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Em depoimento para a Comissão Desportiva na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a diretoria do São Paulo não soube explicar como aconteceu o acidente na grade do setor inferior azul do Morumbi, na vitória por 1 a 0 contra o Atlético-MG, pelas quartas de final da Libertadores. A alegação é do deputado estadual Wellington Moura (PRB), que preside a comissão encarregada de investigar o acidente.
A reunião, ocorrida na última quarta-feira, tinha o intuito de esclarecer todos os fatos que aconteceram na noite do dia 11 de maio, quando 25 torcedores caíram no fosso do Morumbi após o guarda-corpo ceder. Para representar o clube foram o advogado do São Paulo, Renato Renatino Santos, e Juliana Carvalho, gerente de comunicação.
Moura afirmou que eles não explicaram como o Morumbi estava apto a receber jogos. “Eu perguntei como o estádio foi aprovado após a perícia do engenheiro Paulo Palmieri Magri, mas eles não souberam me responder”, revelou.
Em defesa, o São Paulo afirmou que já está fazendo um reforço da base do guarda-corpo para evitar que novos problemas ocorram, mas não fizeram menções às causas anteriores ao acidente. De acordo com o deputado, os representantes afirmaram que as questões envolvendo o acidente cabiam à engenharia do clube e que eles não poderiam esclarecer.
Em perícia realizada no dia seguinte ao ocorrido, Edwar Folli Júnior, perito criminal do setor de engenharia do Instituto de Criminalística de São Paulo, afirmou que as grades não suportaram a pressão exercida pela torcida e estavam fragilizadas devido a um processo de corrosão. A vistoria feita pelo engenheiro Paulo Palmieri Magri, citada pelo deputado Moura, apontou em 2015 que alguns pontos do estádio apresentavam ‘situação crítica’, mas nenhum deles está relacionado com o local onde alguns torcedores se feriram. Apesar disso, Magri autorizou a liberação do estádio até 23 de outubro de 2017.
A comissão agora pretende visitar o Morumbi para averiguar a situação atual do estádio. Junto com uma equipe técnica, Wellington Moura quer entender como o local pôde ser liberado para receber torcedores. “Na minha concepção, e com opiniões de técnicos, a assinatura do engenheiro na vistoria, liberando o estádio, foi um erro”, disse. Além do Morumbi, a comissão também deseja fazer visitas a todos os estádios de futebol da cidade de São Paulo.
Versão tricolor
Procurado pela reportagem, Renato Renatino Santos isentou o clube de culpa pela queda das grades, já que as causas do acidente ainda são desconhecidas. O advogado do São Paulo ressaltou que o processo de corrosão na base do guarda-corpo, observado pelo perito Edwar Folli, não foi oficializado em documento, não comprovando ter sido esse o motivo pelo qual 25 pessoas caíram no fosso do Morumbi.
“Não é que não soubemos explicar. Eles não compreenderam. Como vou explicar o acidente se as causas são ainda desconhecidas?”, declarou. Segundo Renato, o estádio está amparado para receber partidas nos laudos técnicos da Falcão Bauer, empresa que presta consultoria na área de engenharia civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, sendo que todos eles já foram encaminhados para o Ministério Público.
Sobre a vistoria realizada em 2015, na qual foram observados alguns pontos do estádio em “situação crítica”, o advogado tricolor disse que o clube já havia feito as adequações necessárias e confirmou que na ocasião o setor inferior azul não apresentava problemas estruturais, tornando a casa são-paulina apta para receber jogos.
O clube acompanhou de perto a recuperação dos torcedores que caíram no fosso após o acidente. Sete foram levados para hospitais e três operados. As despesas foram bancadas pelo clube.