Adaptável ao elenco e disciplinado: conheça o estilo de Zubeldía, novo técnico do São Paulo

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O São Paulo deu início à era Luis Zubeldía na última segunda-feira. O treinador argentino foi apresentado e dirigiu o primeiro treino à frente da equipe no CT da Barra Funda.

Zubeldía ainda não conhece afundo o elenco tricolor. Apesar de já acompanhar o time nos últimos anos, em razão do confronto recente quando ainda comandava a LDU, ele ainda quer avaliar melhor o grupo antes de tomar decisões e definir o estilo de jogo da equipe. Mas, na primeira entrevista, deu algumas pistas de como fará isso.

O argentino disse ser adaptável às características do elenco que possui em mãos. Ele elogiou o plantel “diversificado” do São Paulo, que reúne atletas de características distintas e o permite montar o time de diferentes maneiras.

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Ele costuma moldar suas equipes para atacar de forma mais vertical, mas ressaltou que está trabalhando para ajudar seus times a construírem de maneira mais pausada, rodando a bola com paciência em determinados momentos. Sem a bola, ele gosta que os jogadores saibam exatamente os espaços que precisam ser ocupados dentro de campo.

“Há certos princípios de jogo, com e sem bola, que vamos respeitar desde o primeiro jogo. São princípios que eu considero importantíssimos para termos uma equipe bem configurada. Há uma adaptação da minha parte, dia após dia, jogo após jogo. Tenho que ter mais de um modelo de jogo. Teremos Brasileirão, Copa Libertadores, depois vem a Copa do Brasil. Há lesões, jovens que estão no plantel. E, como disse antes, distintas características de jogadores que me permitem utilizá-los em diferentes situações, dependendo do contexto. Considero que nosso corpo técnico é pratico, não tenho dúvidas que vamos nos adaptar rapidamente à essas situações”, afirmou Zubeldía.

“Sem bola, é importante ter claro os movimentos para que a equipe trabalhe de maneira mais organizada, de maneira inteligente, e aplicar energia no momento certo, no setor em que é preciso aplicá-la. Com bola, com o tempo fui aprendendo a fazer ataques não tão verticais, tratar de dar um pouco de pausa, para que a equipe trabalhe um pouco mais compacta, dê uma sequência de passes. Tenho aprendido isso nas diferentes ligas que trabalhei. Uma coisa é na Argentina, outra na Colômbia, México ou Equador. O melhor é saber explorar quando há o espaço. Se há o espaço agora, é hora de atacá-lo. Se não há espaço, pausamos e construímos o ataque com paciência”, acrescentou.

Um dos pilares dos trabalhos do treinador argentino é a disciplina. Ele deixou claro a afeição por um time que pense no coletivo antes do individual e carrega este conceito ao longo de sua carreira.

“Creio que alguns princípios táticos, com e sem bola, são adaptáveis a qualquer contexto. Um dos pilares é a disciplina, a comunicação, para podermos atingir o patamar que queremos. Não é tão complexo, são conceitos de jogo que podem ser adquiridos rapidamente. Quanto mais rápido, melhor, claro”, disse o comandante.

Zubeldía acredita que todos os atletas de um plantel precisam estar em sintonia com o modelo de jogo proposto, pois cada um receberá sua oportunidade em algum momento. Ele evita comparações com outros técnicos do futebol mundial e busca por em prática o método de trabalho dele próprio.

“Aqueles jogadores que não estão tendo muitos minutos, com um bom treinamento, vão ter suas oportunidades. Aqueles que não estão jogando têm que estar bem treinados, porque vai chegar a hora deles jogarem. Que seja um minuto, pode ser a glória do clube. Tenho experiência nesse sentido. A única coisa que tenho que fazer é deixá-los o mais preparados possível. Podem chegar lesões, tomara que sejam poucas, mas vão chegar. O plantel tem que estar bem preparado”, comentou.

“Há vários treinadores que sigo, mas o mais importante no fim do dia é ser eu mesmo. Gosto do estilo de jogo bem realizado, que não está forçado. Posso gostar de um jogo bem associado, mas se vejo um técnico que trabalha com um jogo mais direto, e o faz bem, dou os créditos. Dizer um ou dois nomes não tem sentido, o mais importante é ser eu mesmo com o grupo de trabalho, estar permanentemente em evolução. O futebol vai mudando, as regras vão mudando. A minha referência é ser cada dia um pouco melhor”, concluiu.

Zubeldía foi anunciado como novo treinador do São Paulo no sábado. Um dia depois, ele acompanhou a vitória por 3 a 0 sobre o Atlético-GO, no Antônio Accioly, pelo Campeonato Brasileiro. Ele foi contratado para substituir o técnico Thiago Carpini, demitido na semana passada, e recolocar o time no eixo.

O treinador, campeão da Sul-Americana com a LDU no ano passado, assinou contrato com o clube até 2025 e trouxe cinco profissionais para sua comissão: os assistentes Maxi Cuberas, Carlos Gruezo e Alejandro Escobar, o preparador físico Lucas Vivas e o analista Carlos Burbano.

Zubeldía iniciou sua carreira em 2008, com apenas 27 anos de idade, à frente do Lanús. Ele abandonou sua carreira como jogador de futebol profissional em virtude de uma grave lesão no joelho. O técnico também passou por Racing, Barcelona de Guayaquil, Santos Laguna-MEX, Independiente Medellín, Alavés-ESP e Cerro Porteño.

A estreia do argentino pode acontecer nesta quinta-feira, contra o Barcelona-EQU, em Guayaquil, pela Libertadores. A diretoria do São Paulo corre contra o tempo para regularizar o técnico a tempo da partida, que ocorre na quinta-feira, às 21h (de Brasília). Se ele não puder ficar à beira do gramado, o interino Milton Cruz deve comandar a equipe no Equador.

Gazeta Esportiva