Acontece paulatinamente a reformulação do elenco do São Paulo para a disputa da Temporada 2017. No primeiro semestre o único e principal desafio da equipe será o Campeonato Paulista, além da participação em torneio internacional no qual estará em jogo mais a marca do clube. A baixa expectativa pela disputa de competições técnicas acirradas, nesse momento inicial do comando de Rogério Ceni, justifica os passos de tartaruga de investimento na gestão como um todo e no futebol profissional.
Decisão importante foi tomada essa semana pelo Conselho Deliberativo do São Paulo: a rejeição dos valores negociados pelo Tricolor com a TV Globo para exibição das transmissões do Campeonato Brasileiro em meio aberto, a partir de 2019. A principal alegação do conselho para tomada de decisão é o baixo valor oferecido de bônus ao clube pela assinatura do contrato (R$ 20 milhões, pelas chamadas luvas) – em relação às luvas de R$ 60 milhões que o clube obteve para fechar as transmissões pela TV fechada, no mês de fevereiro. Segundo relatos, a diferença se deve devido àquela época haver concorrência do Esporte Interativo.
Outras preocupações dos conselheiros deliberativos do São Paulo Futebol Clube é de que novamente os valores fossem utilizados para o pagamento de dívidas ordinárias (como folhas de salários de atletas) e também contratação de jogadores, em detrimento de investimentos em infraestrutura. Também houve preocupação de haver transgressão às regras do Profut, que determinam a utilização do dinheiro para reduzir o endividamento dos clubes e aplicação limitada a 30% do primeiro semestre da administração seguinte.
Representantes do conselho deliberativo como o ex-diretor Júlio Casares, acharam mais prudente o Tricolor negociar com calma a parceria com a TV Globo; e outros, alguns oposicionistas, temiam a utilização de parte significativa da verba em contratações, para alavancar a candidatura de Leco à presidência, nas eleições de abril do ano que vem.
Num primeiro momento a decisão parecia ser temerária, uma vez que o São Paulo Futebol Clube teria dificuldades em cumprir com o 13º dos jogadores e outras dívidas ordinárias, avaliado o montante em R$ 10 milhões. No entanto, serão tomados novos empréstimos bancários ou vendido algum jogador para sanear tais despesas. O cenário em longo prazo não é preocupante, porque estão previstos a entrada de novos ativos para o mês de janeiro. Nesse sentido, fico com a prudente medida tomada pelo Conselho Deliberativo, esperando um valor maior de contrato a ser firmado no futuro.
Formação do elenco
Muito se especula no momento a respeito da saída de jogadores. A permanência do volante Wesley me parece inviável por possuir vencimentos que destoam de todos os outros jogadores do clube – inclusive do novo técnico – e não ter justificado em suas atuações uma cadeira cativa na equipe titular.
O mau relacionamento de Michel Bastos e Carlinhos já provocaram a dispensa dos jogadores, enquanto Kelvin será devolvido ao Porto-POR. Nova especulação dá conta da saída do volante Wellington, com quem o técnico Abel Braga espera contar no time do Fluminense. Já o meia Daniel está nos planos da Chapecoense para a disputa da Copa Libertadores 2017.
A saída do lateral esquerdo chileno Eugênio Mena segue como incógnita. Defendo sua permanência, sobretudo devido às atuações que teve na Copa Libertadores 2016 e equilíbrio da cobertura defensiva do setor esquerdo – o que não existia desde a saída do uruguaio Álvaro Pereira. Será uma peça de difícil reposição, em caso de saída.
A situação do volante João Schmidt me deixa triste. Acho de grande deselegância, mesmo que o clube tenha demorado a procurá-lo para renovar, que um atleta criado nas categorias de base torne inviável sua renovação para jogar na Europa, sem dar qualquer compensação financeira ao clube que materializou sua vida futebolística. Oscar fez isso antes de completar 17 anos, o que dificultava até um contrato profissional sem emancipação.
Sobre chegada de novos jogadores, muito pouco. A única especulação mais forte é relativa ao centroavante paraguaio Cristian Colmán, de 22 anos. Se der certo será um achado, pois o atleta pertence ao Nacional-PAR; o que fará com que o Tricolor tenha driblado times gigantes daquele País como Cerro Porteño e Olímpia, por exemplo. O jogador é alto e atende as expectativas do treinador Rogério Ceni ao subir o padrão geral de altura da equipe; além de ser veloz. Tem as características do argentino Calleri, guardadas as devidas proporções. Inclusive é da mesma posição original: atacante pela direita ou centroavante.
A promessa da diretoria de trazer jogadores para serem titulares, de reconhecida técnica, é um sonho bem distante e longe de ser concretizado. O lado bom disso é que o técnico Rogério Ceni vai ter que engolir o limão com caroço e tudo; se conseguir dar liga nesse time como ele está, vai ter grande sucesso em qualquer outra equipe a ser formada.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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