GloboEsporte
Leonardo Lourenço
Treinador tem respaldo de dirigentes, mas realidade pode atropelar juras feitas na internet.
No futebol, promessas de dirigentes têm validade curta. Podem durar só até a próxima partida. O técnico Hernán Crespo, do São Paulo, acordou na última quarta-feira respaldado por publicações do diretor Carlos Belmonte e do presidente Julio Casares em redes sociais, ambos garantindo o emprego do argentino sob qualquer resultado na Copa do Brasil.
Há também uma visão ainda mais descrente de declarações como essas, que as aproxima de um aviso prévio.
A Crespo, há menos de um ano no Brasil, o conselho é não se fiar a juras como essas. Melhor tratar de voltar a entregar resultados.
Hernán Crespo em jogo do São Paulo contra o Fortaleza — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
O início promissor no São Paulo já parece distante. O time ofensivo, protagonista – termo que Crespo repetiu e repetiu ao chegar ao Morumbi – e goleador que venceu o Paulista é hoje só uma boa memória. O São Paulo que se vê em campo erra muito, ataca mal e luta pouco.
As duas últimas eliminações foram semelhantes. Contra o Fortaleza, na derrota por 3 a 1 na Copa do Brasil, na última quarta, ou contra o Palmeiras, na Libertadores, o São Paulo falhou e jogou num ritmo distante do que se espera em uma partida decisiva de mata-mata.
Em setembro, o que resta ao time agora é o Brasileiro.
E no Brasileiro, a realidade, por ora, é a de fugir do rebaixamento, papel do qual a equipe não conseguiu se livrar após 20 jogos, agora com as desculpas esgotadas.
É elogiável a postura da diretoria de garantir Crespo, que conseguiu se esquivar das críticas até aqui. Elas geralmente miram o goleiro Tiago Volpi, o atacante Pablo ou mesmo o departamento médico do clube.
David comemora o terceiro gol do Fortaleza; são-paulinos lamentam ao fundo — Foto: Kid Jr. / SVM
Crespo demonstrou boas ideias, fez o time jogar bem e sofreu com desfalques que se acumularam rodada a rodada. A diretoria investiu tempo e dinheiro em sua contratação.
Mas é preciso ir além da retórica. A Crespo, o exemplo do antecessor lhe serve de precaução. Fernando Diniz teve o emprego garantido por Casares, recém-eleito no São Paulo, em janeiro. A promessa não suportou a pressão, e Diniz deixou o cargo antes do fim do Brasileiro de 2020.
O técnico agora terá tempo para armar o time e recentemente ganhou dois reforços – Calleri, que nem estreou ainda, e Gabriel.
No equilibrado Brasileiro, em que sete pontos separa o São Paulo do Corinthians, que abre o G-6, é permitido sonhar com um futuro mais digno. A realidade, porém, é livrar-se da degola.
É a realidade que pauta decisões de cartolas. Promessas na internet são efêmeras. Melhor Crespo não se prender a elas e já tratar de buscar uma vitória contra o Atlético-GO, domingo, às 16h, no Morumbi.
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