Grupos querem vice indicado (e não mais eleito) no São Paulo para evitar novo racha Leco x Natel

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GloboEsporte

Marcelo Hazan

Presidente e vice estão rachados desde 2018; conselheiros debatem essa e outras mudanças no estatuto. Presença de Natel em ônibus do time para jogo com Flamengo causa mal-estar.

Grupos de conselheiros do São Paulo querem tornar o vice-presidente um cargo de indicação e não mais eleito numa chapa com o presidente. A ideia seria colocar essa mudança em prática a partir da eleição de dezembro de 2020. O antigo estatuto funcionava dessa maneira: os presidenciáveis apresentavam candidaturas individuais.

Uma das motivações para essa possível mudança no estatuto é evitar um novo racha entre presidente e vice, como ocorre entre Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e Roberto Natel. Os dois foram eleitos juntos, mas têm relação meramente protocolar desde 2018.

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Essa mudança a respeito do vice é uma das propostas de alteração no estatuto debatidas por grupos políticos do São Paulo da situação e do “centrão” (partidos antes oposicionistas e que nos últimos meses se alinharam com a gestão de Leco).

O mais recente episódio envolvendo Natel ocorreu no Rio de Janeiro, no último sábado, quando o vice-presidente acompanhou o time no ônibus rumo ao Maracanã, onde o São Paulo empatou sem gols com o Flamengo. A presença do dirigente rompido com a gestão causou mal-estar e constrangimento, como publicou o “Uol” e confirmou a reportagem do GloboEsporte.com.

Roberto Natel é o atual vice-presidente do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Roberto Natel é o atual vice-presidente do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Questionado sobre a possibilidade de mudança na maneira de decidir o cargo de vice-presidente, Natel afirmou estar sabendo das discussões e se disse totalmente contrário.

– Por que vai tirar essa força do vice-presidente, se o vice não está de acordo com as coisas? Por que vai colocar uma pessoa de vice só para falar “amém”? Acho um absurdo. É voltar para trás. Então tira o vice-presidente de vez. Sou totalmente contra. Acho que o vice tem de ser eleito e ter voz ativa – disse Natel.

Conselheiros favoráveis a essa mudança, no entanto, argumentam que o racha na gestão e episódios como o do Rio de Janeiro seriam evitados, caso o cargo fosse escolhido por uma indicação de confiança do presidente.

Isso porque poderia haver uma troca, caso haja vontade. Por ter sido eleito, o vice-presidente não pode ser destituído, a não ser que haja um processo disciplinar.

Natel participou em setembro de uma reunião organizada pela oposição do São Paulo. O encontro foi convocado com o objetivo de debater possíveis candidatos a presidente para a eleição de 2020.

Outro argumento de conselheiros a favor da mudança é de que sendo indicado o vice-presidente não teria risco de dar um golpe ou trabalhar por um eventual “impeachment”, pois não teria direito de virar presidente. Nesse cenário, novas eleições teriam de ser convocadas.

Sala do Conselho Deliberativo do São Paulo lotada durante a apresentação de Daniel Alves — Foto: Marcos Ribolli

Para que entrem em vigor, as propostas de mudança estatutária precisam ser analisadas por uma comissão do estatuto, votadas no Conselho Deliberativo e aprovadas em uma assembleia geral de sócios. A próxima reunião do Conselho acontecerá neste mês de outubro, mas não está definido quando essas propostas de mudanças estatutárias serão discutidas.

Em dezembro de 2020, o São Paulo elegerá um novo presidente (Leco não poderá tentar a reeleição). Em novembro, haverá eleição no Conselho Deliberativo, a ser composto por 260 cadeiras (hoje são 240), sendo 100 conselheiros eleitos (hoje são 80) e 160 conselheiros vitalícios.