Passada a raiva por mais uma desclassificação do São Paulo, é preciso analisar algo que não vai deixar o torcedor contente. Ainda mais poucas horas depois de ser desclassificado por um time da Série C. Não peço que concorde. Mas que apenas leia, reflita e me ajude a observar um pouco mais os próximos jogos.
Inegável que o São Paulo não vem apresentando um futebol maravilhoso. Longe disto.
Também não se discute que ainda há setores que não se firmaram na cabeça do técnico e que isso gera debates a cada escalação divulgada: cadê o Buffarini? Cadê o Araújo? De novo o Thiago Mendes? E por aí vai.
Mas uma coisa que tenho falado e aos poucos os números começam a ajudar o técnico Ricardo Gomes (apesar da infeliz declaração na coletiva de que o time deu espetáculo).
Das últimas quatro partidas onde ele passou a ter a presença mais constante de jogadores que estavam nas respectivas seleções e a volta de alguns “contundidos”, ele venceu três.
Isso dá um aproveitamento de 75%. Não precisa nem dizer que o torna o técnico de maior aproveitamento do momento.
O problema é que as duas vitórias no Morumbi não levaram ao G-4. E a vitória na Copa do Brasil não levou à classificação. Por isso, fica fácil para muitos criticarem e relativizarem tais vitórias.
Acontece que não podemos colocar na conta do atual técnico todos os insucessos colecionados nos últimos 8 anos. Foram muitas decepções. E nem de longe ele conta com um elenco rico em opções.
Como já dito aqui, podemos até discutir as escalações, etc. Mas não podemos esconder que todos os últimos técnicos sofreram do mesmo problema: na hora de mudar um jogo, olha para o banco e vê apenas meras apostas ou incógnitas. Fora o bando de gente que vive voltando do DM (Daniel, Schmidt, Carlinhos, etc).
Na primeira passagem pelo São Paulo, Ricardo Gomes pegou o time desacreditado na zona do rebaixamento e só perdeu o título porque o STJD atuou firmemente para impedir o tetra consecutivo e por tabela salvar o Botafogo e a cereja: permitir ao Flamengo um título por pontos corridos. Sem desmerecer os clubes citados, sabemos que o STJD amputou o ataque principal do Ricardo Gomes nas últimas partidas.
A diretoria do São Paulo tem se caracterizado pela incompetência na hora de montar elencos. Os últimos técnicos que o digam. Teve até um diretor que disse “Não precisamos de zagueiros, temos o Lucão”.
Isso não livra Ricardo Gomes de críticas e questionamentos. Até porque realiza um trabalho interessante no campo mas é péssimo nas coletivas pós jogo. Dizer que o time deu espetáculo contra o Juventude me passa impressão de querer agradar o elenco esquecendo que a torcida está com sangue nos olhos de tanta raiva.
Jogadas essas ideias, análises, informações, opiniões ao ar: peço que me ajude a ficar de olho nos próximos jogos.
Não vamos proteger um técnico que é eliminado pelo Juventude. Mas o Muricy foi eliminado de forma vexatória no campeonato Paulista, dentro do Morumbi, por um time que não lembro o nome e que não gastaria 2 minutos pra descobrir no Google.
No entanto, nos times pelos quais passou (inclusive a primeira passagem pelo São Paulo), Ricardo Gomes sempre foi assim. Nunca foi empolgante. Só que seus times sempre tiveram aproveitamento alto e passaram de um ostracismo à disputa por títulos e vagas.
E agora que parece ter encaixado 80% da escalação do time, em quatro jogos conseguiu três vitórias.
O futebol ainda é mediano e sem brilho. Mas a organização do time faz com que, de uma forma interessante, o time vá conseguindo vitórias. Não se esqueça que o São Paulo não vencia duas seguidas há muito tempo.
Ainda é muito pouco. Mas mais pela carência de títulos e grandes vitórias do que realmente pelo começo de um trabalho.
Se você analisar as últimas decepções, vai achar o trabalho do Ricardo Gomes improdutivo e que não melhorou em nada.
Agora se você conseguir, dentro de você, separar o São Paulo de um mês pra cá, verá que o índice de aproveitamento subiu bastante. E nas últimas partidas, o número de gols tomados caiu bastante. O que está faltando é acertar o ataque ou fazer a bola chegar no ataque. Mas aí a culpa não é exatamente do técnico. Ou dos técnicos: há anos que o único meia que tivemos foi o Ganso. Ele saiu, desapareceu a criatividade e armação do time.
Das quatro últimas partidas foram três vitórias. E a derrota aconteceu fora de casa, num estádio que nunca vencemos, com gol tomado no final por falha estabanada da defesa. Sendo que o resultado mais justo teria sido um empate.
É isto que peço pra ter a frieza de separar dentro de você. Pode significar algo para os próximos passos do São Paulo.
Como diz o título deste texto: pode parecer maluquice. Mas não custa observamos os índices dos próximos jogos.
Ricardo Leite é apresentador na Rádio Capital SP, e comentarista das transmissões ao vivo da Rádio SãoPaulo Digital @spfcdigital. Escreve nesse espaço todas as sextas-feiras.
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