Claro que foi o Mirassol, em casa, com quase todo o time titular. Claro que era obrigação vencer o jogo com uma boa margem de gols, afinal, É O MIRASSOL. Era óbvia a cobrança em cima do time para que iniciasse com uma boa vitória, apesar de já termos quebrado um tabu indigesto, de não vencer em estreias de campeonatos paulistas há 4 anos.
Tabu quebrado, atuação promissora. É claro que viemos de uma pré-temporada diferente da maioria dos times daqui. Enfrentamos dois europeus de bom nível, com pouco tempo de preparação física e, na minha opinião, não fizemos feio. Perdemos os jogos? Sim, mas o time alemão jogou muito e vencemos os titulares do Ajax no primeiro tempo (e não sei se vocês viram, mas eles não utilizaram os titulares contra o Flamengo…).
Chegamos de volta ao Brasil, treinamos mais um pouco e entramos sob desconfiança em campo contra o Mirassol. Um primeiro tempo ruim, com direito a gol contra, mas um empate para, pelo menos, deixar a pressão para o segundo tempo. E que segundo tempo!
Podemos pegar vários pontos positivos:
– Físico: o time correu absurdos para o primeiro jogo e, para quem teve a oportunidade, não eram poucos os gritos do Jardine, com o placar decidido, para que os atletas se poupassem e, mais do que isso, ele obedeceu às orientações do Carlinhos Neves, para tirar o Pablo, evitando desgaste desnecessário. Vencemos um time que treinava a mais tempo e mostramos uma bela disposição para correr e batalhar;
– Entrega: o time que esteve em campo não parou de correr em momento algum. Nenhuma bola estava perdia e nenhuma dividia era deixada de lado. Essa disposição, aliada à movimentação do pessoal da frente, gerou diversas oportunidades de gol e, graças a uma boa margem de acertos, conseguimos fazer uma ótima quantidade de tentos;
– Pablo: era o Mirassol, vou repetir, mas consegui tirar algumas coisas de bom da atuação do nosso novo camisa 12. Ele tem uma habilidade que fazia muito tempo que não via em um “camisa 9”: a chegada no primeiro pau. Claro que essa chegada precisa ser treinada, com alguns atletas chamando a atenção da marcação e outros se posicionando para abrir espaço, buscando esse deslocamento do atacante.
Mas ele chega bem e tem um bom desvio, deu para perceber no gol que fez. Ele deu mais duas cabeçadas muito perigosas também que, ao meu ver, mostram essa “skill” bem desenvolvida, o que será muito útil, principalmente em jogos pela Libertadores. Gostei da atuação, movimentação e do gol feito. Mostrou alguma jogada ensaiada, oportunismo e habilidade na bola aérea;
– Nenê: se quiser ficar e jogar, será útil e tem potencial para gerar uma “dor de cabeça boa” ao treinador, que pode buscar alguma forma de escalá-lo junto ao Hernanes. Jogou bem, se movimentou, deu assistência, buscou o jogo, etc. Fez tudo que se espera de um jogador com sua habilidade e talento. Só precisa “descer do salto” e jogar para o time;
– Hudson: Foi o escolhido pelo treinador para chegar à frente. Chegou bem, com perigo e, por incrível que pareça, acertou um lindo chute para marcar. Minha ressalva fica pela seguinte questão: se for para chegar na frente, não é melhor o Liziero? Mas foi uma atuação boa do jogador, vale ressaltar também.
Espero poder vir aqui, semana que vem e trazer mais pontos positivos sobre nossa atuação, quinta-feira agora, contra o Novo Horizontino. É preciso analisar com calma as coisas e ver onde evoluímos e onde regredimos. Adianto que, mesmo com a boa atuação, a lateral direita ainda me preocupa. O Peres “fez um gol contra”, mas se redimiu com um belo segundo tempo. Não é sempre que uma boa atuação encobertará suas falhas que, vale dizer, são muitas.
Se fizemos nossa OBRIGAÇÃO em vencer o Mirassol, nossos rivais começaram mal e nem isso fizeram. Mas deixo essas cornetadas e “zueiras” para vocês. Vamos aos outros temas da coluna de hoje:
Carneiro: Chegou por um valor considerável, algo em torno de três milhões de reais. Jogou pouco, se machucou muito. Foi abraçado pelo clube, que pagou seus tratamentos, ofereceu sua estrutura e, claro, não tirou um centavo do seu salário.
O colocou dentro do planejamento de 2019, apostando em seu potencial. O jogador teve um problema físico nos EUA, não podendo atuar e, por ficar de fora de um coletivo, resolve faltar à concentração antes da partida contra o Mirassol.
São vários pontos que merecem ser observados e destacados. O primeiro deles é o seguinte: até que ponto a atitude do Arrascaeta e do Bruno Henrique, ex-Santos, serviram de inspiração para que os atletas percebessem que por “birra” podem fazer o que quiserem?
Bom, se a situação for essa, os clubes precisarão ser corretos e terem muita coragem: continuar a pagar o salário dos atletas e afasta-los de suas atividades com os elencos principais. Mais do que isso, não fazer o negócio com o clube em que eles querem jogar. Ora…que tipo de país e de esporte é esse em que os atletas ASSINAM seus contratos, mas fazem BIRRA para cumpri-los?
Ou é uma modalidade séria, gerenciada por clubes e entidades sérias, ou virou a farra do boi. A atitude do Raí, em multar o jogador e dar uma “prensa”, foi correta ao meu ver. Em caso de reincidência, que se afaste e deixe apenas treinando, tendo em vista uma conduta inadequada ou entre com uma ação para que o jogador devolva todo o valor investido + a correção monetária do período. Ou nos tornamos uma referência nesse assunto ou os atletas passarão por cima.
Rogério Ceni: Só parabenizar o M1t0 pelo seu aniversário e agradecer por tudo. Com certeza ele contribuiu muito para sermos o São Paulo de hoje. Obrigado por tudo e que siga vitorioso, seja lá onde estiver.
Luan: Pipocaram especulações aí sobre o Luan do Galo no SPFC. Não quero por duas razões: a primeira é que ele já ficou “balançado” com a proposta dos Gambás. Que apodreça por lá. A segunda é que eu acho um jogador TOTALMENTE comum, mas EXTREMAMENTE comum. Não vale aumentar o salário ou dar alguém em troca de um cara desse. Se for para trazer jogador assim, sobe da base.
Acho que é isso!
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Abrahão de Oliveira é jornalista, formado pela Universidade Metodista de São Paulo, dono da @spinfoco e São-Paulino desde que se conhece por gente.