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Leonardo Miranda
Flamengo e São Paulo tentam encontrar forças e fraquezas em mais um duelo quente pela Copa do Brasil.
Um confronto que virou rotina e quase rivalidade nos últimos anos. São Paulo e Flamengo voltam a se encontrar pela Copa do Brasil, no Morumbi, às 21h30 (de Brasília) desta quarta-feira, valendo uma vaga na final. O confronto de ida é na próxima quarta.
Além dos jogos quentes entre os dois, o duelo marca a chance de consolidar o trabalho dos dois treinadores. Dorival Júnior andava em baixa quando assumiu o Flamengo e conseguiu reação impressionante. Já Rogério Ceni, em baixa após crise no próprio Fla, chegou para a vaga de Crespo num trabalho que envolve a reconstrução financeira do clube.
Dorival Júnior e Rogério Ceni se cumprimentam em São Paulo x Ceará — Foto: Marcos Ribolli
Os dois treinadores possuem ideias de jogo bem claras. Seus times são espelhos dessas ideias. Por isso, o caminho para vencer o jogo pode entender justamente onde estão os pontos fortes de cada time. Vamos a eles?
São Paulo: meias flutuam atrás do centroavante (e fazem muitos gols assim)
Desde que se decidiu por usar o esquema com três zagueiros, Rogério Ceni viu alguns jogadores crescerem de rendimento. É o caso de Igor Gomes e Patrick. Luciano, voltando a boa forma, também. É um típico caso do casamento entre o esquema tático e a característica de cada jogador.
A trinca de zaga faz o São Paulo projetar os alas. Gabriel Neves, desfalque no jogo de hoje, fica mais recuado. Com isso, Calleri ganha a junção de Nestor, Luciano e Patrick, com Igor Gomes fazendo esse trio de meias que se movimenta atrás de Calleri, nas costas dos volantes adversários. Esse espaço que sobra entre a defesa e o meio, chamado de entrelinha, é o lugar onde o time mais gosta de atacar.
O funcionamento do ataque do São Paulo — Foto: Reprodução
O Flamengo vai precisar redobrar a atenção nessa movimentação. Com Patrick, o Tricolor ganha um rompedor de linhas que avança o tempo todo ao ataque. O mesmo com Luciano, que é um segundo atacante que busca bastante a bola da defesa e ajuda a povoar esse espaço. Ainda assim, Dorival deve manter a estrutura com Thiago Maia sendo o primeiro volante e João Gomes e Everton Ribeiro nos lados.
Um exemplo de um gol gerado por essa movimentação é o primeiro do jogo de volta das quartas, contra o América. Calleri sai da área, puxa a marcação e abre a lacuna para Igor Gomes e Luciano acelerarem no espaço vazio. O passe foi dado por Igor Vinícius. Como os dois alas ficam sempre abertos, o São Paulo gosta de atacar de fora para dentro e cresce quando Calleri sai da área.
Gol feito pelo São Paulo mostra mecanismo de ataque — Foto: Reprodução
Flamengo tem artimanha para deixar Éverton Ribeiro livre
Já o Flamengo gosta de atacar de um jeito totalmente diferente. Começando pelo esquema, que é um 4-3-1-2, o losango no meio-campo. Quando o time tem a bola, esse esquema se desmancha inteiro. O posicionamento que o Fla faz é o seguinte: os zagueiros e os laterais ficam mais na defesa, recuados mesmo. Dois dos três volantes se juntam a esse recuo.
O intuito é atrair a marcação. Fazer os atacantes e meias do adversário subirem para tentar a roubar a bola. Isso acontece e um espaço fica mais desprotegido: justamente onde Éverton Ribeiro circula, totalmente solto em campo, para receber a bola e armar o time.
Ataque do Flamengo: volantes ajudam a atrair a marcação — Foto: Reprodução
Se o São Paulo cair na armadilha e avançar a marcação, Everton encontra o espaço. Ele recebe a bola livre para conectar com Arrascaeta, Pedro e Gabigol. Rodinei cesce quando faz ultrapassagens. E é nesse momento que o Flamengo causa estrago na defesa, por que os atacantes mais talentosos ficam no mano a mano, sem cobertura – lembra que a cobertura foi atraída pra frente?
Caminho para São Paulo pode estar no lado direito
Além dos pontos fortes de cada equipe, os times também têm lacunas na defesa.
Quando o Flamengo é atacado, normalmente o lado direito é o que sofre mais. Isso porque Everton Ribeiro, que faz a trinca de volantes, nem sempre volta protegendo o setor. Rodinei muitas vezes se vê sozinho, como nesse lance, em que ele ou marca o adversário com a bola, ou marca a ultrapassagem. Os dois…não tem como! E são nessas dobras que o Fla leva cruzamentos e é ameaçado.
Defesa do Flamengo: sem proteção no lado direito — Foto: Reprodução
Já o São Paulo apresenta falhas quando os encaixes de marcação não dão certo. E por isso, Gabriel Neves vai fazer falta. Ele é a sobra: o volante que faz a cobertura da zaga e se posiciona para evitar o avanço de alguém. Aqui na imagem abaixo, ele faz a sobra na zaga e permite que Diego saia do centro e vá até ao lado, supostamente o espaço de Igor Vinícius.
Encaixes individuais do São Paulo — Foto: Reprodução
A dúvida do São Paulo passa justamente aí: quem poderá ser o primeiro volante? Pablo Maia não foi bem assim contra o ceará, e Rogério pode até improvisar um zagueiro para fazer a função.
Já o Flamengo não tem segredo: vai com força máxima, o que só reforça a tese de que será um duelo de imposições, de convicções de ideias de jogo.
Que vença o melhor.
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