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Eduardo Rodrigues
Lateral-direito é de Sinop, mesma cidade do técnico (e ídolo); em entrevista ao ge, destaque do Tricolor também fala sobre amizade com Rafinha e marca curiosa atingida no Morumbi.
Igor Vinicius não esconde de ninguém: o seu maior desejo é renovar com o São Paulo e seguir no clube que o projetou para o cenário nacional do futebol. Com contrato até o final de 2022, as conversas entre seus agentes e o Tricolor estão em andamento.
Enquanto isso não se concretiza, o lateral-direito vai contrariando as estatísticas e acumulando cada vez mais jogos com a camisa do São Paulo. Não importa se o clube contrata Daniel Alves, Juanfran ou Rafinha. Igor Vinicius vai fazendo seus jogos e evoluindo.
– A chegada desses jogadores sem dúvida nenhuma acrescentou muito no meu crescimento aqui dentro. Já falei em outras oportunidades que as pessoas costumam pegar as coisas pelo lado negativo. Eu nunca vi por esse lado, confio muito em mim, sempre procuro o lado positivo das coisas. E os números estão aí, sempre jogando em alto nível, com todos os treinadores que têm passado por aqui. Então significa muito para mim, significa que o trabalho está sendo bem feito – afirmou o jogador em entrevista ao ge (assista à íntegra acima).
Nesta temporada, mesmo com a contratação de Rafinha, Igor Vinicius não perdeu o prestígio. Muito pelo contrário. O técnico Rogério Ceni tem utilizado o lateral com frequência. Já são 19 jogos na temporada e dois gols marcados.
Igor Vinicius em atividade no CT da Barra Funda, do São Paulo — Foto: São Paulo FC
No último domingo, diante do América-MG, o gol da vitória marcado por Patrick saiu de um cruzamento na medida de Igor Vinicius. Além da assistência, o resultado colocou o lateral no topo de uma estatística inusitada.
Igor Vinicius se tornou o jogador com mais jogos consecutivos sem perder no Morumbi. Já são 38 partidas de invencibilidade com ele em campo, deixando para trás Pedro Rocha, que com 37 partidas detinha o recorde.
– Fiquei muito feliz, muito. É uma conquista pessoal que eu fiquei muito honrado. Fica para a história, para a carreira, então acho que dificilmente alguém vai bater e espero continuar aumentando essa marca – contou.
– E eu fui saber só quando empatei com o Muller. O pessoal começou a falar na rede social, e ali eu busquei saber quantos tinham o primeiro, e era 37, o Pedro Rocha. Vi que dava para bater e jogo a jogo eu estava com esse pensamento de chegar e conseguir. Muito feliz, e espero continuar vencendo no Morumbi e aumentar essa marca. Algo que vou contar para os meus filhos e netos – acrescentou.
Aos 33 min do 1º tempo – gol de cabeça de Patrick do São Paulo contra o América-MG
Os sonhos pessoais têm caminhado com Igor Vinicius nesses três anos e meio de São Paulo. Além de atuar junto com seu ídolo Daniel Alves, o lateral também conseguiu ser treinado pela sua maior inspiração de infância: Rogério Ceni.
Nascido em Sinop, Mato Grosso, Igor Vinicius cresceu escutando histórias do goleiro-artilheiro que saiu da mesma cidade para ganhar o mundo a partir do Morumbi. Era inevitável não pensar que um dia ele poderia seguir os passos do “Mito”.
– Talvez foi o que mais me fez acreditar nisso, porque ele saiu de lá e conseguiu se tornar o maior ídolo da história do clube. Então hoje ter ele como treinador é muito legal. É uma satisfação, uma honra. Eu tento aprender o máximo com ele, e eu acho que com o Rogério é onde tenho tido bastante jogos decisivos. Então quero continuar pela confiança que ele me passa, pela liberdade que ele me dá de atacar, então agradeço muito ao Rogério também.
Veja outros trechos da entrevista
Como está a sua renovação com o São Paulo?
– O clube sabe muito bem minha posição, que sou um cara muito feliz aqui dentro, estou há três anos e meio, já tenho uma história aqui, então a minha vontade é renovar e as conversas estão acontecendo. Ainda não chegou a um acordo, mas já tem conversas e espero que mais para frente decida algo.
Desde que você chegou, grandes nomes apareceram no clube, como Daniel Alves e Rafinha, e você segue jogando. O que pensa sobre isso?
– É muito legal estar jogando ao lado de grandes craques que já tem uma história tão linda no futebol. História de carreiras, de títulos e para mim, jogar com o Daniel… Era meu ídolo, um ídolo que tenho na posição e para mim foi umas das grandes conquistas da carreira. Aprendi muito com ele, era um cara que me ensinou bastante. Teve também o Juanfran, agora o Rafinha, que é um cara por quem eu tenho uma admiração enorme.
– Minha relação com o Rafinha no dia a dia é a melhor possível, é um paizão que eu tenho, um cara que me dou muito bem. A chegada desses jogadores sem dúvida nenhuma acrescentou muito no meu crescimento aqui dentro. Já falei em outras oportunidades que as pessoas costumam pegar as coisas pelo lado negativo. Eu nunca vi por esse lado, confio muito em mim, sempre procuro o lado positivo das coisas. E os números estão aí, sempre jogando em alto nível, com todos os treinadores que têm passado por aqui. Então significa muito para mim, significa que o trabalho está sendo bem-feito.
Você foi perguntado inúmeras vezes sobre o que o Daniel Alves te ensinou. Mas o que o Rafinha tem te passado e o que você já aprendeu?
