Zubeldía explica ida ao São Paulo após desencontro: “Tive outras propostas, mas queria estar aqui”

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“Quando falei com o presidente, fechamos em cinco minutos”, revelou novo treinador do Tricolor

Luis Zubeldía foi apresentado como novo técnico do São Paulo na manhã desta segunda-feira, no CT da Barra Funda. Aos 43 anos, o argentino deve fazer sua estreia na próxima quinta-feira, às 21h, diante do Barcelona, em Guayaquil, pela terceira rodada da fase de grupos da Conmebol Libertadores.

Campeão equatoriano e da Sul-Americana na temporada passada pela LDU de Quito e com 15 anos de carreira, Zubeldía se disse feliz por ter o São Paulo cruzando seu caminho novamente, já que em janeiro ele acabou não ouvindo a proposta tricolor, que optou pela contratação de Thiago Carpini.

Segundo o treinador, em cinco minutos de conversa com o presidente Julio Casares ele já tinha aceito a proposta para comandar o Tricolor.

– A primeira sensação é de felicidade. Chego de 15 anos me preparando com meu grupo de trabalho e sinto que esta profissão nos demanda preparação constante. Como a amo, o futebol tomou um tempo lógico para que nossos caminhos se cruzassem. Em janeiro nos falamos, mas por questões pessoais, por ter saído de outro clube, de outro país, precisava de um tempo para me preparar para o próximo desafio. Depois, nos cruzamos e não duvidei em assumir, pela grandeza do clube, do elenco.

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– Tive várias ofertas, de várias ligas, mas queria estar aqui. A prioridade foi me recompor em todos os sentidos para poder aceitar novos desafios. Mas sempre tive a sensação que nos cruzaríamos.

– Nos enfrentamos na Sul-Americana e senti que meu destino podia estar aqui. Quando falamos com o presidente, em cinco minutos fizemos o acordo. Foi uma conversa muito sincera. Contei o que tinha acontecido em janeiro e mostrei a minha gana de chegar. Meus objetivos são os mais altos possíveis – complementou.

O técnico foi perguntado sobre o primeiro contato com o coordenador Muricy Ramalho, que em janeiro havia criticado o treinador e dito que ele teve “muita pose” ao não se reunir com a diretoria tricolor. Ele minimizou a situação:

– Foi muito bom, com todos. Já vão conhecer o nível de compromisso que tenho com os clubes, naquele momento eu não estava disponível para um desafio. Era por um respeito ao clube. Para mim é muito importante estar bem para dar o melhor. O contato com todos foi muito bom, com respeito, entendendo o papel de cada área, vamos andar bem – destacou.

Zubeldía esteve em Goiânia no domingo e acompanhou a vitória do Tricolor por 3 a 0 contra o Atlético-GO, na terceira rodada do Brasileirão. A primeira impressão foi positiva:

– Nos treinamentos vou poder ter um diagnóstico mais certeiro para preparar minha ideia de jogo. Mas conheço o grupo, nos enfrentamos e vejo muito o Brasileirão. Estou contente, e o tempo que pode chegar a demandar a minha ideia, não se sabe, mas espero que seja o mais rápido possível. O mais importante é que conto com bons jogadores – destacou.

O treinador foi perguntado sobre o seu estilo de jogo e disse que o elenco apresenta opções para vários desenhos táticos.

– O mais importante é o que falamos com a diretoria é que há jogadores de diferentes características, dentro de uma ideia maior, planificar partidas de diferentes maneiras. Pode jogar com dois atacantes, vários volantes, extremos. Apesar do calendário, ter jogadores que se adaptam a várias situações acelera minha adaptação. Vamos ter poucas sessões de treinamento.

Sobre a utilização de James Rodríguez, hoje machucado, Zubeldía disse que ele brigará por vaga:

– É importante todos os jogadores no melhor nível. Não importa o nome. Cada jogador necessita de um atenção particular, mas todos têm que pensar em função da equipe. A equipe é maior. Mas nem todos são iguais. Com um jogador se fala de um jeito, onde lhe toca a tecla, com outro de outra maneira. A idade, a cultura, são diferentes. Temos que estar atento a poder questionar cada jogador. Mas devem pensar na equipe.

