Febre Tricolor – Quinta força

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Manutenção de Mena é garantia de equilíbrio da defesa
Manutenção de Mena é garantia de equilíbrio da defesa Tricolor – Foto Divulgação Site Oficial

Se por um lado o São Paulo deixou pra trás o rótulo de time descompromissado, caminhava no limite da técnica durante a disputa da Copa Libertadores da América 2016. As saídas de Paulo Henrique Ganso, Jonathan Calleri, principalmente; além da perda de boas peças como Alan Kardec, Ricardo Centurión e Rogério representaram queda considerável para o setor ofensivo. O time raçudo que estava quase destécnico, chegando longe à semifinal do torneio continental, decaiu totalmente e, mesmo àqueles tempos, não ganhava clássicos. A tabela do Campeonato Brasileiro 2016 mostra o Tricolor como quinta força do futebol paulista.

Já era a terceira potência do futebol paulistano faz anos. Agora é também a quinta e última representação do futebol paulista na Série A – amanhã terá que jogar muito pra empatar em número de pontos com a Ponte Preta e afastar o fantasma do rebaixamento. A Copa Sulamericana de 2012 fora o último grande título conquistado, distante há quatro temporadas. Ocorre que, antes disso, só o Brasileirão de 2008. É muito pouco para um período de oito temporadas. Apesar disso, o Tricolor conseguiu se manter pelo menos melhor que um dos três principais rivais do Estado. Esse ano bate o recorde e é claramente o pior dos quatro. Ao assistir o disputado clássico Palmeiras e Santos nesse sábado, vê-se que o São Paulo está há anos luz de jogar nesse nível.

Desse modo, tudo está perdido? Entendo que não. Será necessário trabalhar com calma essa safra de bons jovens jogadores como Luiz Araújo, Lucas Fernandes, David Neres, Lyanco, Auro, Matheus Reis e João Schmidt, precisam de protagonistas ao lado. O dinheiro é curto, um trabalho esplendoroso e árduo de tentar o crescimento do São Paulo, realizado pelo presidente Leco e, agora, uma política de futebol que parece estar adequada para a próxima temporada: contratar três jogadores-chave. Esses são os antídotos para fazer com que, paulatinamente, o São Paulo retorne a competir com rivais, o que não vem sendo feito nos últimos anos. Mais importante que isso: retornar ao caminho dos títulos. Mesmo em anos em que o São Paulo perdia a maioria dos clássicos regionais, até com Telê Santana, matinha sua escrita de representar – e muito bem – o Brasil lá fora. Precisa desse caráter.

Contratações

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O correto é não falar em nomes, mas em posições. Sabemos da necessidade de centroavantes, meias armadores, pontas e qualquer tipo de jogador que dê um pouco mais de qualidade ao setor ofensivo do time. Nomes aventados esse ano como o retorno de Calleri, Nilmar, Hernanes, Kaká, Bernard, Wellington Nem, Éverton Ribeiro, etc. Tudo isso é bom. Alguns deles ficam sem contrato ano que vem ou poderão firmar um pré-contrato, podem chegar sem um elevado custo e precisam chegar. Jogadores como William Bigode e Rafael Marques – ainda mais em uma troca com Michel Bastos – são totalmente desnecessários. Não resolvem nada, com todo respeito.

Outro ponto importante é a manutenção desse excelente sistema defensivo. Mesmo que ocorra a venda do Rodrigo Caio, tem-se que deixar Breno em condições de retomar sua carreira, pois qualidade tem. Com ele manteremos a qualidade defensiva. Quanto aos laterais, Buffarini é atleta de Seleção Argentina e pode render ainda mais, como rendia no San Lorenzo. Vejo a permanência de Mena com vital. Tem a mesma qualidade defensiva de Álvaro Pereira e conseguiu corrigir o problema que tínhamos naquele setor desde a saída do uruguaio, com a vantagem de atacar com mais força e disposição.

Serve como alerta o fato de que a corrida Tricolor de aquisições de atletas decisivos está mais lenta do que a dos rivais citados. Já nesse ano a máquina de fazer bons jogadores chamada Santos produziu Vitor Bueno, Zeca e Thiago Maia como servíveis até pra seleção, juntando-se a Lucas Lima, Ricardo Oliveira e à contratação do excelente colombiano Copete – só o melhor jogador do Atlético Nacional. Agora quer o meia Guerra, outro craque do Atlético Nacional que alterna a titularidade e reserva naquele timaço. O Palmeiras, por exemplo, líder do Brasileirão, trouxe o brilhante zagueiro colombiano Mina; já acertou com a revelação do Santa Cruz, Keno; e quer o jovem craque da Chapecoense, Hyoran. O time que tinha jogadores bons e dedicados, agora terá atletas de alto padrão mesmo com a saída de Gabriel Jesus para o City. Convido os torcedores sãopaulinos a raciocinar e responder a questão: em que nível o Tricolor está?

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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.

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