No último jogo do São Paulo, lá pelo segundo tempo, o Dorival fez uma substituição tirando o Pratto e colocando o Gilberto em campo. Nada de novo, fora as vaias da torcida para o atacante argentino. Vaias que, até certo ponto, são válidas. Mas que precisam de algumas ressalvas.
Pelo que pude colher de informação, em uma pesquisa rápida pela internet, o jogador possui 12 gols em 48 jogos, sendo que fez seus 9 primeiros gols nos 16 primeiros jogos e apenas 3 gols nos últimos 32. Uma estatística decepcionante, se pararmos para pensar que o goleador custou 6 milhões de euros. O Calleri, por exemplo, com menos tempo de casa, fez 16 gols em 31 jogos.
Não estou dizendo quem é melhor ou pior (na MINHA OPINIÃO, acho o Calleri mais jogador), peço apenas que façamos um levantamento de uma equipe recente que teve algum sucesso e um exercício de raciocínio para compreendermos se as vaias são justas ou não. O nosso principal jogador na Libertadores do ano passado tinha um time aguerrido, isso não é novidade.
Atuando com muita raça chegamos à semifinal da Libertadores e o jogador foi a nossa principal arma, sendo mortal em diversos confrontos e, inclusive, deixando sua marca no Atlético Nacional. Mas é preciso ver como aquele time jogava. Com Bauza no comando, todo torcedor sabia o que esperar: uma defesa forte e um ataque faria um gol para garantir o resultado. Apenas isso, sendo que, sair atrás no placar era terrível, afinal, a chance de virar não era das maiores. Voltando ao time, podemos dizer que a equipe era superior a de hoje.
Michel Bastos, Ganso e Bruno, viveram seus melhores dias naquele campeonato. O primeiro distribuiu assistências e fez gols decisivos; o segundo jogou o que esperamos durante anos e, o terceiro, fez o que se esperava de um lateral. Quem ganhava com isso era o Calleri que, sempre, recebia (e não perdia) chances de gol. O que quero dizer com tudo isso é: o Calleri tinha quem o servisse, seja pelo chão (Ganso) seja pelos lados, Bastos e Bruno. O resultado foi espetacular, com todos eles se entendendo e gerando muitos gols.
Vamos ao caso do Pratto. Contratado em definitivo para preencher essa lacuna no nosso ataque, ele chegou demonstrando muita qualidade, deixando dois contra o Mirassol, em um jogo que me empolguei de verdade, apesar do empate. Contudo, conforme o tempo foi passando, jogadores saindo, jogadores chegando, seus gols minguaram.
Sumiram por não termos mais um ponta que faça o que o Luiz Araújo fazia? Talvez. Apesar de ser um atleta de velocidade, o Marcos Guilherme tem características diferentes. Os laterais daquela época, Tavares e Bruno, também pararam de jogar o que vinham jogando, prejudicando ainda mais o futebol do gringo.
O nosso meio estava completamente perdido até a chegada do Hernanes que, com o Petros e Jucilei, arrumaram o setor e OBRIGARAM o peruano a jogar. Mesmo assim, dono das bolas paradas, Hernanes e sua liderança/qualidade e poder de decisão, “tirou” ainda mais gols que o Pratto poderia fazer. E, em uma incrível inversão de posições contra o Goianiense, o Pratto cruzou para o H15 fazer o gol de peito. Claro que a culpa não é do Profeta. Seu estilo de jogo sempre foi ser decisivo, fazedor de gols e o dono das bolas paradas.
O que quero dizer é que acredito ser mais má fase (e talvez lesão, como o gringo disse após o jogo) do que um “bonde” por seis milhões de euros. Ele perdeu gols contra o Grêmio e o Botafogo que não poderia ter perdido. Inaceitável e concordo com isso, ele merece críticas por esses lances.
Mas (sempre tem um “mas”) é preciso reconhecer algumas coisas. O Pratto colocou a cara para bater em todos os momentos ruins, deu entrevistas quando ninguém queria e nunca deixou de deixar a vida em campo. Ele teve hombridade e, como diria o Bauza, demonstrou “jerarquia” em um momento complicado. Demonstrou raça, fez mais do que deveria (a função dele é ficar na área, não dar carrinho e ajudar na marcação) e, muitas vezes, por essa vontade exacerbada, deixou de estar na área. Já cheguei a ver o Pratto cruzar para outro jogador tentar o cabeceio quando, obviamente ,o certo era o contrário.
