GazetaEsportiva
Marcelo Baseggio e Iúri Medeiros
O presidente Julio Casares, do São Paulo, e Andres Rueda, do Santos, falaram nesta última terça-feira sobre a criação de uma liga única no Brasil. Ambos os dirigentes atualizaram a situação das negociações e mostraram otimismo que a ideia sairá do papel em breve.
Atualmente, a discussão da criação de uma liga é debatida por dois grupos: Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e LFF (Liga Forte Futebol do Brasil). São Paulo, Santos, Corinthians e Palmeiras fazem parte do primeiro grupo, que concentra os clubes mais populares do país.
Por outro lado, a LFF agrupa mais equipes no cenário nacional, como: América-MG, Atlético-MG. Atlético-GO, Athletico, Avaí, Brusque, Ceará, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sampaio Côrrea, Sport, Tombense e Vila Nova.
Em evento realizado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) nesta terça-feira, Rueda falou sobre os principais motivos para a criação da liga.
“O princípio é ter competições mais disputadas para evitar o que acontece na Espanha. Para você fazer isso, alguém tem que ceder, não dá para dividir o bolo se mais de uma pessoa leva mais da metade do bolo. Os clubes estão dispostos a fazer isso. Se eles estão dispostos, é sentar na mesa e se acertar. Mas é difícil, tem interesse, vaidade… É uma quebra de cultura, cultura que domina por muito tempo aqui. Está andando bem, mas duas ligas (Libra e LFF) estão fazendo reuniões constantes. A ideia é chegar a um consenso e deixar o projeto de pé. A possibilidade de aumentar inúmeras receitas, tem tudo indo nesse sentido e sou muito otimista. Acho que rapidamente deve ser sacramentado e acontecer. A grande mudança é a profissionalização, algo que os clubes nunca conseguiram fazer”, comentou o mandatário santista.
Casares manteve o discurso otimista, alegando que a organização do futebol brasileiro precisa de uma gestão profissional. “Sou otimista, acho que a Libra tem união de grandes clubes, o outro segmento (LFF) está conversando, não tenho dúvida que vai unificar. Precisamos ter uma gestão profissional. Já foi o tempo de grandes dirigentes ligados aos clubes. Não é profissional. Os clubes têm que estar em um Conselho de Administração e colocar um CEO, que será cobrado por resultados. É preciso de lobby no congresso nacional para que a indústria não seja penalizada. A condição de fazer o espetáculo, os agentes todos… vi que os bandeirões foram liberados e não vejo bandeiras no estádio. Então ninguém trabalha a favor do produto. Agora, não podemos cometer erros do passado”, disse o dirigente tricolor.
Casares também falou sobre o que está faltando para os dois grupos se acertarem e unificarem de vez os interesses em comum. Falta superar a vaidade. Na hora que o dinheiro tiver na mesa e chegar, terá uma correria. Tem dois grupos econômicos e que você tem uma divisão mais ou menos estipulada, por um lado que tem os clubes de São Paulo, do Rio você tem Flamengo, Botafogo e Vasco, Grêmio, Cruzeiro, Guarani, você tem uma força. Se você falar que chegou 1bi de dólares para dividir, vai ser uma correria. É uma casa que tá faltando pão, alimento, mas o pão chegando… primeiro precisa superar vaidade. A Liba fez a terceira ou quarta assembleia, a Libra está caminhando. Um quer ser o pai da criança, outro quer falar que tem a história do futebol brasileiro, nada acontece sem minha participação. Os grandes do Rio, Rio Grande do Sul e Minas Gerais estão juntos”, completou.
Apesar da criação da liga englobar apenas os times das séries A e B, Rueda acredita que equipes de divisões menores (C e D) também podem ser beneficiadas pelo novo cenário do futebol brasileiro.
“Tenho certeza que isso (criação da liga) vai ajudar a fomentar as ligas menores. O sucesso dessa modelagem, o jeito do produto ser exposto, de uma maneira diferente, sem dúvida vai trazer frutos para séries menores. Eles vão colher essa mudança. Todos estarão unidos para se extrair o máximo de receita. O futebol inglês fatura mais com a venda internacional do que a própria receita de divulgação do campeonato na Inglaterra. Tenho certeza que as outras séries vão ter vantagem dessa união”, disse Rueda.
A tendência é que mais reuniões aconteçam nas próximas semanas entre os dois grupos para que se chegue a um consenso. A questão da divisão de receita ainda é um entrave, mas os dirigentes que compõem o bloco da Libra afirmam que a tendência é de acordo.
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