Análise: São Paulo sobrevive a problemas e vai mais forte para a final em Itaquera

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GloboEsporte.com

Alexandre Alliatti

Mesmo sem Liziero, sem Pablo, com Antony debilitado e com Hernanes sem ritmo, Tricolor joga melhor do que o Corinthians no primeiro jogo da decisão do Campeonato Paulista.

O São Paulo teria bons argumentos para justificar uma eventual má atuação no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista, neste domingo, contra o Corinthians. Mas eles não foram necessários. O time sobreviveu a seus problemas e jogou bem, apesar da decepção no placar: um 0 a 0 pouco condizente com a superioridade do time de Cuca no gramado do Morumbi.

A expectativa era por algum resultado que desse conforto para o segundo jogo. Afinal, o desafio é dos grandes: será na casa do adversário, um time mais pronto, com sequência de trabalho. Mas o São Paulo dá sinais de que, com uma semana de treinos pela frente, poderá chegar a Itaquera mais forte do que chegou ao Morumbi. Algumas razões práticas:

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  • O time não teve Pablo, com dores na panturrilha. Se ele conseguir se recuperar até lá, o ataque melhora. E precisa: são três jogos sem fazer gols.
  • Liziero também esteve fora do primeiro jogo, com problema muscular. Sem ele, Cuca teve que mudar a formatação do time e apostar em Gonzalo Carneiro. O volante fará exames para saber se tem chances de voltar ao time em Itaquera.
  • Antony, a melhor via de acesso ao ataque do São Paulo no ano, sentiu fraqueza no clássico. Debilitado, rendeu muito abaixo do que é capaz. Foi uma situação excepcional, que tende a não se repetir no segundo jogo.
  • Hernanes, com mais uma semana de treinos, pode se candidatar a voltar ao time. Ele só teve condições de jogar o segundo tempo neste domingo. Quando entrou, melhorou a equipe, graças a sua evidente superioridade técnica.

São, entre desfalques e fragilidades, quatro peças que dão outro peso ao time. Se já foi bem no primeiro jogo, o São Paulo pode ir melhor no segundo.

Hernanes entra no intervalo e melhora o time no primeiro jogo da final — Foto: Marcos Ribolli

Hernanes entra no intervalo e melhora o time no primeiro jogo da final — Foto: Marcos Ribolli

Como foi

A ausência de Liziero fez Cuca mexer no time. O treinador colocou Gonzalo Carneiro no ataque e formou, atrás dele, uma linha de quatro meias: Antony, Igor Gomes, Everton e Everton Felipe. Eles eram protegidos por Luan (de excelente atuação), e cabia a Everton a maior função de auxílio defensivo ao volante, jogando pelo meio e emulando uma função que já tinha feito nos tempos de Flamengo.

Os números da partida:

Posse de bola: São Paulo 58% x 42% Corinthians
Finalizações: São Paulo 16 x 7 Corinthians
Chances reais de gol: São Paulo 5 x 1 Corinthians
Escanteios: São Paulo 10 x 2 Corinthians
Passes errados: São Paulo 25 x 25 Corinthians

A estratégia permitiu ao São Paulo ter mais volume, mais finalizações, mais chances de gol. Terminou o jogo com 58% de posse, mas esteve acima de 60% em boa parte do jogo. Só não foi para o intervalo na frente porque Cássio fez defesa impressionante em cabeceio de Arboleda (talvez o melhor jogador da partida).

E isso contra um adversário que, não é novidade, soube se proteger. O Corinthians foi competente para evitar a pressão tricolor. Protegido na defesa, obrigou o time de Cuca a ameaçar em bolas aéreas e em chutes de longe. O segundo quesito ganhou força na etapa final, com a entrada de Hernanes no lugar de Carneiro. O Profeta melhorou o time.

Melhores momentos: São Paulo 0 x 0 Corinthians pelo 1º jogo da final do Paulistão

Melhores momentos: São Paulo 0 x 0 Corinthians pelo 1º jogo da final do Paulistão

Como pode ser

Tudo vai depender da recuperação de Liziero e Pablo. Ambos tiveram problemas musculares, o tipo de lesão que mais exige respeito aos prazos de recuperação. Na eventualidade de ambos voltarem, Cuca ganha um luxo: a possibilidade de escolher entre nomes como Everton, Everton Felipe e Hernanes, diferentes entre si, capazes de dar características variadas ao time.

A grande questão para o São Paulo será repetir fora de casa a ambição que vem mostrando em seus domínios. Como Cuca mesmo disse depois do clássico deste domingo, o Corinthians é diferente quando está em Itaquera. Ser diferente, neste caso, é ser menos defensivo, e isso pode até ser interessante para o São Paulo: com um ataque veloz, espaços maiores terão seu valor.

Antony sentiu fraqueza no clássico e conversou com Cuca na saída de campo no intervalo — Foto: Marcos Ribolli

Antony sentiu fraqueza no clássico e conversou com Cuca na saída de campo no intervalo — Foto: Marcos Ribolli

Seja como for, o São Paulo chegará ao último ato do Campeonato Paulista com chances palpáveis de ser campeão – uma realidade que deveria ser recorrente, mas se tornou rara. E que não era lá muito plausível até poucos meses atrás, quando o time não dava esperança de evolução.