Nesta nossa coluna vamos tratar daquele que sempre é considerado o principal responsável pelas derrotas e pouco admirado nas vitórias, mas fundamental para qualquer time, o treinador…
Chamado muitas vezes de professor, mas sempre eternamente questionado, os treinadores ou são super valorizados ou mau classificados, mas como é o dever desta coluna resgatar histórias e contar a memória dos torcedores e admiradores Tricolores e também de outros times, vamos contar um pouco sobre o SUPER CAMPEÃO Rubens Minelli.
Natural da cidade de São Paulo Rubens Francisco Minelli nasceu em 19 de dezembro de 1928, iniciou sua carreira como jogador de futebol, como ponta esquerda no Ypiranga e passou pelo Nacional, São Paulo, Taubaté e São Bento. Não era um jogador de muito destaque, seu único título como jogador foi em 1954 o Paulista da Segunda Divisão pelo Taubaté. Em 1956 jogava pelo São Bento de Sorocaba e em jogo amistoso contra o União de Mogi das Cruzes fraturou a perna esquerda e abandonou a carreira de jogador precocemente aos 27 anos.
Aquilo que parecia seu fim para o mundo do futebol foi apenas um estágio, e a frustração que esse paulistano sofreu virou combustível para uma vitoriosa carreira de treinador.
Cursou Ciências Econômicas e virou funcionário público, mas não desligou do futebol e durante a faculdade comandou o time da Faculdade de Ciência da USP, a paixão pelo futebol falou mais alto, e muito ligado ao ex-ponta esquerda palmeirense Canhotinho de quem era amigo, foi treinar as categorias de base do Palmeiras onde ficou de 1958 a 1963. Em 31 de março de 1963, dirigiu pela primeira vez um time profissional, o América de São José do Rio Preto, e logo na estreia em um amistoso a primeira vitória 1 a 0 sobre o XV de Jaú. Pelo América foi campeão da segunda divisão estadual em 1963 e Campeão do Interior em 1964.
Em 1966 foi para o Botafogo de Ribeirão Preto e retornou ao América, em 1967 foi para o Sport de Recife e em 1968 dirigiu a equipe do Francana e em 1969 o Guarani, quando neste mesmo ano recebeu convite para comandar a equipe principal do Palmeiras e não hesitou. Logo em seu início no Palmeiras excursionou à Europa e conquistou o famoso Troféu Ramón de Carranza na Espanha, e chegou ao seu maior título a Taça Prata popularmente chamada de Torneio Roberto Gomes Pedrosa ou “Robertão”, que um dia trataremos nesta coluna. Em 1971 se transferiu para a Portuguesa e depois Ponte Preta.
Em 1973 estava no Rio Preto rival do América e recebeu um inesperado convite, de se mudar para a capital Porto Alegre e dirigir o Internacional que montaria um esquadrão. Dirigiu o Internacional de 1973 a 1976 e marcou seu nome na história do clube. Ao chegar a Porto Alegre conheceu um jovem talentoso, recém subido das categorias de base, Falcão, implacável marcador e grande apoiador no ataque, este se tornou um dos grandes destaques de Minelli valorizar jogadores polivalente.
Conquistou o título gaúcho de 1974, 75 e 76 e o Brasileiro de 75 e 76. O Internacional tinha um verdadeiro esquadrão:
1975: Manga, Valdir, Figueroa, Hermínio, Chico Fraga, Caçapava, Falcão, Carpegiani, Valdomiro, Flávio e Lula.
1976: Manga, Cláudio, Figueroa, Marinho Peres, Vacaria, Caçapava, Falcão, Batista, Valdomiro, Dario e Lula.
Um elenco de muito talento, categoria e enorme ego que sem a firmeza e liderança de Rubens Minelli dificilmente chegaria a ser considerado um dos melhores dos anos 70.
Mesmo tendo mais um ano de contrato, em 1977 Rubens Minelli por razões familiares resolve retornar a sua cidade natal e logo um novo desafio comandar o São Paulo Futebol Clube.
O São Paulo tinha em seu elenco o manhoso goleiro Waldir Peres, o temido Chicão, o driblador Zé Sergio, Dario Pereyra de muita raça e extrema habilidade, o matador artilheiro Serginho Chulapa e um volante de muita técnica Muricy Ramalho que por indisciplina Minelli substituiu pelo Neca. Foi nesse time que Rubens Minelli demonstrou sua personalidade vencedora e todo seu talento.
Na final do Campeonato Brasileiro o São Paulo era a “zebra” contra um invicto Atlético em pleno Mineirão que fez 10 pontos a mais que o Tricolor. A final em 5 de março de 1978 em pleno Mineirão lotado de atleticanos. O SPFC sem seu principal jogador, o maior artilheiro de sua história que fora suspenso pelo STJD. Era uma guerra psicológica, Minelli demonstrou sua estrela, catimba, malícia e principalmente o talento de ganhar dentro e fora de campo. O resultado final 0 a 0, prorrogação 0 a 0, e então penalidades que o Tricolor ganhou por 3 x 2.
São Paulo Campeão Brasileiro pela Primeira Vez!!! Rubens Minelli TRICAMPEÃO!!! Era o auge de Minelli.
Rubens Minelli ficou no São Paulo até 1979, quando foi para a Arábia Saudita, retornou ao Palmeiras em 1982 e dirigiu diversas outras equipes. Foi um dos poucos treinadores que dirigiu os 4 grandes do Estado de São Paulo. Encerrou sua carreira de treinador em 1988 e se tornou dirigente de Clubes passando pelo nosso Tricolor, Atlético Paranaense, Paraná e Avaí. Em 2008 se tornou comentarista de rádio.
Aos 88 anos está definitivamente aposentado e se divide entre sua casa em São Paulo e sua Chácara em Valinhos, interior de São Paulo. Possuiu uma vida financeira muito boa devido ao seu sucesso e principalmente sensatez que vivia e exigia de seus atletas. Eu o conheci pessoalmente na cidade litorânea de São Sebastião na casa do Conselheiro Milton Fernandes, onde ouvi diversas histórias sobre o Tricolor mais Querido.
Rubens Minelli é definitivamente um dos grandes treinadores que o São Paulo Futebol Clube teve e seu nome está e sempre estará ligado a nossa história.
Gustavo Flemming, 39 anos de amor ao SPFC, é empresário no segmento de pesquisa de mercado e consultoria em marketing
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