Desde a sua fundação os dirigentes do São Paulo Futebol Clube tinham o sonho de um grande estádio, porém não poderia ser mais um na cidade, teria de ser o Maior Estádio do país afinal o Clube faz homenagem a Maior Cidade do Brasil…
Como contamos em coluna anterior (#017), o grande sonho da diretoria Tricolor era construir o Maior Estádio Particular do Mundo, e o terreno disponível para isso ficava no distante bairro do Morumbi em uma negociação com a Imobiliária Aricanduva que estava loteando a região e cedeu partes do atual terreno ao São Paulo Futebol Clube em uma grande engenharia contratual que envolveu a Prefeitura, a Imobiliária e o Clube. Nosso grande líder então Cícero Pompeu de Toledo, presidente que deu início as obras e até 1957 seguiu a frente desta grandiosa empreitada.
É dever deste colunista destacar que a Imobiliária e Construtura Aricanduva era de propriedade de Adhemar Pereira da Silva, são paulino, um grande empresário e político há época. O Presidente da Imobiliária era o genro de Adhemar, João Jorge Saad que há epoca era dono da Rádio Bandeirantes. A data que marca o terreno é 4 de agosto de 1952, e em 15 de agosto o Monsenhor Bastos abençoou os terrenos ocorreu o lançamento da campanha pró-construção do Morumbi. Para dirigir tamanha obra foi eleita uma comissão presidida por Cícero Pompeu de Toledo, sendo vice-presidente Piragibe Nogueira, secretário Luís Cássio dos Santos e para tesoureiro Amador Aguiar. Participavam da comissão os ilustres: Altino de Castro Lima, Carlos Alberto Gomes Cardim, Luís Campos Aranha, Manuel Raimundo Pais de Almeida, Osvaldo Artur Bratke, Roberto Gomes Pedrosa, Roberto Barros Lima, Marcos Gasparian, Paulo Machado de Carvalho e Pedro França Filho Pinto.
O dinheiro inicial vinha de parte da venda do Canindé e toda a receita do clube, ficando o time em segundo plano. As obras tiveram real início em 1953. Em 1956 o clube recebeu um aporte de dez milhões de Cruzeiros com juros de 8% ao ano em troca de apólices da dívida pública da prefeitura de São Paulo que fez auxílio idêntico a todos os demais grandes clubes da capital.
O projeto do Estádio coube ao arquiteto curitibano João Batista Vilanova Artigas, que é considerado um dos principais arquitetos da história da cidade de São Paulo tanto pelo conjunto de sua obra como pela importância que teve na formação de uma nova geração de arquitetos. Vilanova projetou algumas verdadeiras obras de arte entre elas a sedo da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) e o Estádio do Morumbi.
Para inspiração ao desenho do Estádio Vilanova deve ter tido outros estádios espalhados pelo mundo, pois há semelhanças com diversos estádios pela forma como as arquibancadas ficam dispostas. Era a tendência à época, um pouco diferente de outros estádios projetados muito antes ou nos tempos atuais, mas o grande arquiteto conseguiu criar algo muito moderno com os três anéis e um verdadeiro monumento para quem vai ao Estádio em dias de jogos. O Estádio do Morumbi é sem igual, algo indescritível toma conta do torcedor ao conseguir avistá-lo.
Oito anos após o início das obras o Estádio ainda não estava pronto, a obra era liderada por Laudo Natel então Presidente do São Paulo Futebol Clube, era preciso inaugurar o Gigante, mesmo que inacabado em 1960, mais precisamente em 2 de outubro (completados 57 anos nesta semana), um grande jogo aconteceu e para esta partida história o São Paulo convidou o Sporting Lisboa de Portugal. Para homenagear nosso grande líder, sonhador e Eterno Presidente o Estádio foi Batizado de Estádio Cícero Pompeu de Toledo.
O São Paulo jogou com: Poy, Ademar, Gildésio, Riberto, Fernando Sátyro Víctor; Peixinho, Jonas(Paulo), Gino Orlando, Gonçalo(Cláudio) e a lenda Canhoteiro, nosso técnico Flávio Costa. O Sporting Lisboa se apresentou com: Aníbal; Lino, Hidário Mendes, Morato, Július Hugo, Faustino, Figueiredo(Fernando), Diego(Geo) e Seminário, foi dirigido pelo técnico Alfredo Gonzalez.
Mesmo sem todas as obras prontas, o Estádio ainda incompleto recebeu 56.448 pessoas, lotação superior a qualquer estádio do Estado de São Paulo, e logo aos 12 minutos de jogo Arnaldo Poffo Garcia entrou para a história, Fernando tocou para Jonas que cruzou, e ele Peixinho se esticou todo para alcançar a bola, deu um mergulho e quase rente ao chão de cabeça estufou as redes pela 1ª vez na história, São Paulo 1 a 0. Era o 1º gol, era gol para entrar para a história, era gol de Peixinho que tinha esse apelido por ser filho do ex-jogador santista Peixe que jogava no Santos na década de 40, seu apelido marcou uma jogada, pois foi a partir desse 2 de outubro que surgiu o gol de “peixinho”, é o São Paulo Futebol Clube mais uma vez fazendo história.
As obras seguiram, e a inauguração total foi somente em 25 de janeiro de 1970, em jogo contra o Porto de Portugal, mas isso fica para outra Coluna Memórias Tricolor.
Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, o “MAIOR ESTÁDIO PARTICULAR DO MUNDO”, orgulho de toda torcida Tricolor.
Gustavo Flemming, 40 anos de amor ao SPFC, é empresário no segmento de pesquisa de mercado e consultoria em marketing.
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Boa matéria, como sempre, Gustavo! Meu primeiro jogo no Colosso do Morumbi (um de seus apelidos) foi em fevereiro de 1970. Era um amistoso com o Mitsubishi do Japão. O tricolor venceu por 8 (oito) a zero! Foi uma das primeiras partidas com o Estádio finalizado. Modéstia à parte devo ter mais de 90% de vitórias do tricolor nos jogos que assisti desde então. Um abraço