados. Mais velhos que não têm como característica serem jogadores eloquentes. Um time quieto. Estamos tentando desenvolver isso nos jogadores, que falem antes e durante a partida. Quanto mais cantado o jogo for, menos energia você gasta e mais bem posicionado está. É um time calado – disse Ceni, sobre o elenco.
O ge, então, ouviu os comentaristas da Globo que também foram jogadores e sabem da importância de se falar durante as partidas e como isso pode afetar para o bem ou para o mal.
Nesta quarta-feira, às 20h30, o São Paulo terá que juntar os cacos da derrota para o Flamengo e se reerguer emocionalmente para enfrentar o Palmeiras, no Allianz Parque, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Com 38 pontos ganhos, o time está na 15ª colocação, a dois pontos da zona de rebaixamento.
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Caio Ribeiro
– Acho que essa falta de comunicação que o Rogério se refere, é uma característica desse elenco do São Paulo, tem muito a ver com a cobrança. É importante que você cobre o seu companheiro, que você oriente o cara que está do seu lado em uma cobertura ou um bote para sair um pouco mais. Mas principalmente no sentido de alerta. Quando as coisas não estão funcionando, e essa é a realidade do São Paulo, não adianta aceitar passivamente. Tem que cobrar. E essa cobrança é interna.
– Muitas vezes a imprensa e o torcedor não ficam sabendo, mas ela tem que existir no vestiário. Tem que existir esse tipo de fala entre os jogadores para não aceitar a posição que o São Paulo se encontra neste momento no campeonato. Não é fácil você jogar próximo ou dentro da zona de rebaixamento, não é fácil jogar com a cobrança da torcida, com as críticas da imprensa e acima de tudo com sua autocrítica sabendo que você pode render mais do que está rendendo.
– Quando o momento é ruim, quando o campeonato chega nessa reta final que se decide campeão, zona de Libertadores e os rebaixados para a Série B, a pressão é enorme. Você perde a confiança, joga intranquilo, se você erra o primeiro passe é difícil você dar a volta por cima no mesmo jogo. Foi exatamente o que aconteceu no jogo contra o Flamengo. Um erro em uma saída de bola, um gol com um minuto de jogo e com 3 minutos estava 2 a 0, com 10 minutos o São Paulo tinha um jogador a menos. É hora de falar pouco, a não ser que seja internamente, e trabalhar bastante. Mas acima de tudo ter equilíbrio emocional. Jogar com um a menos é ver o jogo ir embora.
Seleção sportv analisa a expulsão do Calleri no São Paulo x Flamengo
Grafite
– Comunicação em campo é importante para tudo. Quando você tem um time que se comunica, jogadas que saem erradas podiam ter outro desfecho se tivesse comunicação. Um exemplo é o primeiro gol do Flamengo. O Liziero domina a bola, olha e ninguém grita “ladrão”. O Flamengo roubou a bola e fez o gol.
– Mesmo depois do 2 a 0, em momento nenhum eles se cobraram por uma postura melhor dentro de campo para tentar se organizar defensivamente ou organizar tecnicamente. O São Paulo só teve uma equipe unida quando foi cobrar o Michael. Fora isso, não teve. Equipe que quer ser vencedora tem que se comunicar, falar. Quando eu joguei no São Paulo, o Rogério falava, o Lugano falava, o Luis Fabiano, que era mais experiente, o Junior…
– Você tem que ter alguns. Hoje você tem o Miranda, que é um líder nato, mas o Miranda é muito introvertido, não é de falar, se expressar muito. Aí vai das características de certos jogadores.
– E no futebol brasileiro quando você tem um elenco jovem, como o do São Paulo, precisa desses caras mais experientes para dar uma dura, falar que está muita bagunça. O Rogério não fala isso no sentido negativo, mas positivo de que precisa ter comunicação, precisa ter líderes. E hoje o São Paulo não tem como na minha época.
Miranda no aquecimento antes de São Paulo x Flamengo — Foto: Marcos Ribolli
Casagrande
– Um time que não fala em campo é facilmente engolido pelo adversário que está mais vibrante. Tem que falar, gritar para motivar. Tem que aplaudir o companheiro, tem que dar uma dura no companheiro. Um time calado é engolido.
– Os jogadores do São Paulo estão claramente abatidos psicologicamente. A situação não é fácil, o São Paulo nunca esteve tão em risco de cair para a Série B como agora, e esses jogadores estão sendo pressionados, cobrados pela torcida, pela própria direção. Então a situação não é fácil, e o lado psicológico pesa. Quando pesa, o jogador não consegue desempenhar aquilo que ele sabe.
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