UOL
Demétrio Vecchioli
A busca por ingressos para os jogos decisivos do clube na Copa do Brasil, especialmente, e na Copa Sul-Americana, fez com que o São Paulo aumentasse em 275% a sua receita mensal com o programa Sócio Torcedor, que vinha sendo o calcanhar de Aquiles das finanças do clube.
O relatório Convocados, da Galápagos Capital, que destrincha as finanças do futebol brasileiro, expôs isso. “Um destaque é o São Paulo, que tem parcela menor de sócios-torcedores em relação ao total de receitas”, diz o documento.
Em 2022, enquanto o Palmeiras chegou a R$ 106 milhões em ‘match day’ graças a R$ 50 milhões arrecadados com o Avanti, o São Paulo, que teve bilheteria maior, fechou o ano com R$ 83 milhões na soma porque só faturou R$ 18 milhões com o Sócio Torcedor. Uma média de R$ 1,5 milhão por mês, que se manteve entre janeiro e março de 2023 também.
Agora, considerando a divisão dos 63.622 sócios pelos planos, na proporção informada pelo São Paulo no site do programa, esses associados pagam ao clube R$ 5,6 milhões ao mês. Um aumento de 275% na comparação com a média do ano passado, e que prevaleceu até março deste ano
Classificação e jogos
Diamantes valiosos
Esse aumento, que teve início principalmente após a classificação para a semifinal da Copa do Brasil, se dá menos pelo crescimento no número de sócios (que foi de 35 mil para 63 mil, não chegando a dobrar), e mais porque, desde a vitória sobre o Corinthians, ele se concentra exclusivamente no plano mais caro.
Entre o dia 18 de agosto e ontem (11), o São Paulo ganhou cerca de 10,5 mil sócios, segundo o contador que consta no site do programa, enquanto que o número de associados ao plano ‘Diamante’ cresceu em cerca de 10,8 mil pessoas, considerando novas assinaturas e ‘upgrades’.
Esse é o plano mais caro oferecido pelo São Paulo, custando R$ 200 ao mês, e ele tinha uma base pequena de clientes. Mas a situação mudou depois que seus principais benefícios (prioridade para comprar ingresso para si e para quatro acompanhantes) se tornaram úteis em jogos com potencial de terem ingressos rapidamente esgotados, como os jogos contra Corinthians e Flamengo.
Se, há dois meses, nem 5% dos sócios-torcedores eram do plano ‘Diamante’, agora eles correspondem a 26% da base. São quase 17 mil pessoas pagando R$ 200 ao mês e gerando uma receita potencial de R$ 3,3 milhões, mais do que todos os demais planos somados.Continua após a publicidade
Dinheiro certo?
Essa receita é contínua, por pelo menos seis meses, porque a assinatura exigia um plano no mínimo semestral, com o torcedor realizando uma compra de R$ 1.200 em seis parcelas no cartão de crédito. Em determinado momento deste mês, o São Paulo foi além e passou a restringir as novas assinaturas ao pagamento de um plano anual. No caso do Diamante, de R$ 2.400, divididos em 12 parcelas.
Considerando que o sócio pode encerrar o contrato depois do pagamento da primeira parcela (de R$ 200), desde que pague 50% do valor restante (R$ 500 no plano semestral), são 10 mil pessoas que asseguram ao São Paulo uma receita de pelo menos R$ 7 milhões. Ou R$ 12 milhões se elas permanecerem até o fim do contrato de seis meses. Ainda mais para os contratos anuais.
Isso pode significar, inclusive, dinheiro na mão do clube para quitar dívidas, já que em uma venda parcelada, vendedor (no caso, o São Paulo) pode optar por fazer o adiantamento dos recebíveis, mediante o pagamento de uma taxa.
Bilheteria também cresce
Com a melhor média de público de sua história, o São Paulo também está batendo seus recordes de renda. Levantamento da coluna do Danilo Lavieri, do UOL, mostra que o clube já arrecadou R$ 29,8 milhões em bilheteria só no Brasileirão. Contando também Paulistão, Sul-Americana e Copa do Brasil, a renda já superou R$ 50 milhões.Continua após a publicidade
Com a possibilidade de arrecadar até R$ 30 milhões na final da Copa do Brasil e com quase meio Brasileirão ainda por jogar, o São Paulo deve ser aproximar dos R$ 103 milhões de renda bruta que o Flamengo, líder do ranking, teve no ano passado.
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