Ricardo,
Peça pra sair do São Paulo.
Tua trajetória de vida te fez sim um vencedor, mas não coloque na mesma, a alcunha de derrotado eterno, no maior clube do Brasil.
A frase não soa prepotente. O são-paulino reconhece o tamanho da crise e a vergonha que passa nos campos. Mas ainda é o time mais vencedor do país, em todos os tempos.
Em nome desta tradição, não podemos mais aceitar que teu comando (ou falta dele) permaneça. Você aceitou um desafio maior que a tua capacidade. Assumir um time gigante, com pressão maior ainda. Os resultados não vieram. Só pela tua campanha (aproveitamento de medíocres e inaceitáveis 32%), o rebaixamento já seria garantido. Os parcos pontos de Bauza (que também não foram bons) é que ainda sustentam o time, fora do Z4. Porém, ainda faltam jogos.
Falta pulso da tua parte, nesse elenco contaminado e cheio de vícios, que tem atletas que pedem pra não jogar ou fingem que jogam, que tem jogador que mandou torcida calar a boca, fez greve de silêncio, ofendeu treinador passado e ainda ganha afago de dirigente que voltou, de forma decepcionante e populista. Outros seguem no embalo de uma panela patife. Apenas alguns se salvam, na integridade de ideais pelo SPFC.
Por outro lado, a única coisa que atenua tua trilha de fracasso, Ricardo, é o legado medíocre que recebeu do ex-executivo de futebol, Gustavo. Um elenco desequilibrado, enfraquecido e com reposições deploráveis.
A diretoria é a maior responsável pela jornada desastrosa de 2016. Por todos os lados, erros e mais erros, desde o começo do ano. Contratações com período equivocado e depois com custos proibitivos, negociações que mal chegaram e já saíram com alguns dias, ou nem passaram pelo portão. Reforços de divisões inferiores. Negociações sem compensações à altura.
Diretor bom foi Luis Cunha, mas acabou não resistindo, não aguentou o status quo da perpetuação dos mesmos, a falta de hierarquia e planejamento patético. Em seu lugar, ficou um vácuo de capacidade. Médicis e Jacobson nada fizeram.
Pior. Conselheiro expulso Ataíde, mantido em cargo diretivo. Marco Aurélio Cunha, visto como esperança, errou em diversos momentos, desde que chegou.
Presidente Leco, perdido e péssimo na condução do clube, nenhuma novidade comparada ao que foi enquanto dirigente, durante anos. Muricy que o diga. Círculo vicioso de dirigentes amadores (em detrimento da profissionalização) que fazem este período tenebroso ser uma herança, o quarto mandato dos “herdeiros” de JJ. Alguns se julgam os donos do clube.
Com tudo isso, Ricardo, você não é causa, mas é consequência de uma diretoria horrorosa e de um elenco que não honra a tradição do São Paulo. Não é o maior culpado, mas tem parcela significativa. Não deu padrão, energia, austeridade. Nada. Tem sido nulo.
Tua demissão, portanto, é um bem pra uma nação, que representa a terceira maior torcida do Brasil e que seria a décima primeira população da Europa, se fosse um país.
Um “país” que agoniza.
Não dá mais, chega, saia Ricardo.
Aguardamos tua rescisão.
E quanto aos que contrataram e o bancam, bem quanto aos que “jogam”, os maiores responsáveis, teremos o que conversar em dezembro. A cobrança vai chegar.
Pacificamente, mas com toda contundência crítica que merecem.
Até lá, tenham o mínimo de dignidade e entrega, para tentar salvar o Tricolor.
Saudações.
Carlos Port, idealizador do projeto Opinião Tricolor. Dois bacharelados na profissão de administrador, especialização em comunicação, neto e filho de são-paulinos, paulistano, patriota. No Twitter: @carlosport
ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.
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