Rafinha, do São Paulo, admite incômodo por poucas chances na seleção brasileira e diz por que não aceitou jogar pela Alemanha

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Capitão do São Paulo na conquista da Copa do Brasil, Rafinha tem uma carreira repleta de glórias e títulos por diversos clubes, entre eles Bayern de Munique e Flamengo. Mas, mesmo com um currículo pesado assim, nunca teve uma sequência na seleção brasileira – e isso o incomoda.

Em entrevista ao programa Boleiragem, do SporTV, o lateral-direito não fugiu da pergunta sobre frustração de nunca ter atuado com frequência na seleção, especialmente no auge da carreira, quando era peça importante do Bayern.

“Me incomoda. Não vou ser hipócrita e falar que não. Já perdi muita noite de sono com isso, principalmente quando tava no Bayern de Munique. No período de 2013 até a Copa de 2018. As duas Copas. Em 2014, tinha o Maicon e o Daniel que estavam voando, mas eu tinha a expectativa por estar jogando. Guardiola tinha acabado de chegar no Bayern. Joguei mais de 120 partidas com ele, titular, disputando título. Quando saía a convocação, eu esperava muito”, lembrou Rafinha.

Revelado pelo Coritiba e com carreira na Alemanha, Rafinha chegou a ser chamado pelo técnico Luiz Felipe Scolari três meses antes do Mundial de 2014, para um amistoso contra a África do Sul. O lateral foi titular e atuou os 90 minutos na vitória por 5 a 0, mas não foi chamado na convocação final.

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“Uma convocação antes da Copa, o Felipão me convocou para um amistoso contra a África do Sul. A gente ganhou, mas, com todo respeito, era uma seleção muito inferior, não ia mudar. Ele também não ia me convocar por causa de um jogo. Ele ia me convocar pelo que eu estava fazendo no meu clube. Mas não me convocou. Aí fica a frustração. Você está jogando no Bayern, titular, com o melhor treinador do mundo, sendo campeão. Em 2013, ganhamos todos os títulos e nem uma chance eu tive”.

Ao ficar fora da Copa disputada no Brasil, Rafinha tomou a decisão de pedir para não ser mais convocado a partir de 2015. Na mesma época, chegou a ser sondado para atuar pela Alemanha, mas, na hora de ser chamado pelo país, voltou atrás na ideia.

“Naquela época, teve uma situação que o treinador da Alemanha queria me convocar. Aí ele foi na minha casa, foi no Bayern, entrou em contato com os jogadores. Lahm estava se aposentando, aí ele falou ‘ó, o Rafinha está na Alemanha faz tempo, pode levar para o meu lugar’. Aí fui, tirei meu passaporte alemão e aí teve o problema. No começo eu não poderia porque tinha jogado o Mundial sub-20 pelo Brasil e naquela época não podia”, explicou Rafinha.

“Depois, liberou que quem jogasse só categoria de base poderia mudar e eu não tinha problema nenhum. Teve um amistoso Alemanha x Inglaterra e falaram que eu ia ser convocado. Na hora eu falei, ‘não é justo isso, vou ter que jogar pelo Brasil’ e também não fui. Na Alemanha eles avisam muito tempo antes e os jogadores me falaram que eu ia ser convocado, mas aí meu coração não foi… aí em 2015 bateu o arrependimento. Falar de seleção brasileira, eu tenho que agradecer o Dunga. Foi o único treinador que falou que ia me convocar, me convocou e botou para jogar”.

Agora com 39 anos, Rafinha renovou contrato com o São Paulo e vai atuar mais uma temporada antes de encerrar a carreira.

Rafinha durante amistoso da seleção brasileira contra a África do Sul, em Johanesburgo, em 2014 Alexander Joe/Getty Images

ESPN