Michel Araújo, do São Paulo, relembra infância dura: “Cheguei a passar fome”

128

Em entrevista a jornal uruguaio, meia recém-chegado ao Morumbi conta sobre dificuldades antes de se tornar jogador

Um dos últimos reforços do São Paulo na temporada, o meia Michel Araújo contou, em entrevista ao jornal El País, do Uruguai, sobre as dificuldades que enfrentou na infância, antes de se tornar jogador de futebol.

No relato, ele conta que passou fome, que não fala há anos com a mãe e lembrou do período em que o filho pequeno, com asma, sofria com a umidade do apartamento humilde em que viviam no centro de Montevidéu.

– Cheguei a passar fome. Chegava do treino e não tinha nada mais do que café e açúcar em casa – disse Araújo, que estudava num colégio publico de tempo integral, onde se alimentava inclusive nas férias.

Publicidade
Gol de Michel Araújo em São Paulo x Puerto Cabello — Foto: Marcos Ribolli

– Quando éramos pequenos, meus pais faziam tudo para que não nos faltasse comida, mas realmente faltava. Nós comíamos, eles não. À noite, era um copo de leite e dormir – completou o meia, que tem seis irmãos.

– Foi uma infância dura, mas nos serviu muito para poder nos dar gana de seguir adiante.

Araújo, de 26 anos, contou também que hoje não se relaciona mais com a mãe.

– Tentei várias vezes (se aproximar) e não funcionou. Não houve intenção do outro lado, e o melhor foi cortar na raiz. Estou tranquilo. Minha família são meus filhos, meus irmãos, o resto em depois – afirmou, sem revelar o que causou o distanciamento.

– Com meu pai eu me dou, ainda que seja uma relação complicada. Com minha mãe já faz muitos anos que não falo.

Araújo se tornou pai cedo, aos 17 anos, quando nasceu Lautaro.

– Fomos morar na Ciudad Vieja (centro de Montevidéu). Era um lugar cheio de humidade, com um quarto e banheiro. Nosso filho sofre de asma e lhe fazia muito mal viver ali por causa da humidade.

Hoje, com uma vida mais confortável, conta que não é de se dar a luxos:

– Tem valor dobrado chegar nesse nível de qualidade de vida saindo de onde saímos. Eu vejo meu filho estudando em uma boa escola, tendo tudo o que tem e é um motivo de muito orgulho. Não somos de luxo, investimos dinheiro onde é preciso, principalmente no colégio do meu filho e em coisas que valem a pena.

Araújo chamou a atenção quando defendia o Racing, do Uruguai. Sondado pelos grandes de seu país, Peñarol e Nacional, ele disse que não teve dúvidas de escolher seu destino quando soube que o Fluminense o queria.

Teve uma primeira temporada com 40 jogos no time do Rio até ser emprestado ao Al Wasl, dos Emirados Árabes. Voltou em 2022, mas sem espaço com Fernando Diniz, mudou mais uma vez quando recebeu uma ligação de Rogério Ceni, então técnico do São Paulo:

– Sua chamada foi o que fez trocar de equipe e vir (ao São Paulo).

O sonho ainda é o de defender a seleção de seu país.

– A seleção uruguaia me gera uma ilusão enorme. Poder me destacar num time grande, como o São Paulo, e neste futebol que é tão competitivo, sem dúvidas abre uma grande chance de poder chegar à seleção.

Globo Esporte