GloboEsporte.com
Alexandre Lozetti
Cenário do futebol brasileiro pós-Copa impõe ao São Paulo, no mínimo, uma reflexão profunda sobre sua casa.
O GloboEsporte.com publicou levantamento que apontava o São Paulo com o pior aproveitamento como mandante no ano entre os clubes da Série A, antes ainda da derrota para o Bahia, no Morumbi, pela Copa do Brasil. De 10 meses para cá, a equipe perdeu pela primeira vez para um argentino em seu estádio – o inofensivo Colón –, viu ruir um tabu de 16 anos diante do rival Palmeiras e seu desempenho desabar.
A dificuldade de imposição vem se traduzindo em eliminações frequentes para adversários dos mais frágeis – o São Paulo não venceu, em casa, em duelos de mata-mata, Colón, Defensa y Justicia, Talleres, Juventude, Ponte Preta, e por aí vai.
Interpretar fatos é questão de capacidade. Agir diante da interpretação é questão de coragem. Há dúvidas sobre tais virtudes na gestão, mas é imperiosa – e já está atrasada – a abertura de um debate sobre o Morumbi.
São Paulo x Flamengo Morumbi — Foto: Renato Pizzutto/BP Filmes.
Sua conclusão, nos anos 60, representou um período de estiagem de conquistas. Valeu a pena. Pronto, tornou-se símbolo de grandeza, estímulo ao crescimento de torcedores e fator de desequilíbrio. Uma história fascinante a ponto de ter sido escolhida tema do TCC de faculdade do autor deste texto, estimulado pelos efeitos anunciados da Copa do Mundo de 2014, que, como se sabe, acabaram não chegando ao Morumbi.
Tais efeitos criaram um novo panorama no futebol brasileiro.
A perda de vigor dentro de casa não está somente relacionada à fragilidade dos elencos recentes. É um processo gradativo que tende a se agravar perante os novos parâmetros de referência cravejados na mente de quem vive o futebol atual.
As novas arenas e a reforma de palcos clássicos estabeleceram um novo padrão – goste-se ou não. A proximidade das torcidas ao gramado, a acústica potencializada pela arquitetura e a taxa de ocupação elevada em capacidades menores tendem a transformar o Morumbi, antônimo completo, num bálsamo para o São Paulo e os adversários.
O número de repetições cria hábitos e condiciona gestos. O torcedor que vê arenas europeias diariamente ou frequenta os já nem tão novos estádios do país tem dificuldade para se sentir elemento transformador nas distantes arquibancadas do Morumbi. Entrar em campo e perceber que 30 mil vozes no estádio tricolor falam mais baixo do que 20 mil vozes numa arena se torna espontaneamente confortante ao visitante. Mentes comparam e reagem.
Pela Copa do Brasil, o São Paulo foi derrotado pelo Bahia — Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia
As próximas gerações dos principais agentes do futebol, jogadores e torcedores, reconhecerão no Morumbi um corpo estranho. É um perigo a nem tão longo prazo assim para o São Paulo, além do aspecto financeiro, do desafio de transformar um estádio com tais peculiaridades em fonte de renda, seja por meio de grandes eventos esporádicos ou atrações diárias.
O que o São Paulo deveria fazer? Encarar a questão e, com um respeitável grupo de estudos, avaliar soluções até detectar a mais viável sob todos os prismas, ainda que seja manter tudo como está. A maior prova de que o Morumbi não é o estádio dos sonhos nem mesmo do clube são os infindáveis e fracassados projetos de reforma das últimas décadas.
O que o São Paulo provavelmente fará? Nada. Sua gestão se especializou em criar pequenos problemas para buscar soluções temporárias e, assim, privar-se de mergulhar em questões estruturais, profundas, que possam pavimentar o caminho ao futuro.
O exemplo é vivo: Cuca diagnosticou a falta de um centroavante como um dos obstáculos para o desenvolvimento de sua equipe. A diretoria certamente vai contratar. Será o décimo desde que Leco assumiu a presidência: Kieza, Calleri, Chávez, Gilberto, Lucas Pratto, Diego Souza, Tréllez, Gonzalo Carneiro, Pablo e o próximo.
No Morumbi, difícil imaginar que o São Paulo vá além de fazer fumaça. Agora, literalmente.
A Atual fragilidade é decorrente do amadorismo na gestão.
Uma gestão realizada por amadores altamente incompetentes, por consequência reflexos na comunicação,
no elenco e nos bastidores.
Por uma profissionalização na gestão do clube.
Fora Leco e seus asseclas.