Caso Pedrinho: medida protetiva proíbe contato com ex-namorada, que relata perseguição e abusos

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Documento de 56 páginas com denúncia de Amanda Nunes contra o atacante do São Paulo tem ainda 13 fotos tiradas pela polícia para comprovar como ela estava no dia do depoimento

Globo Esporte

O ge teve acesso ao Termo de Pedido de Concessão de Medida Protetiva para Amanda Nunes, ex-namorada do jogador Pedrinho, do São Paulo, que registrou denúncia contra o atacante por violência doméstica, ameaça, injúria e lesão corporal no dia 27 de fevereiro, na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) Norte, na capital paulista.

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Alerta: a sequência do texto tem relatos fortes de agressões físicas e sexuais.

Além de ter relatado no Boletim de Ocorrência que levou socos, puxões de cabelo e foi ameaçada de morte pelo jogador, que na última sexta-feira pediu afastamento de suas atividades no Tricolor, Amanda declarou à polícia que Pedrinho vinha apresentando comportamento abusivo e agressivo havia muito tempo.

Em questionário respondido com auxílio profissional, Amanda afirmou que Pedrinho em algum momento disse algo parecido com “se não for minha, não será de mais ninguém”. Que o jogador a perseguiu e a vigiou em locais públicos, além de ter proibido de visitar amigos ou familiares.

Pedrinho participa de treino no São Paulo — Foto: São Paulo FC

Na mesma lista de perguntas, Amanda respondeu afirmativo quando questionada se o atacante do São Paulo a proibiu de trabalhar ou estudar, a impediu de ter acesso a dinheiro, conta bancária ou outros bens e teve comportamentos de ciúme excessivo ou controle sobre ela.

A Justiça determinou, então, as seguintes medidas protetivas, previstas em lei, a favor de Amanda:

  • Pedrinho está proibido de se aproximar a menos de 300 metros de Amanda e seus familiares;
  • O atacante não pode frequentar ou se aproximar da residência da ex-namorada;
  • O jogador não pode entrar em contato por telefone, internet ou qualquer meio;
  • E fica proibido de postar, compartilhar ou comentar publicações de Amanda.

Nesse documento de 56 páginas, onde estão os relatos registrados para Amanda, ainda há 13 fotos que comprovam os machucados que ela relatou no momento da denúncia. É possível ver hematomas na perna e no braço direito, além de arranhões no rosto, mão direita, pescoço, costas, região da costela e dorso. Há também imagens que mostram cortes na boca a escoriações no rosto.

Na última sexta-feira, o advogado de Pedrinho colocou o jogador à disposição da polícia para um depoimento, mas a delegada do caso quer primeiro ouvir Amanda, o que deve ocorrer no início desta semana. Depois disso, o atacante do São Paulo será intimado para das esclarecimentos.

O que motivou a denúncia?

De acordo com o registrado pela polícia, Amanda declarou que no dia da discussão que a fez ir à delegacia, Pedrinho arremessou o aparelho celular contra ela, atingindo sua coxa direita. Além disso, ela disse que teve a blusa rasgada e suas maquiagens e bolsa jogadas no lixo pelo atacante.

A ex-namorada do jogador do São Paulo relatou também que rompeu o relacionamento e voltou para casa. Mas que, no mesmo dia, por volta das 18h30, Pedrinho a chamou para comer um lanche. Nesse encontro, ela conta que pediu a ele para comprar maquiagens novas.

Depois disso, segundo Amanda registrou no Boletim de Ocorrência, Pedrinho a xingou dizendo que ela “não prestava e que era puta como as amigas, um lixo e tinha que virar prostituta”. Além disso, ela contou que foi ameaçada de morte por ele.

Nessa discussão, Amanda diz que levou socos e tapas no rosto, socos nas costas, puxões de cabelo e que, para se defender, mordeu a perna de Pedrinho. Na sequência, a ex-namorada do atacante diz que ele a levou para o estacionamento de onde mora e pediu para ter uma relação sexual.

No Boletim de Ocorrência, ela afirma que, depois de ter negado, voltou a levar tapas e socos. No documento, a polícia registrou que Amanda estava com sinais visíveis das lesões por ela citada e que foi fotografada para que isso ficasse anexado ao processo.

Depois de conseguir sair do veículo do jogador, Amanda relatou que foi seguida por ele. Pedrinho, então, disse que havia ligado para a mãe dela. Ela voltou para o carro e foi deixada em casa por ele.

Utilidade pública

O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher. Além de receber denúncias de violações contra as mulheres, a central encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.

O serviço também tem a atribuição de orientar mulheres em situação de violência, direcionando-as para os serviços especializados da rede de atendimento. No Ligue 180, ainda é possível se informar sobre os direitos da mulher, a legislação vigente sobre o tema e a rede de atendimento e acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade.

Além do número de telefone 180, é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo serviço. No site está disponível o atendimento por chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Também é possível receber atendimento pelo Telegram. Basta acessar o aplicativo, digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.