Eu sou Renann e escrevo aqui na SPNET desde 1998 e estou na Europa há 8 anos e pela distância colaboro menos.
Eu ainda estou revoltado com o que aconteceu no jogo Brasil e Croácia, algumas noites de insônia e conversando com a turma em Barcelona, onde vivo e agora na Republica Checa, o sentimento dos não brasileiros se repete.
– Que pena que o Brasil perdeu, era o time que eu estava torcendo.
– Poxa, era o melhor futebol da copa e a Croácia praticamente só defendeu.
Aqui é a SPNET e não CBFNET, então, vamos brincar de um exercício de futurologia com os “nossos” que estavam em campo?
Que falta não fez para os “nossos meninos” jogarem uma Libertadores, não é mesmo? Eles se formaram em Cotia e foram praticamente de fraldas para a Europa, onde o futebol é outro. A turma na Europa joga com força, “box-to-box” e “tik-taka”, um monte de estratégias mas eles não entendem o que é uma bela catimba sudamericana. Sabe aquela Libertadores no Monumental com o planeta caindo na sua cabeça e os argentinos te jogando para fora do estádio com um carrinho nos 5 minutos de jogo e a gente ganha mesmo assim? Pois é. Eles perderam esta etapa.
E nós também.
Dos nossos que estavam lá o Antony foi um dos únicos do plantel todo que mostrou um pouco de “raça libertadores” embora nunca tenha tido a oportunidade de viver o que é o Morumbi num dia sagrado de Libertadores. O Casemiro, com um pouco mais de Libertadores provavelmente nem lembraria do cartão amarelo e voaria na canela do croata. Tomaria o vermelho? Com certeza. Mas agora eu estaria preocupado em quem iria substituir o Casemiro e não escrevendo este texto.
A Europa está remodelando o futebol tem muito tempo, começou quando liberaram mais estrangeiros nas equipes. Antes era isto aqui (https://mobile.twitter.com/donaluciahexa/status/1575272973682057219). Eles se fecharam na liga das nações, preencheram todo o calendário entre eles e estão robotizando o futebol de uma forma assustadora.
Na Europa não se vive o futebol, eles assistem um evento. Eu vejo meus amigos aqui vendo jogos da liga do seus clubes e eu tenho mais emoção ao assistir o jogo do que eles próprios.
A mentalidade da digestão feita pelos nossos últimos presidentes desde Marcelo Portugal, além de estar transformando o nosso clube em um mero coadjuvante no cenário nacional, ainda atrapalha a seleção, dado em vista que nunca ganhamos um mundial sem um jogador do SPFC no elenco.
“Nosso” presidente já falou de investidor estrangeiro, o que foi ridículo porque ele sequer pode fazer isso com o estatuto atual, mas para mudar o estatuto se perpetuando no poder aparentemente os dinossauros tem pulmão. Agora estamos na incerteza sobre a contratação ou não do Wellington Rato, que foi confirmada pelo staff do jogador e negada pelo Atlético Goianiense.
Isso mesmo! Estamos disputando jogador com o Atlético Goianiense.
O São Paulo virou um mero berçário da Europa. Se ontem éramos conhecidos por nossos títulos, hoje aqui nos reconhecem pelos jogadores que literalmente entregamos de bandeja para eles.
A culpa é do jogador? Óbvio que não. Eu faria o mesmo! Ou você ficaria no seu trabalho vendo que não tem chances de crescer porque a direção é amadora recebendo uma oferta melhor?
Que falta que fez para eles uma direção preparada e que falta que fez para nós vermos estes atletas que investimos 10 anos com fotos na parede do Morumbi e não com taxa de solidariedade da FIFA.
Se você aí ainda acha que o problema do São Paulo é o treinador, massagista, médico. Repense e avalie a única constante desde Juvenal Juvêncio até hoje e você encontrará a resposta.
Renann Fortes
Renann é empreendedor, DJ, mora em Berlim e é um SPNauta raiz, tendo ajudado na administração do site durante muitos anos.
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