Discussões frequentes sobre quem é ídolo do São Paulo vivem acontecendo. E esse debate me fez pensar e escrever sobre o que define um ídolo? Claro que, um jogador pra ser ídolo de um time grande como o São Paulo, precisa de títulos, mas ser ídolo é muito mais do que isso, vai muito além de um troféu ou campeonato conquistado.
A questão da idolatria no âmbito futebolístico é algo difícil de explicar, alguns jogadores têm tudo parar tornarem-se ídolos, títulos, prestígio, liderança, mas não se tornam. Outros se tornam, viram bandeiras, viram músicas, ficam na memória do torcedor, mesmo que não tenham conquistado nada de mais enquanto jogaram pelo clube.
Uma prova que título não define idolatria é que muitos jogadores que foram campeões, jogando bem nas campanhas e demonstrando raça não são considerados ídolos, como o Hernanes, que esteve na campanha de 2007 e 2008, sendo importante para o título, com boas atuações, mas não é ídolo.
Um dos motivos para ele não ter alcançado esse patamar pode ser o fator do elenco dessas competições já estivesse cheio de ícones e jogadores com mais carisma e proximidade da torcida como: Ceni, Dagoberto, Hugo e Muricy (se tratando de técnico, mas é ídolo mesmo assim) podem ter lhe atrapalhado na caminhada para virar ídolo do São Paulo.
Outro que entra na mesma lista de craques que não se tornaram ídolos é o Miranda, que chegou a participar do título de 2006 e saiu só em 2011. Um zagueiro técnico e raçudo, que se dedicava em campo e honrava o manto, porém poucos são os torcedores que o consideram ídolo.
Em contrapartida, temos alguns jogadores que nunca ganharam nada de expressivo pelo clube, nenhum titulo importante como Libertadores ou Brasileirão, são considerados muito ídolos por alguns torcedores e, são esses jogadores, o motivo das frequentes discussões. Enquanto uma parte da torcida os acha ídolos, outra parte acha ridículo que jogadores que não ganharam nada de mais pelo clube sejam motivo de idolatria.
O principal exemplo é o Luís Fabiano, conhecido como ídolo por alguns, e pipoqueiro por outros. Em todos seus anos de São Paulo faturou dois títulos, um torneio Rio-São Paulo e uma Sul-Americana, títulos pequenos quando comparados à Libertadores, Brasileirão e Mundial.
Porém, sempre com fama de goleador e raçudo, Luís Fabiano foi amado por uma parcela da torcida que justifica esse amor pela entrega em campo e seus gols. Um episódio famoso protagonizado por ele foi na semifinal contra o River em 2003, em que disse a celebre frase “entre brigar e bater o pênalti, eu prefiro ajudar na briga”. Porém, a parte da torcida que o odeia, acha que em momentos decisivos ele pipoca.
Por incrível que pareça, há alguns torcedores que consideram o Calleri ídolo e, nesse caso, é até fácil entender o porquê dessa loucura. Calleri não tinha nada para sequer ser cogitado como ídolo, veio para jogar somente seis meses antes de partir para a Europa. Havia feito uma boa temporada na Argentina ao lado de Tévez e aqui disputaria posição no ataque são paulino.
Vibramos em seus gols importantes na Liberta e em outras competições, fizemos uma musica pra ele, que era cantada por um coro de 50 mil vozes, mas isso se deve ao fato da carência de ídolos do São Paulo, logo após a aposentadoria do Ceni. Podemos dizer, sem dúvidas, que se o Calleri não se tornou ídolo, longe disso, mas sentiu a emoção de ser um e, caso queira voltar, não tem nenhum problema.
Uma idolatria não é forçada, ela acontece naturalmente. Da mesma forma que um jogador com muitos títulos pode não ser ídolo, um com pouco e de pouca expressão pode ser. Ser ídolo é jogar bem, ganhar títulos, demonstrar amor à camisa, ter reconhecimento e carinho com a torcida e acima de tudo, honrar o manto que veste e jogar como se fosse o último dia de sua vida.
Descrição: Lucas Tury é estudante, torcedor fanático, vai ao Morumbi frequentemente e torce pra o São Paulo desde pequeno mesmo sendo de uma família de cariocas e palmeirenses. Qualquer dúvida ou sugestão, envie um email para [email protected].