– Você aprende mais observando, a gente não tem muito esse papo. Lógico que uma hora ou outra ele dá um toque de posicionamento, de saber a hora certa de avançar, de cadenciar o jogo, porque é um cara experiente, um cara que já jogou todos os tipos de jogos. Então orienta nesse sentido.
Daniel Alves foi um dos concorrentes de Igor Vinícius no São Paulo — Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net
Você é um cara discreto, que não aparece nas redes sociais. Mas você deve saber que muitas vezes recebe críticas da torcida…
– Cada jogador tem o seu lado de lidar com essas coisas. Cada jogador se vira de uma maneira. Eu procuro trabalhar e entrar dentro de campo em cima do que faço no dia a dia, que eu trabalho muito. Minha confiança vem disso, no dia a dia trabalhando forte e conseguindo fazer boas partidas.
Você vê essas críticas? Como você lida com isso?
– Todo mundo vê, quem é que não vê? (risos). Não tem como. Rede social hoje as pessoas usam muito para criticar. Se você for pegar são 20 milhões de torcedores, você não vai conseguir agradar todo mundo, mas como tem muita gente que critica tem muita gente que apoia também, e eu sou muito grato aos torcedores que confiam em mim e me elogiam em rede social e em público. Fico muito feliz de estar agradando.
Você chegou ao São Paulo com 21 anos, era um garoto. Hoje, aos 25, você olha para trás e pensa o quê? Qual o balanço desse tempo?
– Está sendo um período muito bom na minha carreira. Eu tinha o sonho de jogar em um grande clube. Quando eu estava na Ponte Preta, jogando a Série B, e começou a sondagem do São Paulo eu tive sondagem de outros clubes grandes também. Mas junto com meu empresário a gente conversou e decidiu que o São Paulo era a melhor opção. Você vir para o São Paulo e ficar três anos e meio é algo que tem muito para se comemorar. Então eu acho que com muito trabalho, dedicação, não ligar para as críticas, saber que em um clube grande você vai ter que sempre jogar em alto nível.
– Eu vi uma entrevista muito legal do Gabriel Menino que ele falou que o treinador disse pra ele que o jogador tem altos e baixos na carreira, mas o grande jogador é aquele que fica menos tempo possível embaixo. Achei muito legal, isso é bacana. Acho que para você jogar em um clube tem que sempre jogar em alto nível, mas você sempre tem que saber que uma hora ou outra você vai cair e tem que saber levantar o mais rápido possível, porque não há tempo para ficar se lamentando.
Você é de Sinop, a mesma cidade que Rogério Ceni despontou para o futebol. Quando ele passou por lá, em 1990, você não era nem nascido…
– Eu tinha o sonho de jogar aqui porque o Rogério saiu lá da minha cidade. Eu sou de Sinop e é difícil conseguir sair de lá, vir para São Paulo, e eu tinha esse sonho por causa do Rogério também. Talvez foi o que mais me fez acreditar nisso, porque ele saiu de lá e conseguiu se tornar o maior ídolo da história do clube. Então hoje ter ele como treinador é muito legal. É uma satisfação, uma honra. Eu tento aprender o máximo com ele, e eu acho que com o Rogério é onde tenho tido bastante jogos decisivos. Então quero continuar pela confiança que ele me passa, pela liberdade que ele me dá de atacar, então agradeço muito ao Rogério também.
Rogério Ceni e Igor Vinicius em Bragantino x São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Mas você ouvia falar muito dele por lá quando criança?
– Tinha jogos comemorativos, de final de ano, beneficentes. Eu não tenho foto, mas eu devia ter uns oito, nove anos, jogava na escolinha e eu entrei com ele. Era o primeiro da turma dos meninos e entrei com ele. Quando ele chegou aqui, a primeira conversa que tive com ele eu comentei sobre isso. Só que na época não tinha muito isso de foto, hoje em dia é muito mais fácil, e eu não consegui achar nenhuma foto. Perguntei para o pessoal, mas não consegui achar. Desde essa época tinha o sonho de ser jogador e eu já me espelhava muito nele, apesar de ser goleiro. Mas eu falo pela história, pelo que conseguiu. Sair de Sinop e conquistar o espaço dele, fazer história. Eu tinha muito isso na minha cabeça. Ele me motivou muito mesmo sem me conhecer. Para mim é uma admiração e um respeito maior ainda.
Com Ceni às vezes você tem jogado como ala. No segundo tempo contra o América, por exemplo, o Rafinha foi para a lateral e você jogou mais avançado. Isso te agrada? Você gosta de jogar assim?
– Ele (Ceni) até me cobra. Ele fala: “Igor, te dou essa liberdade porque você tem força e tem que chegar na linha de fundo, arriscar as jogadas. Se fosse para jogar construindo eu coloco o Rafinha. Você está ali para isso”. A gente não tem muito por característica jogadores de velocidade, que atacam o espaço. Então acho que consigo fazer esse papel e por isso também tenho tido bastante oportunidades e tenho feito boas partidas. Quando você tem essa liberdade, costuma chegar mais na área, fica mais fácil de você dar uma assistência. Agora estou finalizando muito mais também, porque ele treina muito comigo, cruzamentos, e acredito que venho melhorando bastante nessa parte do último terço em tomar as melhores decisões.
Quais momentos mais positivos e negativos com o São Paulo?
– Felicidade maior é o título do Campeonato Paulista. Aquele campeonato joguei muito, os dois jogos da final porque o Daniel Alves machucou no primeiro jogo. Aquele título foi muito importante, porque a gente vinha numa seca de títulos de muitos anos. Foi um momento de emoção, felicidade.
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