Terças Tricolores – Nos apequenamos

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Não farei nesse disputado espaço semanal uma ode à defesa do uruguaio Diego Aguirre, o mais novo treinador desempregado no futebol brasileiro. Mas (sempre tem um mas), farei uma pequena reflexão aqui.

Em um primeiro momento gostaria de pedir a todos que forem ler essa coluna que se lembrem do ano passado. Se lembrem da situação em que estávamos no Campeonato Brasileiro, que éramos treinados pelo Dorival Júnior e que só não caímos por ter um jogador totalmente diferenciado, o nosso Profeta.

Começamos 2018, ainda com Dorival e sem Hernanes, com um futebol patético (inclusive perdendo para o São Bento na primeira rodada) e com o Dorival caindo antes dos jogos contra o Corinthians.

Em um tempo recorde, contratamos o uruguaio. Ele chegou, sem ter montado o elenco e sem tempo para treinar, e conseguiu uma surpreendente vitória contra o Corinthians, ainda no Morumbi. É bem verdade que acabaria eliminado na volta e, também, para o Atlético Paranaense. Mas ele teve alguns méritos.

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Conseguiu resgatar o futebol de Nenê, Diego Souza e ganhou o Everton de presente. E teve mais, ganhou o desconhecido Rojas, também, de presente. Com dois jogadores com asas nos pés, o time do São Paulo voou. Voou com raça, dedicação, atitude e um futebol muito eficiente. Atacava-se pouco, mas era o suficiente para vencer os adversários.

E eles foram caindo um a um. Com muita força física, marcação alta e um time que se desdobrava, chegamos à liderança. Mas sejamos sinceros: o elenco é fraco. O elenco como um todo, é fraco. Perdemos os dois pontas titulares, perdemos o Militão e o Peres não correspondeu. Nossa zaga caiu ABSURDAMENTE de rendimento e o meio parou de criar.

Para piorar, não tínhamos reservas, a não ser os meninos da base e o treinador optou por improvisar. Escolha dele e que, claro, teriam consequências. Se tivesse dado certo, ele seria um gênio que conhece o elenco como poucos, mas deu errado. E foi teimosia dele não perceber isso e colocar os meninos da base.

É muito fácil, agora, de fora, falar que os meninos da base tinham que jogar e blá blá blá. Mas eu peço que se coloquem como um funcionário do clube. Você tem ao seu lado o Jardine, técnico da base, toda uma comissão e psicólogos que acompanham toda essa trupe de atletas. Vocês acham, MESMO, que se todos eles estivessem preparados, não seriam colocados para jogar?

O que eu mais escuto de alguns amigos é “espinho que nasce para furar, já vem com ponta”. É um lindo ditado, mas imbecil. O próprio Hernanes, nosso mais recente ídolo, teve que ser emprestado para brilhar. O que falar do Raí, maior jogador da nossa história que demorou anos até se firmar? As coisas não são imediatas e não são bem assim.

A nossa torcida não tem paciência com NADA, imagina com os caras da base? É quase um suicídio.

Fato é que alguma coisa extracampo aconteceu. Alguma perda de vestiário, uma treta com líder do elenco ou algo do gênero. Os jogadores perderam a fome, perderam a garra e o futebol desapareceu. Claro que esse problema extracampo, aliado à falta de elenco, comprometeu todo o trabalho.

O caminho mais simples foi de derrubar o Aguirre. Faz parte, nosso futebol é imediatista e as coisas são como elas são. O que dá para esperar é que venha alguém tarimbado, que consiga lidar com egos de veteranos e, ao mesmo tempo, consiga coloca-los para jogo.

Nomes como Abel Braga e Cuca, tendo em vista a atual situação, me agradam. São caras vitoriosos e com peso, para falar e serem ouvidos. O Jardine, na minha singela opinião, só ficaria se conseguisse algo absurdo, como cinco vitórias nos cinco jogos. E, mesmo assim, correria o risco de ser sabotado, como “parece” que o Aguirre foi.

Eu, realmente, acho que nos apequenamos. Não apostamos mais em nenhuma continuidade, não temos padrão de trabalho e espero que o Raí consiga nos dar um norte. O São Paulo é muito grande para viver sendo manchete de coisa ruim. É triste escrever isso, mas a verdade precisa ser dita. Nos apequenamos.

É isso!

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Abrahão de Oliveira é jornalista, formado pela Universidade Metodista de São Paulo, dono da @spinfoco e são-paulino desde que se conhece por gente. Acredita que os tempos de glória do time voltarão logo e, se não voltarem, torce pela moeda caindo em pé. 

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