Não tenho jogador de estimação, mas eu reconheço a dignidade, vergonha na cara e respeito quando vejo em campo. E ele teve tudo isso. Acho que ele ficou devendo, com relação aos gols. em 2017, mas sua importância para a fuga do rebaixamento foi imensa. Unindo o time, mostrando respeito ao dar a faixa para o Hernanes e suportando toda e qualquer crítica, sem JAMAIS desrespeitar o companheiro.
Eu cobro, agora, a diretoria. É preciso montar um time digno, que seja capaz de ajudar o atacante de 6 milhões de euros para, AÍ SIM, cobrá-lo com empenho e vaiá-lo, caso vá mal.
Eu manteria o gringo no elenco, mesmo com tudo que citei, E vocês? Fariam diferente? Concordam comigo?
Dúvidas ou reclamações?
@Abroliveira ou [email protected]
Abrahão de Oliveira é jornalista, formado pela Universidade Metodista de São Paulo, dono da @spinfoco, são-paulino e tem o sonho de cobrir um mundial de clubes com o clube do coração.
Entendo que o Pratto é um bom jogador, nada além disto, a torcida (inclusive eu) depositou uma confiança nele, acreditamos que seria um matador artilheiro, que resolveria nosso fraco desempenho de ataque. Ele começou bem, porém sentiu a falta de um companheiro rápido para preparar jogadas e também de bons laterais para abrir espaço dentro da área. Nosso time não tem jogo pelos lados e um atacante como o Pratto, mais pesado e finalizador, precisa de jogo rápido pelo lado do campo para chegar de frente para o gol, ele não sabe jogar de costas para defesa, mata mal as bolas que chegam e não tem um bom passe. Acredito que se tivermos bons laterais e um jogado de lado mais inteligente que o Marcos Guilherme ele pode render.
Concordo com os que disseram que o Dorival poupou demais ele das substituições, inclusive quando o Gilberto pedia passagem fazendo gols.
Concordo que é esforçado, mas analisando custo e benéfico temos que levar em consideração que o cara foi contratado para ser o matador, o cara que mete a bola na rede, e o Pratto se você pegar as estatísticas dele, creio que não chega a uma finalização a cada 3 jogos. Deste jeito nem sendo muito bonzinho com ele da para aguentar. O cara finaliza pouquíssimo e ainda nas chances que tem perde gol´s imperdíveis, se fosse o Calleri hoje seria artilheiro do brasileirão com as chances que o Pratto perdeu.
Perfeito Abrahao. O Pratto é um exemplo de caráter e compromisso. Fiquei puto com os Gols que ele perdeu, mas só quem jogou futebol para saber como é.
Sobre o Bruno cabe observar que o Balza colocava o saudoso Mateus Caramelo para evitar os sustos na defesa, pois o Bruno é horroroso na marcação.
E o Calleri, para mim, é melhor até que o Maradona!
Coluna muito pertinente, todos tem que ser cobrados, principalmente os que custaram mais cara
Com todo respeito ao colunista essa discussão é inócua. Foram pagos 5 milhões de euros, trata-se de um atacante de seleção com viabilidade de ir à próxima Copa do Mundo. Não tem mais o que dizer, é isto. Ademais, a última entrevista dele me pareceu das mais sinceras possíveis… até eles (jogadores) conversam com a diretoria sobre a formação do plantel e ele está disposto a buscar títulos com a camisa Tricolor no próximo ano.
Não, não é inócua.
Talvez você não esteja em contato com a torcida, principalmente nos meios online, mas as reclamações sobre o Pratto são gigantes e recorrentes. Não tenho A MENOR CULPA se ele foi contratado para fazer gols e não os faz. Acredito que mereça mais chances, mas não adianta tapar o sol com a peneira: gols ele não fez e estou tentando descobrir a razão disso. Fim.
Podíamos era chamar o Bauza de novo. Vender o Pratto eh pra chegar no Leco e arrebentar de vez…se sacrificar pelo time não pode valer vaia não… mto menos vender.
Muito bem observado Abrahão!
Porém acredito que se ele não vive uma boa fase, deveria ficar na reserva e brigar pela titularidade, com certeza seria ótimo para o São Paulo!
Eu venderia a depender do valor a ser pago.
Ele parou de fazer gols também porque sai muito da área, daí fica difícil. Por mais que o time esteja ruim, ele tem que ficar mais a frente. Prova disso é Gilberto, quase sempre faz seus gols quando entra em campo.