Veja mais trechos da coletiva:

  • Preocupação com lesões

– Por isso comecei dizendo que era importante ter a maior parte do elenco em bom momento, o calendário é duro, são muitas viagens. Entendemos que as lesões sejam menos possível, para isso se tem um elenco grande. Para que quem não tenha muito minutos, possa ter oportunidade. Aqueles que não estão jogando precisando estar bem treinados, vão jogar. Pode ser por um minuto, pode ser a glória do clube. Como profissional, precisa estar o mais bem preparado possível. As lesões vão acontecer, que sejam poucas, mas vão acontecer. Tenho que treiná-los bem. A equipe vai precisar

  • Mais da parte tática

– Certos princípios de jogo, com bola ou não, vamos respeitar desde a primeira partida. Depois, há uma adaptação da minha parte, dia a dia, onde tem a ver com o modelo de jogo, com Brasileirão, Libertadores, que é diferente, Copa do Brasil… Há lesões, juvenis que estão no plantel… Vamos nos adaptar rapidamente.

– Creio que há certos princípios táticos que para nós são adaptáveis a qualquer contexto. Um dos pilares é a disciplina, a comunicação, para chegar onde queremos. Não é tão complexo. São conceitos de jogo que se podem adquirir rapidamente.

– Sem bola, é importante ter as três alturas do campo, dos movimentos, para que a equipe seja organizada, de maneira inteligente. Com bola, com o tempo, vamos aprender a fazer ataques não tão verticais, dar uma pausa para a equipe trabalhar mais compacta depois de uma sequência de passes. Isso vim aprendendo nas ligas em que trabalhei. A minha maneira de sentir o que se respeita à fase com bola, o melhor é saber manejar o tempo. Se janela se abre ou se faz com paciência.

  • Duelo com Barcelona de Guayaquil

– Tenho carinho pelo Barcelona, sempre querem que eu volte. Nesse respeito, vou defender as cores do São Paulo. Sou agradecido a um clube que se portou bem comigo.

  • Uso da base

– Tive vendo a idade dos jogadores do elenco, está bem equilibrado. É uma equipe jovem. Antes de jogar com o Barcelona tenho três treinos, dois aqui e um lá. Cada sessão nos dá informação. Para mim todas são importantes, cada minuto me dá informação dos mais jovens. Eu treino muitos jovens. Dependendo do que eu vejo, do que eu preciso, tomaremos decisões.

  • Reforços

– Hoje é inoportuno falar do que falta. Não conhece o elenco na totalidade. Tenho conhecimento anterior pelo que vi, mas vou terminar de conhecer no dia a dia. O elenco está bem formado e, a partir daí, os jogadores têm que fazer sua parte, o corpo técnico e a diretoria também. Mas me parece que o elenco está bem e, por isso, assumi o compromisso.

  • Presença dos dirigentes no vestiário

– Eu gosto de trabalhar em equipe, cada um respeitando em sua área. Se tenho que falar de futebol, não tenho problema. Sou um treinador seguro, sempre com respeito. Como não vamos a ter diálogo, a estar em contato? Mas o secreto de uma organização é de que cada um respeite seu papel. Não é um problema. Respeito é importante, é o que sempre vou pedir.

  • Libertadores

– A Libertadores é a obsessão. É muito importante. Lembro quando vencemos a Sul-Americana, o que queríamos era jogar a Libertadores para ir o mais longe. É a obsessão de todos que já a venceram, ou os que não, como eu, que vamos trabalhar para poder vencê-la. Mas a Libertadores é muito dura, tem que atender a cada partida de maneira diferente.

– São Paulo é um gigante. Está bem, pode estar melhor, e trabalharemos para estar melhor. São Paulo sempre foi muito respeitado internacionalmente. Jogadores e torcedores rivais se motivam contra o São Paulo. Nos obriga a nos prepararmos cada vez mais.

  • Impressões sobre o futebol brasileiro

– A técnica, creio que o profissionalismo é mais forte do que pensam todos. Falo com muitos treinadores do Brasil e todos elogiam o profissionalismo e a estrutura dos clubes. É bom para o jogador continuar evoluindo. Eu, como treinador, foco na técnica. Técnica, mais esse profissionalismo, podem render coisas muito positivas

Globo Esporte