Nestor resiste a troca de técnicos, supera desconfiança da torcida e vira herói no São Paulo

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Autor de gol do título da Copa do Brasil e assistência no primeiro jogo da decisão, camisa 11 é protagonista de finais contra o Flamengo: “Foram noites terríveis de sono”, disse

Nas últimas três temporadas, ninguém entrou em campo mais vezes com a camisa do São Paulo do que Rodrigo Nestor. Técnicos chegaram e saíram do CT da Barra Funda, críticas foram ouvidas no Morumbi, mas o meia resistiu.

No domingo, anotou o gol que deu ao São Paulo um título que o clube jamais tinha conquistado. Nestor já tinha sido importante na primeira partida da final contra o Flamengo ao colocar a bola na cabeça de Calleri no gol da vitória no Maracanã. Em casa, marcou um golaço que apagou o fogo do time carioca, que tinha acabado de abrir o placar.

Nestor chorou ao comemorar o gol, chorou quando o árbitro apitou o fim do jogo.

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– Sempre fui campeão na base, minha intenção era trazer isso para o profissional. No começo, fomos campeões, depois batemos na trave duas vezes. Confesso que foram noites terríveis de sono, e você traz para si uma culpa que não é só sua. Deus me deu muita força, para a minha família, pra passar por um momento como esse – disse o meia após a partida.

Nestor está em sua quarta temporada no São Paulo, mas firmou-se de verdade em 2021.

Desde então, sempre figurou entre os jogadores que mais atuaram em cada ano. Nesses três anos, foram 162 jogos – ninguém jogou tanto.

Sob o comando de Hernán Crespo, teve participação importante inclusive na final do Paulista, com assistência para o gol de Luciano na decisão contra o Palmeiras.

Tornou-se protagonista no ano seguinte, com Rogério Ceni no banco. Marcou nove gols e deu 11 assistências. Neste ano, com Dorival, passou a atuar mais aberto pelo lado esquerdo.

Rodrigo Nestor comemora gol do São Paulo contra o Flamengo — Foto: Ettore Chiereguini/AGIF

Mesmo com esses números, não se livrou das críticas de torcedores.

– Esse título é merecido. Eu como pai, e a família, sofremos demais. Fomos pra Córdoba ano passado (na final da Sul-Americana) e sofremos demais. Torcedor é paixão. Hoje foi o dia dele. Quando tem que acontecer, acontece na hora certa e do jeito que aconteceu aqui hoje – afirmou o pai de Nestor, José Antonio.

Foi ao pai, aniversariante no domingo, que Nestor dedicou o gol no Morumbi.

Quando o meia tinha 11 anos, José Antonio levou a família para Itupeva, no interior de São Paulo, seduzido por uma proposta de emprego. Nestor não precisou abandonar o sonho do futebol: o garoto se deslocava quatro vezes por semana até a capital para treinar, no Tricolor e no Juventus.

Pouco mais de um ano depois, foi convidado pelo Tricolor para ficar alojado no CT de Cotia.

Aos 23 anos, Nestor é visto com uma das principais joias do São Paulo. Recentemente, recebeu sondagens do Zenit, da Rússia, mas as conversas não avançaram. O contrato dele com o clube vence em fevereiro de 2028.

Globo Esporte