Análise: São Paulo mostra postura diferente, mas com pouco do “estilo Diniz” em estreia do técnico

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GloboEsporte

Eduardo Rodrigues

Treinador trabalhou parte psicológica dos atletas e pediu coragem. Conseguiu.

A estreia de Fernando Diniz à frente do São Paulo tinha todos os ingredientes de uma missão ingrata: contra o Flamengo, líder do Brasileirão e com o melhor ataque da competição, em um Maracanã com mais de 67 mil torcedores contra. Diante disso, o empate em 0 a 0 acabou sendo animador.

Anunciado na quinta-feira quase de madrugada, Fernando Diniz teve apenas um dia de treino para preparar a equipe. Sem poder trabalhar muito a parte tática, uma de suas preferências como treinador, ele focou na parte psicológica.

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– A parte tática treinamos alguma coisa ontem, muito pouco. Mas é ter coragem, todo amor pelo São Paulo, para termos chances de vencer o jogo – disse o treinador, segundos antes da bola rolar.

Fernando Diniz, técnico do São Paulo — Foto: Jorge R Jorge/BP Filmes

Fernando Diniz, técnico do São Paulo — Foto: Jorge R Jorge/BP Filmes

E o que pôde ser visto quando a bola rolou foi, realmente, muita coragem dos jogadores do São Paulo. Primeiro porque o time não teve medo de apertar a saída de bola do Flamengo no campo de ataque com Daniel Alves e Pablo bem adiantados.

Segundo porque, nas raras vezes em que teve oportunidade de subir ao ataque, fez com que os volantes e meias espetassem por entre as linha de defesa do Flamengo para ter mais força ofensiva.

Sem a bola, Diniz optou por um 4-1-4-1. Cuca era adepto do 4-3-3.

Repare na imagem abaixo como o São Paulo armou seu primeiro ataque, aos 2 minutos de jogo. O lateral-esquerdo Reinaldo tem a posse da bola, enquanto o volante Tchê Tchê ultrapassa por trás do lateral, Hernanes se arma para chegar ao ataque e o meia Daniel Alves está quase na mesma linha do centroavante Pablo.

Jogadores de meio-campo do São Paulo avançam com os atacantes na tentativa de furar a defesa do Flamengo — Foto: reprodução

Jogadores de meio-campo do São Paulo avançam com os atacantes na tentativa de furar a defesa do Flamengo — Foto: reprodução

Essa ida em bloco ao ataque, porém, foi uma das poucas coisas táticas do estilo Diniz que se viu no duelo do último sábado. O alto número de passes, maior característica do treinador, por exemplo, não foi visto. O São Paulo terminou o jogo com 41% de posse de bolas e apenas 167 passes certos contra 392 do Flamengo.

E se ainda não teve muita parte tática ao gosto do novo comandante, teve muita vontade e organização defensiva. Pressionado, o Tricolor contou com o bom desempenho de seus zagueiros e goleiros e conseguiu segurar o ímpeto Rubro-negro. Teve algumas espanadas na saída de bola, é verdade. Mas o principal objetivo dos defensores – conter os ataques do rival – foi cumprido.

A título de comparação, só no primeiro tempo o São Paulo fez 25 desarmes certos, mais do que o jogo inteiro contra o Botafogo, onde também jogou fora de casa e teve menos posse de bola. A equipe terminou com 44 desarmes certos.

– O time foi muito guerreiro, tiveram coragem, se doaram – disse o treinador ao término da partida.

Pablo disputa bola durante jogo contra o Flamengo — Foto: Jorge R Jorge/BP Filmes

Agora, Fernando Diniz terá uma semana livre de treinos para implementar sua filosofia de jogo. No próximo sábado, às 17h, o Tricolor encara o Fortaleza, no Pacaembu.

É a chance que Diniz tem de mostrar diante do torcedor são-paulino que toda a insegurança de parte da torcida talvez seja exagero.